06 junho 2013

Onan ou a arte da masturbação (I)

Apesar de consistir numa das práticas sexuais mais espantosas e avassaladoras, há uma desvalorização deplorável da masturbação, sobretudo da masculina.
A Santa Madre Igreja tem gravíssimas culpas no cartório também em relação a mais esta magnífica actividade sexual. A ameaça de loucura, cegueira, tuberculose e pilosidade invasora da mão que embala o berço, disseminada por toda a Europa ao longo do tempo, produziu, sobretudo no século XIX, os objectos mais deploráveis, sinistros e dolorosos de que há memória, destinados a conter a libido, solitária, dos adolescentes e deu às jovens raparigas as amas tenebrosas que lhes vigiavam o sono durante toda a noite, sentadas e em sentinela, prontas a acordar a vítima se suspeitassem que os sonhos da pobre não eram impolutos e castos.
A masturbação foi arrastada para as esquinas do “desenrasca”. Tornou-se um estratagema rápido, fácil e simples de aliviar tensões e tesões. Perdeu-se a enorme potencialidade de Onan.
Lamentável.
É desconhecido o universo de prazer que a masturbação oferece.
Masturbo os homens quando os dias são difíceis ou quando mo suplicam, depois da primeira experiência, da responsabilidade das minhas mãos. A técnica não é sobrenatural e qualquer um, solitário e excitado, a pode usar sem freio e sem cuidado.
Exige controlo e conhecimento do corpo, mas a constância é a alma do sucesso.
Se ensinar a um macho isolado as boas práticas que aplico aos meus clientes e aos homens dos meus acasos, o resultado é parecido com aquele que se obtém comigo perto.
Comecemos:
O ambiente tem de ser morno, pacífico, repleto de sombra, silencioso e macio. A música ambiente não resulta nos elevadores e é lógico que destrói o que se quer vagaroso e controlado.
Despe-te e deita-te. Procura uma almofada para a cabeça e uma outra para colocares debaixo das nádegas de modo a elevares o pénis e a revelares todo o esplendor dos testículos.
Estende e abre as pernas.
Não precisas, a não ser no início desta aprendizagem, de apelar aos corpos femininos. O teu corpo vai bastar. De olhos fechados e sentidos abertos.
Deixa os teus dedos tocarem nos mamilos. Aperta-os. Sente a ligeira dor descer o ventre, a descer até ao umbigo. Regressa às vezes que quiseres, mas que seja num desses retornos o mergulho dos dedos na tua boca. Chupa-os. Saliva-os. Vais precisar deles encharcados para o passo que se segue.
Levanta as pernas. Encosta as coxas ao tronco. Com uma das mãos acaricia as nádegas. Afasta-as e abre o anûs, devagar. Não tenhas medo, não tens ninguém ao lado. Desce os dedos húmidos e aflora o botão redondo que se oferece. Roda os dedos lentamente, afaga-o, insiste nessa carícia levemente, sente a ligeira rugosidade, o atrito, o formato, o súbito prazer que é tocar-lhe.
Sobe a tua mão. Toca os testículos com o cuidado extremo de quem colhe o orvalho. Percorre com a polpa dos dedos todas as superfícies até sentires que se movem, já acordados. Podes apanhá-los agora, massajá-los devagar. A lentidão é essencial neste momento em que o teu pénis começa a latejar, tentando libertar a glande do capuz.
Desliza a palma da mão pelo corpo do teu pénis. Não o agarres. Tens de te aperceber das veias a pulsar e da ardência que é só dele, não é tua.
Volta aos movimentos anteriores, sempre que sentires que vais morrer de desespero.
Agora. Enrola os dedos no teu sexo já inteiro. Não os movas. Aperta o corpo duro até que seja mais do que sentido o coração a pulsar lá dentro. Desce agora a mão com a lentidão que te enfurece, enlouquece e dói, mas que te inunda de inconsciência boa de doer. Vais descobrir a glande. Deixa-a respirar. Podes soprar-lhe enquanto fazes resvalar a polpa de um só dedo pelas polidas suas superfícies. Contorna o sulco, arrepia-te com o aplanar do freio. Demora-te no freio, como se estivesses a tanger a corda de uma guitarra.
Deves sentir agora a glande a abrir a fenda e a fazer brotar uma linha de gotas transparentes do fluído que te vai lubrificar. Colhe uma gota e prova-a antes de espalhares por toda a glande as que te restaram, com a palma da mão e só com ela.
Passou já meia hora. É tempo de parares. A tua aprendizagem só agora teve início. Controla-te.   
Levanta-te, toma um duche frio, veste-te e sai para a rua. Por hoje não há mais nada para fazer.
Ensino-te o resto quando me disseres que cumpriste o que te disse com rigor.
Agora vou tratar de mim, que me excitaste.   
Camille