Cover de «The Trooper» dos Iron Maiden, por uma banda de tributo formada só por mulheres.
Nunca duas guitarras tocaram tão aconchegadinhas!...
14 julho 2013
Escultura do olhar
Esquadrinhar-me era o seu passatempo favorito e de cortinas afastadas avaliava o meu corpo despido. Traçava a bissectriz das minhas curvas com o indicador levantado a focar a perspectiva e ajeitava-me as mamas como se o calor das suas mãos e o frio da saliva da sua língua compusessem o modelo perfeito.
Media o ângulo exacto do desenho dos meus pêlos púbicos, pintava-os de espuma e depois, em gestos precisos removia-os até nada mais restar que um risco vertical que aplainava a cuspo em pinceladas de língua. Lavava a ponta dos dedos na minha furna enquanto eu lhe enchia os godés das orelhas de água com enzimas e era impossível não estremecer ao contacto do seu escopro latejante nas minhas virilhas.
A intensidade do sol baixava no horizonte enquanto ele prensava o seu corpo contra o meu numa técnica de colagem dos poros mas queixava-se que sem luz nada mais podia fazer e eu, numa recta definida em que lhe agarrei o cinzel e comprimi mais as suas nádegas contra mim, aleguei que não transformasse o momento numa norma da TLEBS já que até de olhos fechados podia vir acabar a pintura, espremendo até à medula a arte que tinha em si.
(Foto © JR, Axis of Symmetry)
13 julho 2013
«respostas a perguntas inexistentes (248)» - bagaço amarelo
É por isso que ansiamos sempre por um qualquer sinal que respire Amor (um toque numa mão, um sorriso transparente, uma palavra suave ou um abraço prolongado) e, assim que ele acontece, ficamos à espera de outro que nunca mais chega. Assim que se sobe às nuvens por uns segundos, cai-se vertiginosamente na terra. De novo.
Quando o Amor perde isto, deixa de ser Amor, ainda que possa ser outra coisa qualquer desigualmente boa, ou desigualmente má. Igual, igual, não há nada.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
12 julho 2013
Capas de revistas recortadas por Christopher Coppers
É de louvar a criatividade, a técnica e a pachorra de Christopher Coppers, que recorta as revistas de uma forma que as deixa com imagens completamente transformadas. Alguns exemplos, dos muitos que estão disponíveis aqui:
11 julho 2013
Experimenta outra forma de ver...
Três filmes («Cadeira», «Espelho» e «Secador») da campanha publicitária da Julyna de prevenção do cancro do colo uterino.
Adolescentes e pornografia: onde está o mal?
No texto «Ados et porno: où est le mal?» do Blog Les 400 Culs, Agnès Giard defende que "o romantismo dengoso é muito mais perigoso do que as representações explícitas de sexo. A cola piegas das novelas, a doçura sistemática dos nossos sonhos é que são os inimigos. No entanto, o que é censurado é o sexo, mesmo quando representado de uma forma inteligente e bonita. Porquê? Porque é preciso «proteger as crianças», dizem os legalistas. Em nome de quê se faz a «protecção à criança»? De uma censura moral para demonizar imagens explícitas (nudez, penetração) culpadas, segundo alguns, pelo impacto negativo sobre esses seres frágeis que são os menores de idade".
Continua a autora: "Se estão preocupados com isso, sabem que o que perturba as crianças é o espectáculo de violência, ou pior, a humilhação a que as submetem nas suas primeiras tentativas para amar os seus corpos e obter prazer? «Não é bom! Caca!» - dizem alguns pais perante um seu pequeno toque inocente. «Não toques aí!» - dizem outros falando sobre a masturbação. Acham que sujar o sexo, associá-lo às fezes e à urina, não são ainda o suficiente. Estas pessoas, não contentes por castrarem os seus próprios filhos, arvoram-se em protectores: querem que a visão das mulheres e/ou homens em busca de prazer seja removida da paisagem. Mesmo os órgãos genitais devem ser censurados. Nunca se sabe, pode traumatizar as crianças saberem a que se assemelha um ser humano".
E alerta: "A recusa de representações explícitas de sexualidade é muito mais um ponto de vista moral e político, o que reflecte uma intolerância no que diz respeito ao sexo pelo sexo. (...) mostrar o acto sexual é considerado pelos conservadores de direita ou de esquerda como um ultraje, uma falta de respeito para com o que deve ser, no seu ponto de vista, a sexualidade: um acto dissimulado no seio do casal".
Agnès Giard apresenta o ponto de vista do filósofo Ruwen Ogień, para quem "a censura é uma palavra enganosa. Em termos de sexualidade, não é «censura» e sim «convicção moral»". Estaria muito mais perto da verdade. Num artigo intitulado «A repressão moral e legal da curiosidade sexual», (...) Ruwen Ogień denuncia "esta censura que se destina, segundo ele, a suprimir o desejo de auto-conhecimento e de conhecer os outros, é uma forma muito insidiosa de «repressão»,porque está escondida sob a aparência de maior credibilidade. Todos os pais temem por seus filhos e este discurso dos censores explora lindamente esse medo". Um tal adolescente teria exigido sexo oral ao seu irmão mais novo, depois de ver pornografia. Uma tal menina, ao chegar a casa no regresso da escola, teria pronunciado palavras terríveis que aprendeu presenciando uma discussão entre adultos...
Ruwen Ogień explica a evolução desta censura: "Basta olhar para a história da censura para entender como estes argumentos são enganosos. Na nossa sociedade, a justificação da punição tem sido religiosa. Representações explícitas minariam algumas virtudes cristãs, como a castidade, a fidelidade, o amor, a caridade. A partir do século XIX, a repressão tornou-se mais secular e moral, isto é, feita em nome do trabalho, da disciplina, da autoridade, da temperança, da família, da casa, etc . Durante a segunda metade do século XX, uma importante mudança ocorreu: a justificação de controle de actividades sexuais e das suas representações deixou de ser dada com referência a estes conceitos abstractos que são as virtudes religiosas e os valores morais. Foi nessa época que seria imposta a ideia de que apenas o dano concreto, o dano psicológico ou físico para indivíduos particulares ou grupos específicos de pessoas (crianças, mulheres, crentes, etc.) poderia servir para justificar o controlo da actividade sexual e as suas representações".
Por outras palavras, "se houver censura, é apenas para justificar o fundamento antigo da moral religiosa. E essa censura, para sobreviver,para se adaptar às mudanças na consciência colectiva, continua a travestir-se da forma mais convincente em nome do interesse apresentado como legítimo: o bem público. Dois séculos atrás, as imagens obscenas foram consideradas «blasfemas», «sacrilégio», «ultrajantes» ou «subversivas» porque ameaçariam a ordem moral ou religiosa. Hoje, são consideradas «prejudiciais para a integridade física ou psicológica de pessoas ou grupos de pessoas claramente identificados: crianças, católicos praticantes, etc. O vocabulário mudou. Mas é sempre a mesma lógica".
Num artigo intitulado «Adolescentes e pornografia», Florian Voros disseca com ironia os mecanismos perversos dessa retórica infantilizadora: "Foi infelizmente impossível, com a mudança de civilização, manter sob tutela o «sexo frágil», o «proletariado» ou os «negros». Assim, aos censores não restam mais que as crianças para serem protegidas".
Mas o que é exactamente a lei? É aqui que Ruwen Ogień observa uma inconsistência curiosa: "Em França, hoje em dia, o consentimento é considerado o único critério sobre o que são práticas sexuais legais ou ilegais. Mas a idade em que os menores têm capacidade legal para consentimento é uma ficção legal que não leva em conta nem a sua capacidade mental nem os seus verdadeiros desejos, que são tão variados quanto os indivíduos. Agora assume-se a idade de 15 anos, mas pode ser aumentada ou reduzida de forma arbitrária. No entanto, mesmo que 15 seja a idade de consentimento, isto é, aquela em que pode fazer tudo, sexo oral e anal em série incluídos, ainda é proibido de assistir a filmes pornográficos representando os actos praticados até a idade de 18 anos. Aquele que não controlar exibições de filmes a menores nesta faixa etária deve, em princípio, ser punido por abuso em nome da protecção da criança. Por outras palavras, a partir dos 15 anos temos o direito de fazer qualquer coisa sexualmente consensual entre os jovens, mas não temos o direito de ver um filme. Mas de que queremos exactamente proteger os jovens por esta censura? O mínimo que podemos dizer é que não é consistente. Não só esta lei é inconsistente mas absurda, porque é obviamente muito fácil para um adolescente obter essas revistas ou DVD que a lei o proíbe de ver". E questiona: "Devemos preocupar-nos? Muitos pais temem que os seus filhos possam ficar com uma visão mecânica do sexo". Do sexo sem amor, que eles acham que é muito triste, "esquecendo que isto é precisamente o que dá todo o interesse à pornografia: deve ser vista como uma espécie de documentário-ficção. Sem argumento, sem diálogo ou, se houver, muito pouco. O acto mostrado como se fosse à lupa, com alguma ênfase talvez um pouco clínica... e então? A pornografia não é mais perigosa para a saúde mental do que os desenhos em corte do aparelho genital, seja do ser humano ou das flores, pouco importa. Pelo menos tem a vantagem (em comparação com as ciências naturais) de ser excitante, ou pelo menos transgressora. A pornografia não é mais do que uma ferramenta, entre outras, ao serviço do conhecimento. E quando o porno não existia, havia outras maneiras de as pessoas se informarem... O que fizeram os nossos avós quando tinham 12, 14 ou 16 anos? Assistiam a pares que faziam amor no feno? Observavam a vida dos animais? Liam às escondidas livros proibidos? Sim, é mais do que provável e essas experiências não eram nem mais nem menos preocupantes do que as que consistem em assistir a um filme XXX".
Agnès Giard conclui: "Ver o sexo faz parte das necessidades, sobretudo numa idade em que se descobre o seu corpo". E é por isso que Ruwen Ogień diz que há uma e uma só pergunta que vale a pena ser feita, que é: «Qual é o mal?» "Se toda a influência da pornografia se resume a esta forma de relação consigo mesmo, como pode ser «imoral» ou «patológica»? O acto de depilar o púbis ou os testículos é um sinal de doença mental ou de um vício moral que é urgente combater?! A angústia sobre o tamanho do pénis ou do desempenho sexual apareceram com a primeira exibição de um filme porno no cinema?! Quais as evidências de que a sexualidade dos jovens sob a influência da pornografia é pior do que a dos jovens de antigamente, que supostamente nada sofreu?! Pode-se certamente criticar a estética porno, achá-la feia ou ridícula (e nem todos concordam quanto a este assunto). Mas por que fazê-la responsável por males psicológicos ou morais?!"
Texto «Ados et porno: où est le mal?» de Agnès Giard
com tradução livre minha
Continua a autora: "Se estão preocupados com isso, sabem que o que perturba as crianças é o espectáculo de violência, ou pior, a humilhação a que as submetem nas suas primeiras tentativas para amar os seus corpos e obter prazer? «Não é bom! Caca!» - dizem alguns pais perante um seu pequeno toque inocente. «Não toques aí!» - dizem outros falando sobre a masturbação. Acham que sujar o sexo, associá-lo às fezes e à urina, não são ainda o suficiente. Estas pessoas, não contentes por castrarem os seus próprios filhos, arvoram-se em protectores: querem que a visão das mulheres e/ou homens em busca de prazer seja removida da paisagem. Mesmo os órgãos genitais devem ser censurados. Nunca se sabe, pode traumatizar as crianças saberem a que se assemelha um ser humano".
E alerta: "A recusa de representações explícitas de sexualidade é muito mais um ponto de vista moral e político, o que reflecte uma intolerância no que diz respeito ao sexo pelo sexo. (...) mostrar o acto sexual é considerado pelos conservadores de direita ou de esquerda como um ultraje, uma falta de respeito para com o que deve ser, no seu ponto de vista, a sexualidade: um acto dissimulado no seio do casal".
Agnès Giard apresenta o ponto de vista do filósofo Ruwen Ogień, para quem "a censura é uma palavra enganosa. Em termos de sexualidade, não é «censura» e sim «convicção moral»". Estaria muito mais perto da verdade. Num artigo intitulado «A repressão moral e legal da curiosidade sexual», (...) Ruwen Ogień denuncia "esta censura que se destina, segundo ele, a suprimir o desejo de auto-conhecimento e de conhecer os outros, é uma forma muito insidiosa de «repressão»,porque está escondida sob a aparência de maior credibilidade. Todos os pais temem por seus filhos e este discurso dos censores explora lindamente esse medo". Um tal adolescente teria exigido sexo oral ao seu irmão mais novo, depois de ver pornografia. Uma tal menina, ao chegar a casa no regresso da escola, teria pronunciado palavras terríveis que aprendeu presenciando uma discussão entre adultos...
Ruwen Ogień explica a evolução desta censura: "Basta olhar para a história da censura para entender como estes argumentos são enganosos. Na nossa sociedade, a justificação da punição tem sido religiosa. Representações explícitas minariam algumas virtudes cristãs, como a castidade, a fidelidade, o amor, a caridade. A partir do século XIX, a repressão tornou-se mais secular e moral, isto é, feita em nome do trabalho, da disciplina, da autoridade, da temperança, da família, da casa, etc . Durante a segunda metade do século XX, uma importante mudança ocorreu: a justificação de controle de actividades sexuais e das suas representações deixou de ser dada com referência a estes conceitos abstractos que são as virtudes religiosas e os valores morais. Foi nessa época que seria imposta a ideia de que apenas o dano concreto, o dano psicológico ou físico para indivíduos particulares ou grupos específicos de pessoas (crianças, mulheres, crentes, etc.) poderia servir para justificar o controlo da actividade sexual e as suas representações".
Por outras palavras, "se houver censura, é apenas para justificar o fundamento antigo da moral religiosa. E essa censura, para sobreviver,para se adaptar às mudanças na consciência colectiva, continua a travestir-se da forma mais convincente em nome do interesse apresentado como legítimo: o bem público. Dois séculos atrás, as imagens obscenas foram consideradas «blasfemas», «sacrilégio», «ultrajantes» ou «subversivas» porque ameaçariam a ordem moral ou religiosa. Hoje, são consideradas «prejudiciais para a integridade física ou psicológica de pessoas ou grupos de pessoas claramente identificados: crianças, católicos praticantes, etc. O vocabulário mudou. Mas é sempre a mesma lógica".
Num artigo intitulado «Adolescentes e pornografia», Florian Voros disseca com ironia os mecanismos perversos dessa retórica infantilizadora: "Foi infelizmente impossível, com a mudança de civilização, manter sob tutela o «sexo frágil», o «proletariado» ou os «negros». Assim, aos censores não restam mais que as crianças para serem protegidas".
Mas o que é exactamente a lei? É aqui que Ruwen Ogień observa uma inconsistência curiosa: "Em França, hoje em dia, o consentimento é considerado o único critério sobre o que são práticas sexuais legais ou ilegais. Mas a idade em que os menores têm capacidade legal para consentimento é uma ficção legal que não leva em conta nem a sua capacidade mental nem os seus verdadeiros desejos, que são tão variados quanto os indivíduos. Agora assume-se a idade de 15 anos, mas pode ser aumentada ou reduzida de forma arbitrária. No entanto, mesmo que 15 seja a idade de consentimento, isto é, aquela em que pode fazer tudo, sexo oral e anal em série incluídos, ainda é proibido de assistir a filmes pornográficos representando os actos praticados até a idade de 18 anos. Aquele que não controlar exibições de filmes a menores nesta faixa etária deve, em princípio, ser punido por abuso em nome da protecção da criança. Por outras palavras, a partir dos 15 anos temos o direito de fazer qualquer coisa sexualmente consensual entre os jovens, mas não temos o direito de ver um filme. Mas de que queremos exactamente proteger os jovens por esta censura? O mínimo que podemos dizer é que não é consistente. Não só esta lei é inconsistente mas absurda, porque é obviamente muito fácil para um adolescente obter essas revistas ou DVD que a lei o proíbe de ver". E questiona: "Devemos preocupar-nos? Muitos pais temem que os seus filhos possam ficar com uma visão mecânica do sexo". Do sexo sem amor, que eles acham que é muito triste, "esquecendo que isto é precisamente o que dá todo o interesse à pornografia: deve ser vista como uma espécie de documentário-ficção. Sem argumento, sem diálogo ou, se houver, muito pouco. O acto mostrado como se fosse à lupa, com alguma ênfase talvez um pouco clínica... e então? A pornografia não é mais perigosa para a saúde mental do que os desenhos em corte do aparelho genital, seja do ser humano ou das flores, pouco importa. Pelo menos tem a vantagem (em comparação com as ciências naturais) de ser excitante, ou pelo menos transgressora. A pornografia não é mais do que uma ferramenta, entre outras, ao serviço do conhecimento. E quando o porno não existia, havia outras maneiras de as pessoas se informarem... O que fizeram os nossos avós quando tinham 12, 14 ou 16 anos? Assistiam a pares que faziam amor no feno? Observavam a vida dos animais? Liam às escondidas livros proibidos? Sim, é mais do que provável e essas experiências não eram nem mais nem menos preocupantes do que as que consistem em assistir a um filme XXX".
Agnès Giard conclui: "Ver o sexo faz parte das necessidades, sobretudo numa idade em que se descobre o seu corpo". E é por isso que Ruwen Ogień diz que há uma e uma só pergunta que vale a pena ser feita, que é: «Qual é o mal?» "Se toda a influência da pornografia se resume a esta forma de relação consigo mesmo, como pode ser «imoral» ou «patológica»? O acto de depilar o púbis ou os testículos é um sinal de doença mental ou de um vício moral que é urgente combater?! A angústia sobre o tamanho do pénis ou do desempenho sexual apareceram com a primeira exibição de um filme porno no cinema?! Quais as evidências de que a sexualidade dos jovens sob a influência da pornografia é pior do que a dos jovens de antigamente, que supostamente nada sofreu?! Pode-se certamente criticar a estética porno, achá-la feia ou ridícula (e nem todos concordam quanto a este assunto). Mas por que fazê-la responsável por males psicológicos ou morais?!"
Texto «Ados et porno: où est le mal?» de Agnès Giard
com tradução livre minha
Amor... com amor...
Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
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