21 julho 2013

Epígrafe

(ou porque as letras também se despem)


Quando há para aí resmas e resmas de gajos que colocam a epígrafe no frontispício das calças perante a visão de uma lingerie preta e uns cabelos apenas a orlar o rosto, havia logo de me tocar um que assim não é. E uma gaja já não está habituada a que os gajos não sejam previsíveis.

Este deve ter uma omoite aguda ou então é accionista de uma multinacional de lexívias já que arrebita com lingerie branca o que é uma maçada das antigas porque não realça o meu tom de pele que nasci branca e nem gosto de torrar ao sol e tenho o ar daquelas mulheres dos postais de mil novecentos e vinte e caramba, prefiro mesmo a lingerie escura e acetinada.

O meu cabelinho à Betty Boop também não ajuda à função e apesar disso irrita-me que os cabelos se colem ao cachaço a fazer camadas e a impedir-me de sentir a suavidade e o calor da pele de outras mãos no pescoço para já não falar quando se interpõem entre os bicos dos meus mamilos e a boca do outro, tanto mais que tenho para mim que o cabelo a tapar o frio das orelhas basta.

E perante estas minhas dificuldades de polivalência para encarnar a personagem da fantasia dele ou lavar as minhas e pô-las a secar, subscrevi-me amavelmente com os melhores cumprimentos , também pessoais e encerrei este ofício.


«Olhares de Coimbra» - por Rui Felício


Foi há muitos anos, fins de Maio..., mas não esqueço... Meio da tarde, sol abrasador, entro no Mandarim para saciar a sede.
Logo que entro, em frente, reparo numa miúda sozinha numa mesa com um copo de laranjada à sua frente.Procuro um lugar do lado oposto e peço um fino.
Observo que a sala estava quase cheia, muitos de capa e batina, livros espalhados pelas mesas. Ela contrastava pela quietude, pela calma, pelos olhos verdes, melancólicos.Enquanto aguardo para ser atendido, tento evitar, mas não consigo resistir a procurá-la com o olhar, por entre a azáfama constante de estudantes a entrar e a sair.Quando os nossos olhares se cruzaram, dissimulámos ao mesmo tempo.Ela desviou o olhar em direcção à parede como quem admira os azulejos do Vasco Berardo, e eu a partir desse momento, encantado com a beleza do seu rosto não consigo mais desviar, embora disfarçando, o meu olhar da sua direcção.

Por várias vezes os nossos olhares se cruzaram.

Criou-se entre nós uma emoção incontida da qual eu e ela éramos cúmplices, sem que mais ninguém o soubesse.O tempo foi passando, quando de repente chamou o empregado e pediu a conta.Ficou em pé, junto ao balcão, esperando pelo troco, entre o sol que entrava pela porta e o meu olhar.Observo a sua silhueta perfeita, coada pela luz solar, sob um vestido leve que contornava as suas formas e parecia acariciar-lhe o corpo. O cabelo dourado reflectia os raios do sol.Com delicadeza e elegância dirige-se para a porta, corre o olhar deixando-o fixar-se por um segundo no meu e sai.Lentamente desaparece na rua...Permaneço no meu lugar, estático, indeciso, a pensar no sublime momento acontecido.Outras pessoas foram chegando, mas já não havia motivo para eu permanecer ali.Saí também. Corri a Praça da República com o olhar, a Sá da Bandeira a Tenente Valadim, mas nem rasto dela...

Uns meses depois vi-a na Praça 8 de Maio a um domingo de manhã...Vinha acompanhada da sua irmã gémea e de um casal que pareciam ser os seus pais, a sair da Igreja de Santa Cruz.Uma das gémeas olhou-me, sorriu levemente..Era ela, porque a outra nem me notou...Durante algumas semanas fui à Igreja de Santa Cruz, ao domingo, mas nunca mais a vi. Até hoje...

Mas não esqueço...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Imagem - parte do painel de azulejos de Vasco Berardo (1960) no café «Mandarim» (agora «McDonald's»), na Praça da República, em Coimbra.

Postalinho vadio

"Cerveja Artesanal «Vadia», produzida por Essência D'Alma, Lda - Rua de Selores, 353 - 3720-191 Ossela, Oliveira de Azeméis.
Esta é a de trigo. Mas há mais versões.
Dizem-me que esta malta tem uma carrinha de distribuição com a figura da gaja de um dos lados. E que há uma data de mulheres que se coloca lá ao lado para tirar fotos. Ou seja, aparecem na pose da gaja e surge o nome «Vadia»."
Marco António

20 julho 2013

Homens, aprendam! - «Qual seria a sua desculpa para não me beijar?»

«conversa 2002» - bagaço amarelo

Ela - Já nem me lembro da última vez que me apaixonei...
Eu - Não?! Eu lembro-me das vezes todas que me apaixonei. Desde a escola primária até aos dias de hoje...
Ela - Sim, também me lembro. O que eu queria dizer é que já não me apaixono há anos.
Eu - Ah!
Ela - Os homens com que me tenho cruzado parecem-me desenxabidos. Não sei explicar muito bem... mas não há nenhum que me interesse.
Eu - Hum... e tens conhecido muitos?
Ela - Na verdade quase nem saio de casa, a não ser contigo uma vez por outra.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Casal abraçado

Estatueta em metal com base em acrílico.
Origem desconhecida... mas fica muito bem na minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Sexo»



Um sábado qualquer...

19 julho 2013

Sleepchamber - «Kiss The Whip» (ao vivo) [beija o chicote]


SLEEPCHAMBER~ "Kiss The Whip" (Live) from JOHN ZEWIZZ on Vimeo.

«Déjà Sue» - Patife

Era mais bonita que as outras e isso, de certa forma, mexeu comigo. Não tanto como o seu ganda par da mamas ou os lábios a prometerem chupalhanço da corneta ao modo dos anos 80. Mas mexeu. Eu também mexi, mas isso foi depois. Primeiro meti conversa. Sou um tipo educado e sei perfeitamente que é de mau tom começar a mexericar-lhes no berbigão antes de trocar umas palavrinhas de cortesia social. Elas tendem a ligar a essas convenções e eu respeito. Não percebo a necessidade, é certo. Mas respeito. Chamava-se Sue e era holandesa. Fornicámos há 15 anos mas lembro-me como se tivesse sido há 15 minutos. E foi dos momentos mais bonitos da minha picha. Ontem encontrei uma rapariga que pinava exactamente da mesma forma que a Sue. Tinha idêntica técnica superior de abocanhamento da lentrisca, a mesma profundeza de olhar e uma pachachinha tão ou mais ginasticada que a da terra tulipas. E até fez semelhante expressão naquele segundo que antecede a avalanche orgástica, precedida de um gemidinho repleto de graciosidade. Foi uma queca que me deu uma sensação de Déjà Sue. Que no minuto a seguir passou a Déjà Cu. E só por isso, foi cu cá cu lá pela noite dentro.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Quisto não é só crise no pilim!

Todos para a rua exigir uma revolução nos métodos de mamografia e de exame à próstata, já!

Pura sedução

Se prometer, tem que cumprir.



Quero passear, não quero médico.

Capinaremos.com

18 julho 2013

Mais forte (e prático, pelos vistos) que o Viagra

Adolescentes e pornografia - a opinião dos visitos

A propósito do texto «Adolescentes e pornografia: onde está o mal?», de Agnès Giard e traduzido por mim, tivemos estes comentários:

"Não creio que o problema se trate da moral religiosa, da estética, e sim de se ter a maturidade suficiente para ver a pornografia e saber distinguir o que se vê nos filmes da realidade, o que duvido que um adolescente consiga, quando há muitos adultos que não conseguem.
O crescimento sexual, respeito pelo outro, educação, maturidade e responsabilidade levam o seu tempo a adquirir e bem sabemos que os adolescentes em regra geral não possuem nenhuma destas qualidades.
O mal na pornografia é nas mentes que não estão prontas a distinguir que as cenas de violação, seja em grupo ou não é apenas uma encenação e não pode ser visto como uma possibilidade da realidade e que realmente as mulheres gostam de serem violadas.
Distinguir que as mulheres que nas cenas usam totós, roupa de menina de escola e estão depiladinhas são realmente mulheres adultas e não crianças.
E há que ver que ao contrário de antigamente, por exemplo anos 80, a pornografia mudou muito [infelizmente, o texto ficou truncado a partir de aqui]"
Pedro Ferreira

"Interessante o tema e o seu tratamento. Valeu bem a pena o teu esforço de tradução!
Na verdade, a violência e esta associada à sexualidade, essas sim são perniciosas no desenvolvimento harmonioso de qualquer ser humano.
Dos filmes ditos pornográficos, o que pode lamentar-se é, em tantos casos, a sua idiotia argumentativa - que como qualquer outra pode atrofiar os cérebros, mesmo os dos adultos.
Quanto ao resto, haja pais ou educadores ou tutores que acompanhem, formativamente, como lhes é devido, os tais «menores»... e nada será tabu. O resto é hipocrisia e, como se diz no texto, resulta em castração e criação de frustrados, recalcados e coleccionadores de ressentimentos - o que não é nada salutar para a espécie humana."
OrCa

"A pornografia....
Ça n'existe pas.
A noção de pornografia não existia na Antiguidade onde a iniciação sexual era celebrada em grandes festividades com carácter em simultâneo lúdico e religioso. As representações do sexo eram normais em todos os locais públicos e privados e o erotismo era plano e aberto estando presente na vasta mitologia.
O que há na pornografia é precisamente o atavismo humano para transgredir as regras que ele próprio cria.
Dito de outro modo: à medida que o Homem atribuía cada vez mais um carácter sagrado ao sexo, este ia-se tornando mais e mais digno de especial veneração e respeito até ao ponto da sua inefabilidade, o que conduz a prazo, pela rotação de valores, à diabolização do seu símbolo. Ao diabolizar o sexo -tornado pecado original pela corrente religiosa dominante- a pulsão que determina todo o comportamento humano, sofre necessariamente as distorções de que a pornografia é apenas uma das suas manifestações mais perturbante. É sem dúvida uma forma de arte baseada na necessidade de transgressão: fosse o sexo visto de forma aberta e jamais faria qualquer sentido. Apenas esta noção separa a pornografia do erotismo."
Charlie