23 julho 2013

Gárgulas eróticas do Mosteiro da Batalha

Já tinha visitado tantas vezes o Mosteiro da Batalha, um monumento que adoro...
Desta vez, numa loja de artesanato junto ao Mosteiro património da humanidade, encontrei uma série de ímans de frigorífico com réplicas de gárgulas do Mosteiro. E, entre essas, havia esta, que comprei para a minha colecção:





Tive que dar uma volta a todo o monumento para localizar esta gárgula. E lá está ela, junto à entrada principal, do lado direito:



Continuei a pesquisa e, do lado oposto (junto às capelas imperfeitas) encontrei esta maravilha, um animal a segurar num falo erecto:



... e como não há duas sem três, apreciem bem esta mulher, com os seios expostos por aberturas no vestido, também junto às capelas imperfeitas. Alguém me sabe dizer o que esta mulher, com as mãos nos joelhos, está a fazer?



Depois desta descoberta, ainda fiquei a gostar mais do Mosteiro da Batalha!

22 julho 2013

Fundaseno - «Consulta no médico»

«conversa 2003» - bagaço amarelo

Ela - Hoje apetece-me ter sexo.
Eu - Caramba! Dizes-me isso assim, porquê?
Ela - Desculpa. Estava a pensar alto. Acho que vou mandar uma mensagem ao meu namorado.
Eu - A dizer que hoje te apetece ter sexo?
Ela - Sim. É que quase nunca me apetece e ele anda um bocado chateado, mas hoje apetece-me.
Eu (silêncio)
Ela - Na verdade até anda amuado


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «Amor em visita» de Herberto Hélder

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra
e seu arbusto de sangue. Com ela
encantarei a noite.
Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.
Seus ombros beijarei, a pedra pequena
do sorriso de um momento.
Mulher quase incriada, mas com a gravidade
de dois seios, com o peso lúbrico e triste
da boca. Seus ombros beijarei.

Cantar? Longamente cantar.
Uma mulher com quem beber e morrer.
Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave
o atravessar trespassada por um grito marítimo
e o pão for invadido pelas ondas,
seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes.
Ele – imagem inacessível e casta de um certo pensamento
de alegria e de impudor.

Seu corpo arderá para mim
sobre um lençol mordido por flores com água.
Em cada mulher existe uma morte silenciosa.
E enquanto o dorso imagina, sob nossos dedos,
os bordões da melodia,
a morte sobe pelos dedos navega o sangue,
desfaz-se em embriaguez dentro do coração faminto.
- Ó cabra no vento e na urze, mulher nua sob
as mãos, mulher de ventre escarlate onde o sal põe o espírito,
mulher de pés no branco, transportadora
da morte e da alegria.

Dai-me uma mulher tão nova como a resina
e o cheiro da terra.
Com uma flecha em meu flanco, cantarei.
E enquanto manar de minha carne uma videira de sangue,
cantarei seu sorriso ardendo,
suas mamas de pura substância,
a curva quente dos cabelos.
Beberei sua boca, para depois cantar a morte
e a alegria da morte.

Dai-me um torso dobrado pela música, um ligeiro
pescoço de planta,
onde uma chama comece a florir o espírito.
A tona da sua face se moverão as águas.
Dentro da sua face estará a pedra da noite.
- Então cantarei a exaltante alegria da morte.

Nem sempre me incendeia o acordar das ervas e a estrela
despenhada de sua órbita viva.
- Porém, tu sempre me incendeias.
Esqueço o arbusto impregnado de silêncio diurno, a noite
Imagem pungente
com seu deus esmagado e ascendido.
- Porém, não te esquecem meus corações de sal e de brandura.
Entontece meu hálito com a sombra
e tua boca penetra a minha voz como a espada
se perde no arco.
E quando gela a mãe em sua distância amarga, a lua
estiola, a paisagem regressa ao ventre, o tempo
se desfibra – invento para ti a música, a loucura
e o mar.

Toco o peso da rua vida: a carne que fulge, o sorriso,
a inspiração.
E eu sei que cercaste os pensamentos com mesa e harpa.
Vou para ti com a beleza partida,
os ombros violados,
o sangue penetrado de paredes nuas.
Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar.
Teus olhos se transfiguram, tuas mãos descobrem
o sumo da minha face. Agarro ‘tua cabeça
áspera e luminosa, e digo: ouves, meu amor?, eu sou
aquilo que se espera para as coisas, para o tempo-
eu sou a beleza.
Inteira, tua vida o deseja. Para mim se erguem
teus olhos de longe. Tu própria me duras em minha velada beleza.
Então me sento à tua mesa. Porque é de ti
que me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua sombra e loucura,
não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa, descerras na vastidão da terra
a carne transcendente. E em ‘ti
principiam o mar e o mundo.

Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas crescerem como religião
sobre a vida – e eu nisso demorei
meu frágil instante. Porém,
teu silêncio de fogo e leite repõe a força
maternal. E tudo circula entre teu sopro
e teu amor. As coisas nascem de ti
como as luas nascem dos campos fecundos,
os instantes começam da tua oferenda
como as guitarras tiram seu início da música nocturna.

Mais inocente que as árvores, mais vasta
que a pedra e a morte,
a carne cresce em seu espírito cego e abstracto,
tinge a aurora pobre,
insiste de violência a imobilidade aquática.
E os astros quebram-se em luz sobre
as casas, a cidade arrebata-se,
os bichos erguem seus olhos dementes,
arde a madeira – para que tudo cante
por teu poder angélico e fechado.
Com minha face cheia de teu espanto e beleza,
eu sei quanto és o íntimo pudor
e a água inicial de outros sentidos.

Começa o tempo onde a mulher começa,
é sua carne que do minuto obscuro e morto
se devolve à luz.
Na morte referve o vinho, e a promessa tinge as pálpebras
com uma Imagem.
Espero o tempo com a face espantada junto ao
teu peito de sal e de silêncio, concebo para minha serenidade
uma ideia de pedra e de brancura.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves,
que te alimentas de desejos puros.
E une-se ao vento o espírito, rarefaz-se a auréola,
a sombra canta baixo.
Começa o tempo onde a boca se desfaz na lua,
onde a beleza que transportas como um peso árduo
se quebra em glória junto ao meu flanco
martirizado e vivo.
- Para consagração da noite erguerei um violino,
beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada
darei minha voz confundida com a tua.
Oh teoria de instintos, dom de inocência,
taça para beber junto à perturbada intimidade
em que me acolhes!

Começa o tempo na insuportável ternura
com que te adivinho, o tempo onde
a vária dor envolve o barro e a estrela, onde
o encanto liga a ave ao trevo. E em sua medida
ingénua e cara, o que pressente o coração
engasta seu contorno de lume ao longe.
Bom será o tempo, bom será o espírito,
boa será nossa carne presa e morosa.
- Começa o tempo onde se une a vida
à nossa gratidão.

Felizmente estás na pedra e a pedra em mim, ó urna
salina, imagem fechada ,em sua pungência e castidade!
E o que se perde de ti, como espírito de música estiolado
em torno das violas, a morte que não beijo,
a erva incendiada que se derrama na íntima noite,
- o que se perde de ti minha voz o renova
num estilo de angústia e prata viva.

Quando o fruto empolga um instante a eternidade
inteira, eu estou no fruto como sol
e desfeita pedra. E tu és o silêncio, a cerrada
matriz de sumo e vivo gosto.
- E as aves morrem para nós, os luminosos cálices
das nuvens florescem, a resina tinge
a estrela, o aroma distancia o barro vermelho da manhã.
E estás em mim, como a flor na ideia
e o livro no espaço triste.

Se te aprendessem minhas mãos, forma do vento
na cevada pura, de ti viriam cheias
minhas mãos sem nada. Se uma vida dormisses
em minha espuma,
que frescura indecisa ficaria no meu sorriso?
- No entanto és tu que te moverás na matéria
da minha boca. E serás uma árvore
dormindo e acordando onde existe o meu sangue.

Beijar teus olhos será morrer pela esperança.
Ver no arco de fogo de uma entrega
tua carne de vinho roçada pelo espírito de Deus
será criar-lhe para luz dos meus pulsos e instante
do meu perpétuo instante.
- Eu devo rasgar minha face, para que a tua
se encha de um minuto sobrenatural.
Devo murmurar cada coisa do mundo
até que sejas o incêndio da minha voz.

As águas que um dia nasceram onde marcaste o peso
jovem da carne aspiram longamente
a nossa vida. As sombras que rodeiam
o êxtase, os bichos que levam ao fim do instinto
seu bárbaro fulgor, o rosto divino
impresso no lodo, a casa morta, a montanha
inspirada, o mar, os centauros
do crepúsculo,
- aspiram longamente a nossa vida.

Por isso é que estamos morrendo na boca
um do outro. Por isso é que
nos desfazemos no arco do verão, no pensamento
da brisa, no sorriso deserto, no peixe,
no cubo, no linho,
no mosto,
- no amor mais impossível do que a vida.

Beijo o degrau e o espaço. O meu desejo traz
o perfume da tua noite.
Murmuro os teus cabelos e o teu ventre, ó mais nua
e branca das mulheres. Corre em mim o lacre
e a cânfora, descubro tuas mãos, ergue-se tua boca
ao círculo de meu ardente pensamento.
Onde estará o mar? Aves bêbedas e puras que voam
sobre o teu sorriso imenso.

Em cada espasmo eu morrerei contigo.
E eu peço ao vento: traz do espaço a luz inocente
das urzes, um silêncio, uma palavra;
traz da montanha um pássaro de resina, uma lua
vermelha.
Ó amados cavalos com flor de giesta nos olhos novos,
casa de madeira do planalto,
rios imaginados,
espadas, danças, superstições, cânticos, coisas
maravilhosas da noite. Ó meu amor,
em cada espasmo eu morrerei contigo.

De meu recente coração a vida inteira sobe,
o povo renasce,
tempo ganha a alma. Meu desejo devora
a flor do vinho, envolve tuas ancas com uma espuma
de crepúsculos e crateras.
Ó pensada corola de linho, mulher que a fome
encanta pela noite equilibrada, inponderável-
em cada espasmo eu morrerei comigo.

E à alegria diurna descerro as mãos. Perde-se
entre a nuvem e o arbusto o cheiro acre e puro
da tua entrega. Bichos inclinam-se
para dentro do sono, levantam-se rosas respirando
contra o ar. Tua voz canta
horto e a água – e eu caminho pelas ruas frias com
lento desejo do teu corpo.
Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo
eu morrerei contigo.

Herberto Hélder
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Aparelho de entrar nos sonhos dos outros

Um aparelho bacana e coisa e tal, mas…



Pô amigo, não pensou direito nessa.

Capinaremos.com

21 julho 2013

«The Seven Sisters» (as sete irmãs)

"Visão erótica dos sete pecados mortais"

projecterosion.com
com Elena Bathory
Música de The Null Collective - «On the 7th Day»


The Seven Sisters from Starflower Media on Vimeo.

Epígrafe

(ou porque as letras também se despem)


Quando há para aí resmas e resmas de gajos que colocam a epígrafe no frontispício das calças perante a visão de uma lingerie preta e uns cabelos apenas a orlar o rosto, havia logo de me tocar um que assim não é. E uma gaja já não está habituada a que os gajos não sejam previsíveis.

Este deve ter uma omoite aguda ou então é accionista de uma multinacional de lexívias já que arrebita com lingerie branca o que é uma maçada das antigas porque não realça o meu tom de pele que nasci branca e nem gosto de torrar ao sol e tenho o ar daquelas mulheres dos postais de mil novecentos e vinte e caramba, prefiro mesmo a lingerie escura e acetinada.

O meu cabelinho à Betty Boop também não ajuda à função e apesar disso irrita-me que os cabelos se colem ao cachaço a fazer camadas e a impedir-me de sentir a suavidade e o calor da pele de outras mãos no pescoço para já não falar quando se interpõem entre os bicos dos meus mamilos e a boca do outro, tanto mais que tenho para mim que o cabelo a tapar o frio das orelhas basta.

E perante estas minhas dificuldades de polivalência para encarnar a personagem da fantasia dele ou lavar as minhas e pô-las a secar, subscrevi-me amavelmente com os melhores cumprimentos , também pessoais e encerrei este ofício.


«Olhares de Coimbra» - por Rui Felício


Foi há muitos anos, fins de Maio..., mas não esqueço... Meio da tarde, sol abrasador, entro no Mandarim para saciar a sede.
Logo que entro, em frente, reparo numa miúda sozinha numa mesa com um copo de laranjada à sua frente.Procuro um lugar do lado oposto e peço um fino.
Observo que a sala estava quase cheia, muitos de capa e batina, livros espalhados pelas mesas. Ela contrastava pela quietude, pela calma, pelos olhos verdes, melancólicos.Enquanto aguardo para ser atendido, tento evitar, mas não consigo resistir a procurá-la com o olhar, por entre a azáfama constante de estudantes a entrar e a sair.Quando os nossos olhares se cruzaram, dissimulámos ao mesmo tempo.Ela desviou o olhar em direcção à parede como quem admira os azulejos do Vasco Berardo, e eu a partir desse momento, encantado com a beleza do seu rosto não consigo mais desviar, embora disfarçando, o meu olhar da sua direcção.

Por várias vezes os nossos olhares se cruzaram.

Criou-se entre nós uma emoção incontida da qual eu e ela éramos cúmplices, sem que mais ninguém o soubesse.O tempo foi passando, quando de repente chamou o empregado e pediu a conta.Ficou em pé, junto ao balcão, esperando pelo troco, entre o sol que entrava pela porta e o meu olhar.Observo a sua silhueta perfeita, coada pela luz solar, sob um vestido leve que contornava as suas formas e parecia acariciar-lhe o corpo. O cabelo dourado reflectia os raios do sol.Com delicadeza e elegância dirige-se para a porta, corre o olhar deixando-o fixar-se por um segundo no meu e sai.Lentamente desaparece na rua...Permaneço no meu lugar, estático, indeciso, a pensar no sublime momento acontecido.Outras pessoas foram chegando, mas já não havia motivo para eu permanecer ali.Saí também. Corri a Praça da República com o olhar, a Sá da Bandeira a Tenente Valadim, mas nem rasto dela...

Uns meses depois vi-a na Praça 8 de Maio a um domingo de manhã...Vinha acompanhada da sua irmã gémea e de um casal que pareciam ser os seus pais, a sair da Igreja de Santa Cruz.Uma das gémeas olhou-me, sorriu levemente..Era ela, porque a outra nem me notou...Durante algumas semanas fui à Igreja de Santa Cruz, ao domingo, mas nunca mais a vi. Até hoje...

Mas não esqueço...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Imagem - parte do painel de azulejos de Vasco Berardo (1960) no café «Mandarim» (agora «McDonald's»), na Praça da República, em Coimbra.

Postalinho vadio

"Cerveja Artesanal «Vadia», produzida por Essência D'Alma, Lda - Rua de Selores, 353 - 3720-191 Ossela, Oliveira de Azeméis.
Esta é a de trigo. Mas há mais versões.
Dizem-me que esta malta tem uma carrinha de distribuição com a figura da gaja de um dos lados. E que há uma data de mulheres que se coloca lá ao lado para tirar fotos. Ou seja, aparecem na pose da gaja e surge o nome «Vadia»."
Marco António

20 julho 2013

Homens, aprendam! - «Qual seria a sua desculpa para não me beijar?»

«conversa 2002» - bagaço amarelo

Ela - Já nem me lembro da última vez que me apaixonei...
Eu - Não?! Eu lembro-me das vezes todas que me apaixonei. Desde a escola primária até aos dias de hoje...
Ela - Sim, também me lembro. O que eu queria dizer é que já não me apaixono há anos.
Eu - Ah!
Ela - Os homens com que me tenho cruzado parecem-me desenxabidos. Não sei explicar muito bem... mas não há nenhum que me interesse.
Eu - Hum... e tens conhecido muitos?
Ela - Na verdade quase nem saio de casa, a não ser contigo uma vez por outra.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Casal abraçado

Estatueta em metal com base em acrílico.
Origem desconhecida... mas fica muito bem na minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Sexo»



Um sábado qualquer...