28 julho 2013

Quiproquó


Acabei o duche revigorante, enfiei as chinelas, a mini t-shirt e os calções e fui estender a toalha na varanda. O sol a entrar direitinho pelas janelas de estores levantados tinha-nos amanhecido mornos e ternurentos como gatos, a espreguiçarmos nos um no outro, a lambermos-nos mutuamente, a ronronar nos ouvidos as frases escabrosas que salgam estes momentos tal como o mar o faz à pele.

Ele saiu da casa de banho, arrastando-se com a toalha ao colo como se esta pesasse toneladas, sentou-se no cadeirão de vime e suspirou. Comecei a temer pela dureza do esforço físico matinal e a lembrar-me que o ar da praia e as actividades balneares do dia anterior rebentam com a frágil constituição de um citadino mas eis que aquela alma desata a discorrer sobre as dimensões enormes da varanda, ainda por cima apenas com uns ferrinhos, como aliás era uso naquela zona turística e que aquilo era um primeiro andar, a poucos metros da rua e que o arruamento até nem era largo e que apesar dos vizinhos não serem muito janeleiros havia de haver sempre um jeitoso que vinha fumar o cigarrinho à janela.

Esclarecida assim sobre os pesos que constrangiam aquela massa muscular, questionei aquele caracinhas se ia estender a sua toalha ou a manteria enrolada na virilidade até que secasse.

«Tarde inesquecível» - por Rui Felício


Como estava combinado, ela foi ter com ele...

Às três da tarde entrou, começou a ficar ansiosa, o coração palpitava mais forte, o sangue rosava-lhe as faces...Enquanto esperava, meio deitada, meio sentada, as mãos dela suavam, as pernas tremiam-lhe, o corpo estremecia-lhe, deixava-a de lábios abertos, sorvendo o ar que lhe faltava, quase sem conseguir respirar.
Quando ele se aproximou e a envolveu, sentiu o bafo quente da sua respiração, olharam-se nos olhos, e ela ficou subitamente tensa, imóvel, com a cabeça revolta por um turbilhão de pensamentos, de medos, de vontades...
A pouco e pouco foi desistindo de resistir e entregou-se nas mãos dele.
Delicada mas firmemente ele envolve-a, invade-a, explora-a e vai-lhe pedindo que nada receie, porque será carinhoso e cuidadoso...
Mesmo assim, ela deixa escapar de vez quando um suave gemido, menos de dor, mais de ansiedade...
Quando ele termina, a paz relaxante fá-la descontrair, o coração gradualmente aquieta-se e minutos depois, recupera o fôlego e levanta-se ainda cambaleante.
Despedem-se, ele abre-lhe a porta, ela sorri-lhe e sai...
Pelo caminho até sua casa ela não consegue deixar de pensar naquela hora de suprema tensão, ainda sente na boca o gosto daqueles momentos inesquecíveis e à noite, deitada sozinha na sua cama, as insónias não lhe permitem tirar da cabeça aquela hora passada na cadeira do dentista.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Postalinho dos penteados da moda

"À medida da Sãozinha!... Mesmo lésbica é capaz de gostar!..."
Alfredo

27 julho 2013

Homens, aprendam... a fazer ressuscitação cardiopulmonar com empregadinhas francesas

«tenho marido na Ucrânia» - bagaço amarelo

Nunca pensei tornar a vê-la. Na verdade, para ser sincero, já nem tinha bem a certeza da sua existência real. Talvez tivesse sido apenas um produto da minha imaginação, naquela altura em que a minha mente criava mulheres em série, como se fosse uma fábrica no auge da sua vida produtiva.
Não a reconheci por nenhum traço fisionómico, nem sequer pelo cheiro ou pela voz. Ia simplesmente a caminhar entre a multidão quando um som se destacou na cidade. Era o bater duns saltos altos nas pedras do passeio, quase igual e tão diferente de tantos outros. Pensei: “é ela”. Olhei para trás e era mesmo.
Num quiosque mesmo ao lado vendiam-se cartões telefónicos que prometiam bastantes minutos de conversa para países como a Roménia, Ucrânia, Turquia ou Grécia. Fiquei a pensar naquela venda que tratava o tempo como um produto consumível, como se fosse um tinteiro de impressora ou um frasco de polpa de tomate. No nosso caso, o tempo tinha sido isso mesmo, um consumível de pavio curto. Se no princípio tudo me parecera bem, assim que os nossos corpos se tocaram uma última vez tudo passou a ser uma vertigem.
Eu não andava à procura de nada, nem sequer de sexo, no dia em que ela se sentou ao meu lado do balcão dum bar e me pediu lume. A sensação de poder Amar alguém estava tão distante como um barco que lentamente partira em direcção à linha do horizonte, e eu pouco mais fazia do que trabalhar e ver jogos de futebol enquanto me embebedava num tasco qualquer.

- Não fumo! - respondi.
- Ainda bem. Eu também não...

Depois sorrimos ao mesmo tempo e pedimos mais um copo. Não sei, escusado será dizer, quanto ficou o jogo dessa noite. Sei que eram seis da manhã quando ela se levantou e se foi embora sem se despedir. Eu, a fingir que dormia, deixei-a ir conforme combinado. Lembro-me do som dos sapatos de salto alto, num ritmo fora do normal. Aliás, nunca mais me esqueci.
Era ela. Reconheci-a por esse mesmo som. Olhei para trás e vi-a comprar um desses cartões que nos dão tempo como se dessem vinho. Lembrei-me do acordo que fiz com ela nessa noite e retomei o meu caminho sem lhe dizer nada.

- Tenho marido na Ucrânia. Só preciso de alguém por uma noite.
- Está bem, então... - disse.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A segunda taça de escanção («taste-vin») da minha colecção

A taça de escanção que eu já tinha, tem agora companhia: uma taça em tudo idêntica, excepto na figura central e na textura da superfície.



Um sábado qualquer... - «Sexo 2»



Um sábado qualquer...

26 julho 2013

Especial «Virginia Johnson» - bagaço amarelo

Na década de 50 o mundo recuperava lentamente de duas guerras mundiais. A memória da segunda, que atingira directa ou indirectamente todos os continentes e vitimara milhões de cidadãos, estava bem viva. Entre a frágil sensação de paz mundial, nascia a Guerra Fria e o mundo dividia-se em dois. O pacto assinado em 1950 pelas duas maiores nações comunistas ameaçava o mundo ocidental e abria uma nova frente de guerra nas Coreias. Nos EUA iniciava-se a Caça às Bruxas moderna, que é como quem diz, a Caça aos Comunistas.
Foi neste ambiente que Virginia Johnson deu andamento à expressão "Make Love, Not War" e revolucionou os estudos sobre a sexualidade. Com o seu marido, e com base na observação directa e métodos de medição por ela criados, explicou a esse mundo frio o que é o orgasmo. A mim parece-me bem.
Morreu ontem. Que o mundo agora a homenageie na cama.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Is Tropical - «Lover's Cave» (video dirigido por Richard Kern)


IS TROPICAL- "Lover's Cave" (2013) from Richard Kern on Vimeo.

Alfabeto erótico de 1931 por Sergei Merkurov (ex-União Soviética)

"Com o objectivo de combater o analfabetismo adulto, o artista soviético Sergei Merkurov desenvolveu, em 1931, um alfabeto formado por ilustrações de posições sexuais com referências a seres mitológicos e símbolos oriundos da cultura grega e romana.
Além da riqueza artística e do inusitado método de ensino, deve-se considerar ainda o período de realização. As ilustrações foram concebidas durante o repressivo governo de Estaline e, ironicamente, pelo mesmo artista que anos depois participou activamente na criação de esculturas do ditador."
Via IdeiaFixa















Postalinho do Butão

"Os falos pintados nas casas butanesas destinam-se a trazer fertilidade e a proteger do mal as famílias que lá habitam. Mais comuns nas áreas rurais do que nas urbanas, tiveram origem nos ensinamentos de um homem santo do século XVI conhecido como o «Louco Divino», dados os seus métodos de ensino, que eram pouco ortodoxos, considerados bizarros e chocantes."
Alfredo Moreirinhas

Mais informação aqui.









25 julho 2013

Viva a revista Cru! Vulva! E viva o Tio Putinhas! Vulva!

Recebi a minha encomendinha da revista CRU nº 49 (especial Ódio), ainda quentinha do forno, juntamente com a CRU nº 34 (um número antigo que está disponível para consulta on-line aqui, tal como outros números da revista).
Esta revista é editada pelo Esgar Acelerado, que os tocadores de flauta-de-um-buraquinho-só deverão reconhecer pelo menos nas ilustrações dos textos do Valter Hugo Mãe na Playboy (ou então passam essas páginas porque não têm fotos de gajas nuas... ou então ainda são as únicas páginas que ainda conseguem abrir, porque as outras estão todas coladas).
Impressionante foi saber que "com formas diferentes e sob diversas encarnações, a revista está em publicação há mais de 20 anos"!
Na Bedeteca encontram a lista de conteúdos da CRU nº 49.
Podem fazer encomendas da revista por aqui [no momento em que publiquei isto, este link não estava disponível, pelo que sugiro que, em alternativa, os contactem pela página da CRU no Facebook]. A revista custa 5 euros, com os portes incluídos.


A primeira página e a última tira do suplemento colorido gratuito da CRU nº 49: «Tio Putinhas Vs. Maga Putalógica», história de Walt Esgar

O pin do Tio Putinhas que a CRU ofereceu no lançamento da revista. E esclarecem que "para a criação das personagens e dos seus fartos falos foi necessário um estudo exaustivo de documentários da National Geographic sobre a vida sexual dos patos. Obrigadinho TV Cabo! O que seria do Walt Esgar sem ti!"
Um destes pins faz agora parte da minha colecção, tal como as duas revistas que encomendei.

«Mostra-me os teus boxers, dir-te-ei o que és!»
por Alice in Goreland, ilustrado por Zbigniev Koniek (um gajo com o traço chapado do Esgar Acelerado... por obra e graça da globalização) 

Para acabar em beleza - e com ódio por chegar ao fim - seleccionei, da secção «Ódiário – 16 ilustradores desenham o seu ódio de estimação», esta ilustração deliciosa de Susana Carvalhinhos.