Acabei o duche revigorante, enfiei as chinelas, a mini t-shirt e os calções e fui estender a toalha na varanda. O sol a entrar direitinho pelas janelas de estores levantados tinha-nos amanhecido mornos e ternurentos como gatos, a espreguiçarmos nos um no outro, a lambermos-nos mutuamente, a ronronar nos ouvidos as frases escabrosas que salgam estes momentos tal como o mar o faz à pele.
Ele saiu da casa de banho, arrastando-se com a toalha ao colo como se esta pesasse toneladas, sentou-se no cadeirão de vime e suspirou. Comecei a temer pela dureza do esforço físico matinal e a lembrar-me que o ar da praia e as actividades balneares do dia anterior rebentam com a frágil constituição de um citadino mas eis que aquela alma desata a discorrer sobre as dimensões enormes da varanda, ainda por cima apenas com uns ferrinhos, como aliás era uso naquela zona turística e que aquilo era um primeiro andar, a poucos metros da rua e que o arruamento até nem era largo e que apesar dos vizinhos não serem muito janeleiros havia de haver sempre um jeitoso que vinha fumar o cigarrinho à janela.
Esclarecida assim sobre os pesos que constrangiam aquela massa muscular, questionei aquele caracinhas se ia estender a sua toalha ou a manteria enrolada na virilidade até que secasse.