20 agosto 2013
«Faltas-me» - Susana Duarte
das magias que partilhamos, sabedoras das aves raras
sobre cujas asas voamos, quando a cúmplice e eterna
noite, nos encoraja a ir além de nós e dos cumes de neve
onde choram saudades antigas e o amor se torna leve.
___________________faltas-me____________________
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
A dançarina de flamenco
Esta campainha de balcão, em resina, é um «recuerdo de España» e veio de França.
As pernas da sevilhana, com as cuecas para baixo e mostrando as suas partes íntimas, fazem de badalo.
Mais um miminho da minha colecção.
As pernas da sevilhana, com as cuecas para baixo e mostrando as suas partes íntimas, fazem de badalo.
Mais um miminho da minha colecção.
19 agosto 2013
«pensamentos catatónicos (294)» - bagaço amarelo
É por isso que evitamos chorar à frente dos outros. É também por isso que hesitamos em assumir que Amamos alguém. Por algum motivo que ninguém explica, mas todos nós compreendemos, sabemos que as emoções são uma fragilidade. De uma maneira ou de outra, talvez o Amor seja mesmo a maior fragilidade de todas. Aquela que faz de nós uma embalagem com as setinhas a indicar para que lado temos que estar virados para não quebrarmos.
Quebrar, como está escrito em alguns vidros, só em caso de urgência. É quando choramos, sorrimos ou gritamos pelo que está dentro de nós.
De Istambul trago muitas recordações. Algumas doces, outras nem por isso. Mas, agora que estou aqui sentado em casa numa manhã primaveril, só me pergunto como estará a mulher com quem me cruzei há uns dias atrás, numa estação qualquer do tram. Percebi que ela estava em dificuldade para entrar no cais.
O Istambulcard que ela passava no leitor automático dava erro e alguns passageiros, turistas na sua maioria, davam sinais de nervosismo e protestavam em línguas diversas. Voltei atrás, passei o meu passe na entrada dela e a passagem abriu como se fosse uma ampulheta a iniciar a contagem do tempo.
Reparei, por uns segundos, que ela estava a chorar. Nervosa, limpou os olhos com as mãos e só depois é que me agradeceu. Com um sorriso, porque percebeu que também eu não falava turco. Os nossos olhares tornaram a tocar-se quando ela entrou no primeiro tram e, ao afastar-se, me disse adeus com as mãos. Somos todos iguais.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Um Campo Batido pela Brisa» de Fernando Assis Pacheco
A tua nudez inquieta-me.
Há dias em que a tua nudez
é como um barco subitamente entrado pela barra.
Como um temporal. Ou como
certas palavras ainda não inventadas,
certas posições na guitarra
que o tocador não conhecia.
A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.
Distende o meu corpo. Depois encurta-o e tira-lhe
contorno, peso. Destrói o meu corpo.
A tua nudez é uma violência
suave, um campo batido pela brisa
no mês de Janeiro quando sobem as flores
pelo ventre da terra fecundada.
Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas
com o vocabulário da tua nudez.
Tenho «um pensamento despido»;
maturação; altas combustões.
De mão dada contigo entro por mim dentro
como em outros tempos na piscina
os leprosos cheios de esperança.
E às vezes sucede que a tua nudez é um foguete
que lanço com mão tremente desastrada
para rebentar e encher a minha carne
de transparência.
Sete dias ao longo da semana,
trinta dias enquanto dura um mês
eu ando corajoso e sem disfarce,
ilumindo, certo, harmonioso.
E outras vezes sucede que estou: inquieto.
Frágil.
Violentado.
Para que eu me construa de novo
a tua nudez bascula-me os alicerces.
Fernando Assis Pacheco
in “A Musa Irregular”
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Há dias em que a tua nudez
é como um barco subitamente entrado pela barra.
Como um temporal. Ou como
certas palavras ainda não inventadas,
certas posições na guitarra
que o tocador não conhecia.
A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.
Distende o meu corpo. Depois encurta-o e tira-lhe
contorno, peso. Destrói o meu corpo.
A tua nudez é uma violência
suave, um campo batido pela brisa
no mês de Janeiro quando sobem as flores
pelo ventre da terra fecundada.
Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas
com o vocabulário da tua nudez.
Tenho «um pensamento despido»;
maturação; altas combustões.
De mão dada contigo entro por mim dentro
como em outros tempos na piscina
os leprosos cheios de esperança.
E às vezes sucede que a tua nudez é um foguete
que lanço com mão tremente desastrada
para rebentar e encher a minha carne
de transparência.
Sete dias ao longo da semana,
trinta dias enquanto dura um mês
eu ando corajoso e sem disfarce,
ilumindo, certo, harmonioso.
E outras vezes sucede que estou: inquieto.
Frágil.
Violentado.
Para que eu me construa de novo
a tua nudez bascula-me os alicerces.
Fernando Assis Pacheco
in “A Musa Irregular”
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Solteiros sempre vencem
Pelo menos uma disputa de queda de braço [braço de ferro, em Brasilês]…
Só os entendedores entenderão essa.
Capinaremos.com
Só os entendedores entenderão essa.
Capinaremos.com
18 agosto 2013
Bolacha Torradinha
Cá estou de volta, Senhor Doutor, com esta corezinha de bolacha torrada, tão bem aceite por todos como rótulo de beleza física da região demarcada do bem estar e da felicidade, apesar de me palpitar que as minhas célulazitas mortas, tostadinhas ao sol, não estarão de acordo.
Mas que se lixe!... Gostei de exibir no local de trabalho esta bandeira de descanso como se ainda trouxesse a toalha ao ombro. E de responder que sim, que a praia este ano está cheia de bikinis. Daqueles que copiam os modelos da década de 60 com a caixa de peito armada e o calçãozinho subido. E também com aqueles que revivem os anos 80, com o pedacinho de tecido que tapa os seios enfiado num fiozinho deslizante graças ao qual, se dermos uma corridinha, faz logo saltar uma mama para fora. E mais que sim, que toda a gente usa duas cores no bikini, uma para o soutien e outra para a string enchendo o areal de cores como a arquitectura do Tomás Taveira por esse país fora.
E quais corpos danone, quais quinze dias kellog’s ou quais vinte passos das dietas miraculosas de verão que todas as banhinhas de homens e mulheres se mostravam pela beira-mar para não perder uns dias de bronzeado e improvisando a queima de calorias nas voltas insistentes da língua sobre um gelado.
Nem sei porque não me comove a areia a arranhar-me os interstícios dos dedos dos pés, o sol que começa por lamber-nos suavemente para depois nos dar palmadas nas zonas mais expostas, as ondinhas ordenamente umas atrás das outras em carreirinha, os pôres do sol que anunciam a néon a noite e o voltar para o carro a exalar um bafo quente. Porque é que nem sequer acho erótico tanta carne exposta em fios de cores e flores e prefiro uma profunda troca de bactérias com um gajo, mesmo que seja perto de um contentor de lixo?...
17 agosto 2013
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