27 novembro 2013

«Apeteces-me» - João

"Apetece-me o silêncio. Apetece-me não ser visto. Apetece-me um espaço calmo onde possa estar enrolado numa toalha de banho, húmida, enrolada em mim. Apetece-me sentir mãos no corpo. Apetece-me sentir cócegas, carícias, carinhos. Apetece-me sentir mimo. Um beijinho na cara, mãos na face, ou no cabelo. Eu sei que é pouco. Mas ainda o tenho. Apetece-me que te enroles numa toalha húmida. Que os pés se toquem. E que, a pouco e pouco, as toalhas se libertem um pouco até que as tuas pernas e as minhas se possam misturar. E só isso. Só assim. Apetece-me dormir. Apetece-me não ter pressa para nada. Poder atirar-me para um sofá sem esperas nem horários, deixar-me embalar. Embalar. Apetece-me afundar o nariz em cabelos, beijos na nuca, mãos nas mãos. Apetece-me brisa. Como a do final da tarde quando o sol é quente o suficiente para não nos deixar tremer, mas fresco quanto baste para não se derreter. Apetece-me a moleza do corpo, depois de caminhar ou correr. Apetece-me dormir colado, com a pele na pele, e acordar com a luz do novo dia a entrar na janela."
João
Geografia das Curvas

O 19º Encontra-a-Funda aí está!

Os «Penicos de Prata» vêm-se a Coimbra na próxima 6ª feira, dia 29, apresentar o seu livro/CD no Salão Brazil, às 22h30 (bilhetes: €5).
E é um excelente pretexto para fazer o 19º Encontra-a-Funda, que tem a particularidade irrepetível de comemorar também os 10 anos do blog «a funda São».
Eu sei, eu sei, estou a informar muito em cima da hora... mas tenho tido muito trabalhinho com o cadastro da colecção... e só soube disto agora.

Um cogumelo que se pode comer mas só com os olhos

Há cogumelos, como este provável Cortinarius traganus, que têm uma certa piada quando admirados de um ponto de vista diferente. "E come-se?" perguntam vocês. A resposta é não, já que pode dar chatices. O melhor mesmo é comê-lo só com os olhos.


«conversa 2032» - bagaço amarelo

Ela - Já estou arrependida de ter comprado um carro novo.
Eu - Porquê?
Ela - O meu marido não faz mais nada senão limpar a porcaria do carro.
Eu - É por ser novo.
Ela - A minha casa tem três quartos e eu limpo-a em metade do tempo que ele gasta com o automóvel, mas ele em casa não limpa nada. Já o avisei que um dia destes vai dormir para o banco de trás do seu querido Renault...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Estou sempre molhadinha de tantos mimos que recebo

Cartaz do 5º Encontra-a-Funda,
realizado no Porto em 2006




A colecção de arte erótica «a funda São» nunca foi só de objectos. É também uma base de descoberta, partilha, convívio e Amizade.

Estou sempre a receber miminhos, como este do Pedro Laranjeira, companheiro quase desde o início do blog «a funda São».
"Aqui lhes ofereço uma recordação já antiga, de um Sarau a que chamaram «5º Encontro», desse grupo maravilhoso que dá pelo título de «a Funda São»... dediquei-lhes, então, esta música:"

26 novembro 2013

Placebo - «Protege Moi»


Placebo - Protege Moi (Uncensored Version) from Adrián Martínez Moliné on Vimeo.

A FODA COMO ELA É (VI) - Roliças delícias

Não existe inimigo mais terrível da felicidade que as modas. Milhões vivem subtraídos a incontáveis possibilidades de delícia amorosa, subjugados pelas tirânicas tendências publicitárias, passando fome, solidão, entregues a degradantes paranóias. E assim se enche o planeta de gente infeliz e muito mal fodida.
Não foi o caso de um companheiro esclarecido e feroz combatente dos preconceitos sociais, especialmente em matérias de alcova. Suspeitava existirem alegrias em potência escondidas entre as roscas das gordinhas; ânsia entusiasmada que não escondia dos amigos em sessões de copos. Um dia aconteceu: enrolou-se com uma mulher obesa. Não se tratava de uma senhora forte, larga de ossos, nem rechonchuda - era gorda pata-negra, daquelas que requerem licença profissional de maquinaria industrial pesada. A sua experiência foi esclarecedora, quase religiosa.
Mal se viu rodeado de viandas macias, complacentes com a carícia, e sentindo-se um espeleólogo do refustedo, abandonou-se à irresistível exploração das virtudes sexuais daquelas enxúndias cavernosas. Descreveu-me o certame como "sexo em grupo unipessoal". Despontavam novas vaginas em refegos por trás dos joelhos, suaves punhetas ofereciam-se nas pregas que ornavam as esquinas dos sovacos, renovadas espanholadas debulhavam-se nos múltiplos papos queixosos à disposição. Ao fim da semana inteira que durou este recreio, o rapaz viu a luz do dia ao fundo de uma dobra numa nalga, seguiu o foco luminoso e saiu para o exterior. Encarou com a sua musa roliça e ambos se declararam felizes e apaixonados.

«Amor» - Susana Duarte

a mulher desnuda a alma luzente,
semeadora de luzes
onde a luz poente
se detém... abismo
de onde se levantam as luzes do ventre,
e se vislumbram transparências

na lucidez
das águas; nela, crescem e se afundam mágoas,
e as esguias margens de um rio.

a mulher desnuda-se nos braços amados,
plantadores de sementes
onde as névoas se dissipam
e as quedas acontecem no seio dos abraços
devolutos à sua eterna condição

de Ser em outrém,
na bravura das ondas que são corpos,
movimentos sincopados
de um oceano vivo
dentro dos olhos,
ágape dos cristalinos,
melopeia coralina
das imagens dos amantes.

amar acontece no espaço do corpo
onde tempo e distância se tornam
universo inexistente.

primavera de giestas vivas
onde a lava incandescente
são folhadas caídas da pele,
escamas vivas de sermos Um,
na imensa amálgama do universo.



Susana Duarte
Foto: Susana Duarte, Bairro Alto, Lisboa
Blog Terra de Encanto

«Penicos de Prata» - livro/CD de música e poesia erótica satírica portuguesa

Que maravilha!
Já conhecia este grupo «Penicos de Prata» - um quarteto de cordas formado por guitarra, ukelele, contrabaixo e violoncelo - há algum tempo e gosto muito da abordagem que fazem à poesia erótica e satírica portuguesa.
Agora, André Louro, Catarina Santana, Eduardo Jordão e João Paes publicaram este livro/CD em que interpretam poemas de Adília Lopes, Ana Abel-Paúl, António Botto, António Maria Eusébio (o Calafate), Carlos Queiroz, Ernesto Manuel de Melo e Castro Fernando Pessoa; Francisco Eugénio dos Santos Tavares, João Vicente Pimentel Maldonado, José Anselmo Correia Henriques e Liberto Cruz. O livro tem ilustrações muito curiosas de diversos autores.
O livro/CD já faz parte da minha colecção. E espero, um dia destes, poder proporcionar à malta d'a funda São (eu incluída, claro) a oportunidade de assistirmos a um espectáculo ao vivo dos «Penicos de Prata». Para já, comprem o livro/CD e deliciem-se, que vale bem a pena.







Tomem umas amostras grátis (mas recomendo o CD, que tem uma excelente qualidade de gravação):





25 novembro 2013

Uma frase que eu gostaria que tivesse sido minha

"Metade 
do 
sexo 
é o 
sonho."

Sasha Grey, «Juliette Society»
(pág. 223 da 1ª edição portuguesa - Divina Comédia, 2013)


«conversa 2031» - bagaço amarelo

Ela - O meu marido gosta demasiado de mim.
Eu - Demasiado?!
Ela - Sim. Precisava que ele gostasse menos de mim, que era para eu conseguir gostar mais um bocadinho dele...
Eu - Confundes-me totalmente.
Ela - Isso é porque não percebes nada de desafio.
Eu - Que desafio?
Ela - Desafio, pá. Se um gajo não nos desafia em nada, perde o interesse.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «As Mil e Uma Noites»

A primeira página de grandes obras da literatura.

As histórias que compõem as Mil e uma noites tem várias origens, incluindo o folclore indiano, persa e árabe. Não existe uma versão definida da obra, uma vez que os antigos manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos. O que é invariável nas distintas versões é que os contos estão organizados como uma série de histórias em cadeia narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Este rei, louco por haver sido traído por sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando-as matar na manhã seguinte. Xerazade consegue escapar a esse destino contando histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Xerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias noites – as mil e uma do título – ao fim das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.
(Wikipédia)

Conta-se — mas Alá é mais sábio e justo, mais poderoso e bom — que, quando decorria a antiguidade do tempo e o passado da idade e do momento, havia nas ilhas da índia e da China, um rei dos reis de Sássan. Era senhor de muitos exércitos, ministros, servidores, e numeroso séquito. Tinha dois filhos, um mais velho e outro mais novo. Eram ambos heróicos cavaleiros; mas o mais velho era mais valoroso que o mais novo. Reinou este mais velho naqueles países, governando os homens com justiça; por isso os habitantes daquele país e reino o estimavam. E o nome dele era rei Schahriar. Quanto a seu irmão mais novo, o seu nome era rei Schahzaman e reinava em Samarcanda.
Mantendo-se este dito estado de coisas, ambos residiam em seus países; e, cada um em seu reino, foram os dois justos governantes de suas greis pelo espaço de vinte anos. E ambos o foram até ao limite do mais dilatado desenvolvimento.
E deste jeito se mantiveram ambos até ao dia em que o mais velho desejou ardentemente visitar o irmão mais novo. Ordenou então ao vizir que se pusesse a caminho e ali lhe trouxesse seu irmão. Ao que lhe respondeu o vizir: «Escuto e obedeço!»
E assim partiu, e com a graça de Alá, chegou em bem: entrou em casa do outro irmão e saudou-o com o saiam. Informou-o de que o rei Schahriar desejava ardentemente vê-lo e que o fim daquela sua viagem tinha como finalidade convidá-lo a visitar seu irmão mais velho. Tendo o rei Schahzaman respondido: «Escuto e obedeço!» Ordenou os preparativos da viagem, mandando que se aprontassem tendas, camelos, machos, servidores e ministros. Elevou depois o seu próprio vizir a governante do país e partiu em demanda das terras do irmão.
Mas ia a noite em meio, lembrou-se de uma coisa que no palácio lhe ficara esquecida e que vinha a ser o presente que destinava a seu irmão. E, voltando atrás, entrou no palácio. E achou a esposa deitada em sua cama, muito abraçada a um preto retinto, seu escravo.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Nossa, que vestido bonito, moça!



"Chacun est heureux à sa façon"

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