05 dezembro 2013

A Brazuca



HenriCartoon

The Illumination Experience - «In To You»

O tocador de pífaro

Figura de Barcelos em barro pintado com apito, em que o músico tem a língua de fora, com a ponta vermelha. Na mão direita leva uma bengala e a mão esquerda segura o falo, fora das calças.
Em Barcelos, fazem parte da tradição do seu artesanato as figuras que recriam bandas filarmónicas, grupos de música e dança. Algumas dessas peças funcionam também como apitos. Há uns anos, comprei numa feira de artesanato esta peça, um elemento de uma banda filarmónica, mas com a língua de fora, só com a ponta vermelha e a pila de fora. Quando perguntei à autora a razão de ser daquela peça fora do comum, ela esclareceu-me: "Depois de fazermos tantas vezes as mesmas peças, às vezes precisamos de fazer algo diferente, para espairecer".
Tal como a peça Tocador de bombo, faz parte da minha colecção.


o amor é fodido *


...fode-nos a alma

mais que o corpo...


A idade traz conhecimento

Crica para veres toda a história
Poeira e brilho


1 página

04 dezembro 2013

«Agora, agora mesmo» - João

"Queres que te fale do que me apetecia agora? Agora mesmo? Era não fazer falta. E de nada precisar. Era poder desligar tudo à minha volta, apenas por um tempo. Curto, que mais que isso é luxo. Mas por um pouco, uns dias, ser como inexistente, gente que ninguém procura nem procura ninguém. Que não precisa comer. Que não precisa beber. De certo modo, como um morto, mas vivo. Poder dizer “fui”, poder dizer “fodei-vos”, ou poder nem dizer nada, apenas ir. Fechar portas. Fechar janelas. Deitar-me e dormir. Agora, agora mesmo, quero deitar-me e dormir. Adormecer num sofá, ou numa cama. Em algum sítio. E acordar mais tarde, devagar, sem relógios, sem tempo a pressionar. Acordar num zigzag entre a realidade ténue e a sonolência. Ter sensações vagas, reconhecer o espaço, saber que estou entre paredes amigas, que os lençóis que me cobrem a nudez são macios, que o colchão que me separa do chão é abraço.

Agora, agora mesmo, era isso. E numa volta na cama, enquanto me espreguiçasse, seria muito natural que te quisesse sentir a pele. Sem a surpresa de ali estares. Só a doçura da tua pele, a textura, o cheiro que é teu. Com calma, com muita calma. Era natural que colocasses a tua mão sobre a minha, quando nos encostássemos. Quando me chegasse a ti, tu sabes, em conchinha. A minha mão era capaz de repousar sobre a tua barriga, ou talvez mesmo tocar-te as mamas, e tu irias até ela, entrelaçarias os teus dedos nos meus, e agitarias o corpo muito suavemente. Aconchegar-te-ias, reduzindo o ar entre os corpos, o espaço vazio entre as nossas epidermes. E era mesmo só isso, agora, agora mesmo."

João
Geografia das Curvas

Postalinho de artes circenses

"Foto de uma roulotte de pipocas e algodão doce"
Joana M.

«nome» - bagaço amarelo


A Post-it, pelo menos través desta sua publicidade, parece dar uma estranha importância ao seu produto. Quando um homem leva uma mulher para a cama, escreve-lhe o nome na testa para se lembrar dele quando acordar. Quem teve a ideia de fazer este anúncio, se for homem, nunca foi para a cama com uma mulher. Se tivesse ido, sabia perfeitamente que os homens nunca engatam mulheres. O melhor que lhes pode acontecer é a mulher deixá-los pensar que sim, e isso acontece precisamente quando, uns dias depois, ainda se lembram do nome deles.

bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Fantasias femininas

Só existem desse tipo.



Acho o termo vadia tão pesado.

Capinaremos.com

03 dezembro 2013

«Nitrate, mon amour»


Nitrate, mon amour. from Colette Saint Yves on Vimeo.

Cinco aberturas exemplares



"Chamo-me Arlete, sou psicopedagoga e gosto de levar no cu. Esta é a minha história."

in E tudo das ventas levou

"Hans Mathuäus envernizava a casota de sua cadela, quando vislumbrou a sua vizinha recém-chegada ao bairro tomando o sol numa espreguiçadeira e massajando o clítoris enquanto sorvia um Toddy quentinho. Hans pensou com os seus botões que havia muito tempo não tomava ele próprio um Toddy quentinho."
in Bem-Hurras

"Estava Cunegundes em pelota no seu apartamento, quando a campainha soou e recebeu a visita inesperada de catorze canalizadores senegaleses, sem nada por baixo das jardineiras."
in De costas no castelo

"Escolhe o comprimido vermelho e num piscar de olhos serás devolvido ao conforto do teu quarto, onde há pouco quatro anões halterofilistas te seviciavam as partes baixas. Mas opta pelo azul e Meretrix não te dará descanso até que os tenhas como passas."

in Meretrix

"Este é o conto de uma criança muito especial, que tinha o dom de foder tudo em que tocava, uma espécie de Midas do orgasmo. O seu nome era Eduardo."

in Eduardo Mãos de Gaita

«talvez os braços sobre o ventre» - Susana Duarte

talvez os braços sobre o ventre,
ou a serena mansidão da espera intermitente.

escolho os braços,
e deixo de parte a antiguidade dos sonhos.
escolho os braços.

talvez os olhos claros sobre os dedos,
ou a interioridade do ventre
sobre os interstícios dos corpos.
escolho os braços

e a noite clara.

talvez sejas o sonho dissipado na névoa
das manhãs de outrora.
ou a memória viva
da pele
sobre a pele.

escolho os braços,
e deixo de parte a espera.
espreito o dia, como um espreita-marés
que, sobre os flancos, olha as margens

e navega sereno sobre os braços.

antes os braços com que me passeias
sobre o ventre, que os interstícios infindos
de corpos sem flanco.



Susana Duarte
Fotografia de Ivano Cetta, em Lisboa
Blog Terra de Encanto