14 dezembro 2013

«O motor do desenvolvimento tecnológico» - João

"Não sei se existem mais homens ou mulheres nos domínios de investigação relacionados com computação e tecnologia em sentido lato. Arrisco dizer que seja maior o número de homens, talvez pela ideia que tenho de que nos cursos tecnológicos há mais homens do que mulheres. Poderá ser uma concepção errada, mas que me ajuda muito a suportar a ideia chave que vos quero apresentar: o mundo tecnológico desenvolve-se por uma única razão. Gajas.
Não me venham com tretas. A internet, os computadores, os telefones, a televisão de alta definição existem porque queremos ver gajas. Eu lembro-me de usar computadores com 20MB (sim, vinte megabytes) de disco rígido, e com monitores de apenas 4 tons de verde (CGA). Em relativamente poucos anos a ciência informática deu saltos de gigante. Alguém se lembra de que foi há poucos anos (menos de 10) que ainda se usavam muitos processadores 486 e que os discos rígidos tinham capacidades de poucos gigabytes? E querem convencer-me de que tudo isso evoluiu porque era preciso ter máquinas de maior capacidade para fazer documentos e folhas de cálculo? Para registar correspondência? Ou até mesmo para… jogar? Não! Os computadores evoluíram muito porque a horda de homens engenheiros por detrás do seu desenvolvimento queriam desenvolver algo que lhes permitisse ver mais gajas. Os discos rígidos aumentaram em capacidade para poder guardar mais gigabytes de gajas nuas, em fotos ou em vídeos. Querem convencer-me de que as placas gráficas evoluíram para melhorar a performance tridimensional dos jogos de computador? Não! As placas gráficas evoluíram porque era preciso reproduzir com maior fidelidade os finos detalhes da pele das gajas! O resto veio por acréscimo, só para disfarçar.
Mais… os telefones. Para falar ao telefone em qualquer canto do mundo basta que o dito aparelho permita atender chamadas, e fazê-las. Ter uma agenda é conveniente para não escrever sempre os números, mas desde que tenha essa dita agenda, permita digitar números, atenda e marque, cumpre a sua função. Certo? Certo. Mas nós temos telefones com displays a cores, muitas cores, com câmara fotográfica, com chamadas de video, com comunicação bluetooth, etc. E querem dizer-me que isso serve para comunicar melhor, para ser mais produtivo, para ter a informação na mão em qualquer lado? Não! Isso serve para contactar gajas, para fotografar gajas, para enviar e receber fotos de gajas nuas, para nós enviarmos fotos das nossas pendurezas (das quais elas se vão rir se estiverem, de facto, penduradas) por MMS, e para fotografar gajas desprevenidas na rua ou na praia.
A internet. Alguém se lembra da internet por dial-up? Olhem que não passou muito tempo. Há 7 anos por exemplo ainda se usava muito. Com modems de 56K. Em 2001 ou 2002 havia ainda pouca gente com banda larga (o próprio nome é parecido com bunda larga, lá está, de novo, a ligação às gajas) e a maioria dos acessos à internet fazia-se por linha telefónica em sistema dial-up, para consultar e-mails e fazer alguma pesquisa. Alguém precisa de banda larga para ler e-mail? São precisos 10, 20 ou 100Mbit de downstream para ler e-mail? Não! Isso serve para fazer download de gajas. A gente quer internet rápida para sacar muitas gajas da net. E se alguém disser “ah bom, mas mesmo para ler o e-mail, é bom ter banda larga”, isso é apenas porque o e-mail está cheio de gajas. São powerpoints com gajas. Videos com gajas. Gajas em todo o lado. Porque se o e-mail fosse usado para texto, sem anexos, a banda estreita chegaria quase sempre (há excepções, claro… enviar informação geográfica por e-mail exige mais. Mas se fosse só por isso, ninguém apostava na banda larga).
A televisão. Querem convencer-me de que a televisão de alta definição serve para ver melhor os jogos de futebol? Alguém quer ver com detalhe a relva dos estádios? As caretas dos jogadores ou os brincos do Ronaldo? Alguém precisa ver as manchas de sangue do CSI com maior detalhe para entender a história? Não!!!! A alta definição na televisão serve para levar para o sofá da sala aquilo que nos monitores dos PCs já existia: imagens de gajas com detalhe! Videos com detalhe, imagem com detalhe, gajas nítidas. Só isso. Note-se, a esse propósito, como um dos principais iscos dos sites eróticos é oferecer imagens cada vez maiores. Imagens de gajas em resolução 1024×768 é fraquinho, não entusiasma ninguém. O que os machos querem é imagens enormes, de 4000 ou 5000 pixeis no lado mais largo da imagem, imagens de muitos, muitos megapixeis, que num zoom de 100% permitem ver todos os sinais da pele da gaja, e até permitem ver qual o método que ela usa para se depilar. Podem ser um exagero, e para se conseguir ver a gaja completa é preciso ver a imagem com um zoom de 10 ou 15%, e cada imagem pode ter vários megabytes, mesmo comprimida em JPG. Mas isso não interessa. Porque a gente quer é gajas, e ter o poder de fazer zoom e ver a gaja ainda mais perto do que se estivessemos lá encostados com o nariz… é colossal.
Por isso, não me venham com tretas. O motor do desenvolvimento tecnológico é apenas um: gajas. Os computadores servem para ver gajas, os discos externos servem para transportar gajas, os telefones servem para receber e enviar gajas, a televisão serve para ver melhor as gajas, e a internet é o veículo das gajas. Não há nenhum segredo nisto.
O que eu não sei é o que seria da tecnologia se as gajas fossem as principais responsáveis por ela. Mas seria diferente."

João
Geografia das Curvas

Ninho com ovos

Estatueta em madeira com tronco de mulher e ovos sobre a vagina.
Trabalho de autor português, comprado em 1988 para a minha colecção.

Postalinhos da Capadócia

"Capadócia, Turquia, com as suas formações geológicas únicas, resultado de fenómenos vulcânicos e da erosão."
Rosa Amélia M.


12 dezembro 2013

Filipinas: «T-Bar» - anúncio a t-shirts que não chegou a ser posto no ar

Taça «carta de jogar ás de copas» com mulher nua deitada

Peça em faiança da minha colecção.


O Jardim Separado

"Escrevo para foder os contrafortes da mente, escrevo a fêmea que submerge da legião profunda e entra, rasgando todos os encalços nas labaredas húmidas do mundo. Fodo e escrevo, os caminhos ardentes do solstício uterino que permanece ininterrupto, a cada eclodir, as bocas ressonâncias, nos sexos que possuo encostados ao cio, aos lábios grandes, ligando- me as frases aos gemeres incompletos dos ventres que balouçam entre os faróis, demolindo, biografias, sítios, e os incêndios que alvejam de dentro das palavras pénias, expostas, grossas, fálicas, e que cadenciam as fodas laboriosamente, que eu amo e que me libertam o corpo dos trilhos machos."

do livro O Jardim Separado.

Luísa Demétrio Raposo

Não há fartura que não dê em fome

Crica para veres toda a história
A lâmina da espada


1 página

11 dezembro 2013

«Finitude» - João

"Somos confrontados, a espaços, com a finitude. A primeira vez que me recordo de dar conta que era finito, que a minha vida caminhava, inexoravelmente, para um conjunto de tábuas, foi aos oito anos. Não sei porquê. Podia ter sido antes, ou depois. Mas alguma coisa, de que eu não me recordo, criou em mim a percepção de que a vida era finita. De que todos morriam. E eu também. Lembro-me, com razoável nitidez, de estar deitado na cama a olhar para o tecto e a tentar imaginar a inexistência. A tentar imaginar o que seria eu – que me sentia tão vivo – deitado e imóvel, morto, sem pensar, sem olhar, sem sentir, sem respirar, sem estar. A minha mente de oito anos não conseguiu encaixar essa ideia tanto quanto a de trinta e sete recusa. A minha atitude perante a morte é hoje diferente, mas creio que aquilo que se consegue com a idade não é tanto o ser capaz de fazer aquilo que tentei com oito anos e não sentir algum pavor, mas sim desenvolver técnicas de evitar pensar na morte dessa forma, ou pelo menos relativizar a noção de morte.

Não sei, também, se a morte é temida pelo fim ou pelo processo. Estar morto poupa-nos a uma série de incómodos (e ecoa na minha mente, agora mesmo “a um morto nada se recusa, e eu quero por força ir de burro”) e se, na ausência de outros valores, nos dedicarmos a uma vida hedonista, poder-se-á conviver com a morte de forma desassombrada. Estamos cá, tiramos o máximo prazer que podemos das coisas, e depois passamos à inexistência. Mas o processo é lixado. A transição vida/morte não é sempre como um desligar de botão. Quando é uma transição prolongada, o suficiente para se sentir dor ou ter a percepção de que a vida está a momentos de terminar, o pavor instala-se, e é por isso que questiono se o que nos assusta, verdadeiramente, é o fim (estar morto), ou o processo (estar a morrer).

Afastando-nos do hedonismo, temos outras respostas noutras vias espirituais. A minha matriz católica – que mantenho, com dificuldades aqui e ali – alivia-me tanto o fim quanto o processo, no tanto em que o fim não é verdadeiramente o fim, e o processo pode contribuir para um fim melhor. I.e., a morte não é senão a inexistência física, mantendo-se a nossa existência incorpórea num plano não terrestre (o céu, o purgatório, ou o inferno), e o processo, porque o catolicismo associa o sofrimento à purificação, pode acelerar ou garantir o acesso ao céu, evitando o purgatório. Diga-se, ainda, que por via do catolicismo, a existência incorpórea no céu, no purgatório ou no inferno, não são uma decisão divina unilateral, mas sim uma pena auto-imposta quando às nossas almas é dada ver a nossa vida com os olhos do Criador. Outras religiões terão diferentes visões da morte, mas desconheço-as.

Os detractores das religiões dirão, prontamente, que tudo isto é uma forma elegante de resolver a morte. Uma prática de auto-engano. Uma ilusão que permite aos meninos de oito anos – e aos de trinta e sete – pensar na sua finitude sem desesperar. Sinto, para mim, que não o é, embora funcione. A noção de que o divino nos espera e de que a nossa existência se expande muito para lá da existência terrena é, obviamente, confortável. Até certo ponto, pelo menos. Colide, é certo, com o hedonismo que apetece. Mas mesmo isso é discutível. O Deus castigador do antigo testamento, que pertence a um determinado contexto, deu lugar a um Deus de amor inesgotável, que sempre nos recebe quando a Ele nos dirigimos. Mas não pareça este um texto dedicado à religião. A católica ou outra qualquer. Apenas aqui cheguei por causa das cerejas. Das palavras.

O que me levou a escrever foi a finitude que nos espreita e às vezes se mostra. Os nossos corações sempre se assustam quando a finitude espreita os nossos. Este ano já me assustei. Já me assustei comigo, já me assustei com a família, já me assustei com o coração. As nossas vidas não são as de borboletas. São vidas longas o suficiente para muitos chegarem ao ponto de já nem querer saber, e esperar a morte com muita paz senão até com desejo. Mas às vezes os sobressaltos acontecem muito, muito antes de tempo. Quando o tempo ainda não é o da pacificação, não é o do desejo da ausência que inibe o desconforto. Às vezes os sobressaltos acontecem numa altura em que tudo quanto queremos é mimo. Muito mimo. Alturas em que os corpos se querem próximos, não para o galope, mas para as carícias que fluem pela ponta dos dedos, suavemente, sobre a pele."

João
Geografia das Curvas

Mestre Shark - Faço Domicílios

O 69 é um número muito sobrevalorizado. A malta acha piada ao conceito em teoria mas depois queixa-se imenso de falta de coordenação e assim.

«conversa 2033» - bagaço amarelo

Ela - Ando a tirar um curso de pintura.
Eu - Fixe. Vou precisar de ti, então.
Ela - Porquê?
Eu - Porque as paredes da minha casa estão um nojo e vou ter que as pintar, coisa em que não tenho grande experiência.
Ela - Sabe-me sempre bem conversar contigo de vez em quando.
Eu - Porquê?
Ela - Porque me apercebo sempre do motivo pelo qual as coisas nunca resultaram entre nós.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»