03 fevereiro 2014

«respostas a perguntas inexistentes (264)» - bagaço amarelo

Sentei-me na mesa do café que me pareceu mais apetecível, isto é, naquela que me tornava o mais transparente possível. Todos os clientes estavam virados para o televisor e, naquele meu canto, nenhum dos seus olhares se cruzava comigo. Até a empregada de mesa demorou algum tempo a dar pela minha presença e, quando finalmente se aproximou, pediu-me desculpa.

- Não há problema. Queria um café e uma Macieira, por favor.

Não sei se já vos aconteceu ter o cérebro divido em dois, como se um dos hemisférios estivesse em plena actividade e o outro tivesse tirado algum tempo para sonhar. Era assim que eu estava. Por um lado, sentia-me pela primeira vez capaz de perceber tudo o que me tinha acontecido, de pegar nos factos e colocá-los numa linha de pensamento como se fosse um puzzle terminado. Finalmente, pensei. Por outro lado, sentia-me numa espécie de planeta gigante onde eu era o único habitante. Podia fazer tudo o que me apetecesse e não tinha receio nenhum da solidão. Por algum motivo, sabia que mais tarde ou mais cedo aterraria ali uma nave qualquer com uma mulher por quem me ia apaixonar.
Primeiro bebi a Macieira, num só golo ansioso. Depois beberiquei o café, gozando plenamente a mistura do seu sabor com o do brandy. Apercebi-me que o meu paladar estava bastante apurado. Depois abri um livro que comecei a ler nesse preciso momento, mas propriamente, O Processo, de Franz Kafka.
Dois anos antes, tinha eu dezasseis anos, apaixonei-me com a intensidade única que aquela idade permite por uma mulher bastante mais velha do que eu. Chamava-se Cristina, tinha trinta e poucos anos e cheirava sempre ao mesmo perfume, algo que me fazia lembrar longas extensões de campos verdes. Era casada com um homem qualquer que nunca cheguei a conhecer, mas que estava emigrado no Canadá e não dava notícias de vida há bastante tempo. Assim, juntaram-se por mero acaso um jovem surpreendido pelo Amor e uma mulher já desiludida com esse mesmo Amor.
Lembro-me que estava uma chuva intensa no dia em que ela me levou àquele café para se despedir de mim. Já me tinha dito que se queria afastar, mas faltava explicar o motivo, se é que o motivo para acabar uma relação é importante. Sinceramente, não sei se é. Sei que esperava que ela me viesse com aquela conversa habitual de que as nossas idades eram incompatíveis, ou que me anunciasse que o marido dela decidira aparecer de repente. Mas não.

- Exactamente daqui a dois anos, quando tu já fores maior de idade, se eu ainda estiver apaixonada por ti venho aqui a este café e espero toda a tarde que apareças.

Era fim de tarde e ela ainda não tinha aparecido. Paguei a conta, que entretanto contava com mais duas cervejas e uma torrada, e saí. Talvez tenha sido a primeira vez que o Amor me explicou que não vem sempre para ficar. Que é um viajante como qualquer outro que só está bem onde não está.
Às vezes ainda me pergunto, no entanto, se nesse dia ela se lembrou de mim.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Atender ao público é difícil

São milhares de histórias lindas.



Boa… sorte, senhor.

Capinaremos.com

02 fevereiro 2014

O Grand Theft Auto em versão realista... e convincente

Da dona


Ela casou com um animal de estimação e amestrara-o a cumprir diligentemente todos os requisitos que aprendera em casa de seus pais. Ele ia buscar o jornal e as compras voltando de língua de fora em busca de uma festinha no lombo arqueado e ali ficava junto dela, sempre alerta para satisfazer a dona. Era o que se podia chamar um animal de companhia.

Há muito que ela abdicara dos malabarismos com o seu corpo, talvez pensando que ele já não tinha idade para brincadeiras. Ele continuava a aninhar-se junto dela na cama acompanhando-lhe a curvatura mesmo sabendo de antemão que ela adormeceria placidamente. Então como se lhe crescesse o instinto de se encostar às árvores ele juntava as coxas ao pijama que cobria as nádegas dela e aí esfregava raivosamente o pénis visualizando a caixa do rabo de cavalo negro e seios roliços do supermercado, sempre com o extremo cuidado de recolher nas mãos as provas líquidas de tal acto.

De manhã, sob o duche quente friccionava de novo o membro sem osso, esgalgando-o bem, embalado na gotas pingando nas poças a seus pés, limpava todos os resquícios desses momentos, sacudia os cabelos que teimavam em lhe crescer na cabeça e ficava pronto para as ordens do novo dia.

«CensuraSão»

01 fevereiro 2014

«Faz sexo e salva uma vida*» - Hero Condoms

* ... por cada preservativo Hero comprado, um preservativo é doado num país subdesenvolvido para ajudar a reduzir o impacto do HIV.

«Sempre, mas hoje mais» - João

"Seja esta a mão que te percorre os cabelos e infunde paz, o ombro onde te apoias e o corpo onde te encostas. Bata o meu coração ao alcance do teu ouvido, e seja a minha respiração o único ruído suave que te embala. Sejam os meus braços aqueles que te recebem, as mãos abertas para amparar, um rosto novo de sorriso aceso para te suavizar a dor. Seja o meu silêncio preenchido de compreensão e amor, das coisas que não precisam dizer-se nem escrever-se, na tranquilidade de se saber que existe, que o pensamento está todo ali, e que mais nada, e mais ninguém, faz realmente diferença. Haja um beijo terno que viaje até ao longe que é esse perto, e recaia sobre ti como pena que o vento empurra até cair com um estrondo que ninguém sente, amparada pela Terra que se preparou para a acolher. Hajas tu, sempre. Haja eu, sempre. Haja o dia que sobrevém, com as pessoas que nos querem bem, e os rostos configurados de paz, com dedos que se entrecruzam e passos alinhados, num verde que se estenda entre o aqui e o sempre."
João
Geografia das Curvas

Pacotes de açúcar da colecção de arte erótica «a funda São»


Um sábado qualquer... - «Estratégias»



Um sábado qualquer...

31 janeiro 2014

«You Can Touch My Boobies» - Rachel Bloom

Postalinho «Quem é que vende o quê?!»

Eva portuguesa - «A puta e a amante»

Estava farto da monotonia sexual que o seu relacionamento de 15 anos impusera.
Não do casamento em si, note-se! Amava realmente a sua mulher, mãe das suas 3 filhas, companheira de uma vida, a sua melhor amiga. E também a desejava. De vez em quando... sobretudo quando sentia o seu cheiro, aquele mesmo que sempre conhecera. Mas ela estava sempre cansada... sempre sem vontade... não lhe conseguia acender o desejo, por pequeno que fosse, que em tempos viveram... 

Também ela tinha sido educada como uma senhora; havia coisas que jamais lhe faria ou pediria para ela fazer...
E foi assim que, ao fim de 3 anos de casamento, foi pela primeira vez às meninas. Levado por outro amigo, entrou num mundo que o fascinava, que lhe permitia realizar todos os seus desejos, todas as suas fantasias.
Andava saciado e feliz. E até começou a apreciar mais fazer amor com a sua mulher, sabendo que sempre que quisesse teria outra à sua disposição. Uma puta, é certo, mas não menos mulher a nível sexual...
Ao fim de uma dúzia de meses de ter começado a frequentar o mundo da prostituição, entra uma nova vendedora para a empresa da qual era director. Não sendo modelo, tinha um corpo bem torneado e um ar de menina/mulher safada que a tornavam extremamente sensual e desejável. Começou a imaginar que era com ela que estava sempre que fazia sexo com uma profissional; ou que fazia amor com a sua mulher. O desejo começou a tomar conta dos seus pensamentos. Até que um dia, numa convenção de vendas, se envolveram. Passaram a ser amantes. Os encontros eram escaldantes e mais baratos do que as tarifas cobradas pelas profissionais. Pelo menos de inicio...
Mas os meses foram passando e a amante começou a tornar-se pior que a mulher: fazia exigências, cobranças, cravava-o com perguntas e por fim começou a negar sexo ou fazia-o como que por obrigação. Para além dos gastos, que se tornaram excessivos: jantares nos melhores restaurantes, fins de semana em hotéis 5*, prendas caras, viagens ao estrangeiro, etc.
O fim foi quando a menina exigiu que ele deixasse a mulher, algo que nunca pretendera fazer, e ameaçou contar tudo. Entre sms duvidosos a altas horas da manhã, chamadas anónimas e fitas à porta de sua casa, a situação tornou-se descontrolável. Maldita a hora em que arranjara uma amante!
Com grande jogo de cintura e muito sangue frio, conseguiu resolver as coisas sem comprometer o seu casamento.
E voltou para uma zona de conforto: ir às meninas. Apesar de tudo saíam bem mais baratas, não chateavam, era tratado como um rei e não corria os riscos de pôr descaradamente em causa o seu casamento.
Conclusão: entre a puta e a amante, sem dúvida que a sua escolha era a puta. No final, a amante tornara-se a pior escolha...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

O sorriso anal da Erica Fontes

Coloquei aqui, há alguns dias, uma citação da Erica Fontes no seu livro «De corpo e alma»: "Há actores que dizem, por graça, que há mais respeito pelos outros na pornografia do que na religião".
O Triângulo Felpudo o_pinou que "há várias coisas impossíveis no universo. Uma delas é mostrar-se voluntariamente ao mundo levando no cu de múltiplos caralhos, em planos apertados da zona de impacto, e pretender-se respeitável."
Nos comentários desse post cruzámos argumentos.
Entretanto a Erica Fontes, no Twitter, limitou-se a sorrir: