Jardim dos Mijões é uma roda em barro com vários homens nus com chapéus, da autoria de Júlia Côta (Barcelos).
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08 abril 2014
07 abril 2014
Trolha no tasco
"Olha lá ó garanhão das avenidas, queres as amêijoas à Bulhão Pato?"
"Não, foda-se. Como-as à canzana."
"Não, foda-se. Como-as à canzana."
«coisas que fascinam (164)» - bagaço amarelo
Acontecem coisas estranhas nos dias normais. Nenhuma dessas coisas é igual a outra, mas nunca damos por elas porque acontecem regularmente. É isso que as torna iguais, apesar de diferentes. Uma vez por outra, muito raramente, numa dessas coisas surge um pequeno rasgo de Amor, assim como um passageiro desconhecido que sai do comboio num apeadeiro qualquer à procura de aventura.
Numa estação do metro do Porto, num dia em que o céu se assemelhava a uma cinzenta aguarela infantil, uma mulher dividiu o guarda-chuva dela comigo. Ficou ali a segurá-lo, protegendo-me da água que ia caindo, como se isso fosse a coisa mais natural deste mundo. Mas não era. A normalidade depende da estatística e eu não via mais ninguém a dividir o guarda-chuva com um estranho. Esse dia foi hoje.
Ela não disse nada. Nem sequer uma palavra. Eu só disse uma. Obrigado. Depois vi-a sair em Campanhã e entrar no comboio para Braga, enquanto eu me dirigia para a linha seis onde me esperava o comboio para Aveiro. Provavelmente nunca mais a vejo. De certeza que nunca mais a esqueço.
É no comboio que escrevo estas linhas. Sentei-me à frente dum casal. Ele dormia com a cabeça pousada no ombro dela, enquanto ela olhava pela janela como se analisasse ao pormenor uma pintura qualquer. Os nossos olhares encontraram-se por uma pequena fracção de segundo, como se fossem duas borboletas num voo tonto, para logo a seguir pousarem em pontos distantes.
Ela acabou por sair na estação de Esmoriz. Primeiro afastou-lhe cuidadosamente a cabeça e pousou-a para trás, como se estivesse a mudar de sítio uma frágil peça de louça. Depois levantou-se e saiu em silêncio enquanto ele lhe pediu desculpa, ainda estremunhado. Afinal não eram um casal. Não se conheciam de lado nenhum, mas ele adormecera no ombro dela e ela deixara-se estar ali, tão quieta como uma fêmea leoa que protege uma cria de cordeiro.
Acontecem coisas estranhas nos dias normais. Uma das coisas mais estranhas que me acontece a mim é quase nunca dar por elas. Se desse, se eu fosse capaz de reparar todos os dias nas mulheres que têm a coragem de salvar o dia de um homem, tenho a certeza que os meus dias seriam diferentes. Mais estranhos e mais normais. Certamente melhores.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
06 abril 2014
«Rostos sem rosto - a prostituta» - depoimento recolhido por Luís Fernandes
“Sou prostituta, tenho 48 anos de idade, e exerço esta actividade nas ruas da Baixa há cerca de uma dezena de anos. Nasci em Miragaia, no Porto. Dei o primeiro grito numa família abastada. Muito abastada. O meu pai, hoje aposentado, era quadro superior de um banco. Estudei até ao 12.º ano num colégio católico. Não me faltou nada. Fui educada com muito amor e carinho. O problema, talvez maior, é que os meus pais são divorciados. A minha mãe é toxico-dependente e alcoólica. Depois tirei um curso de esteticista, massagista e visagista – assessora de imagem. Exerci na cidade Invicta. Casei cedo e assim me mantive durante 20 anos, até conseguir aguentar a porrada que levava do meu ex-marido e os maus tratos associados. Eu era uma mulher linda! Ainda hoje sou, apesar de estar um pouco estragada. Casei para me libertar do bloqueio da minha família, que nem um cigarro me deixava fumar. Sentia-me asfixiada pelos meus pais. Gostava do meu marido, mas depressa o meu sonho se desvaneceu. Ele comigo fazia pouco sexo, mas ia às prostitutas. Várias vezes apanhei doenças venéreas por causa disso. A nossa existência é muito cruel. Nunca pensei em enveredar por esta vida. Enquanto casada, tantas vezes me ofereceram dinheiro para eu fazer sexo mas eu nunca quis. Era o amor, sabe? Até que tive de fugir dele por não aguentar tanta pancada – pode ter a certeza de que, se calhar, como eu, a maioria das prostitutas que anda por aí foi vítima de violência doméstica.
A vida depois da vida
Então, com, mais ou menos, 38 anos respondi a um anúncio de uma revista e conheci um homem. Ele trouxe-me para Coimbra embalada na esperança de uma vida melhor. Mas quem nasce atrás do sol-posto, com a má-sorte associada, dificilmente verá o astro-rei brilhar. O fulano tinha apenas uma intenção em mente: que eu me prostituísse. E depressa estava a aprender o “bê, à, bá” da mais antiga profissão do mundo. Ele pertencia a uma rede de carne branca com ligações a França e Holanda. Para me libertar dele foi o cabo das tormentas. Mas, nessa altura, ninguém me ajudou. Cheguei a ir pedir ajuda a um vereador da Câmara Municipal, para me arranjar um trabalho, e ele respondeu que eu fosse para o Largo do Paço do Conde. Que era lá o meu lugar – que, curiosamente, é onde estou quase sempre e junta com outras mulheres. Mais tarde apareceu-me um engenheiro de uma instituição do Estado, um chefe de serviço –que ainda hoje lá exerce - que, dizendo que gostava de mim, se revelou um gigolo. Pôs-me a trabalhar na noite. Eu gostava dele, por isso me tornei sua amante. Mas o interesse dele não era o meu amor. Tinha uma forma sub-reptícia, muito subtil, de se bater aos meus ganhos, pedia prendas de grande valor. Nunca me deu nada. E eu tive de aprender à minha custa. Os homens não valem uma merda! É amá-los e fornicá-los! Que é o que faço mesmo! Dão-me prazer, um gozo danado, e ainda me pagam. Quem é aqui o utilizado? São muito estúpidos! Às vezes perguntam-me se eu tenho orgasmo. Tenho sim, filho – respondo. Tenho dois. O primeiro quando me pagas e o segundo quando te vejo a puxar as calças para ires embora.
Um pouco de amor. Please!
Sofro de esquizofrenia bipolar. Tenho de tomar medicamentos para me aguentar. Às vezes pareço zonza –sei lá quantas vezes você, ao passar por mim, assim teria pensado, que eu levava uma broa. Nada disso. Eu não me drogo. Os homens tratam-nos como coisas sem valor. Mas eu tenho sentimentos. Preciso de ser amada, ter um pouco de carinho. E não tenho. Por vezes, quando estou mais em baixo, ligo ao meu pai só para ouvir a sua voz, mas ele não me dá hipótese de continuar a conversa e corta logo: “fala-me em números! Quanto precisas?” – ele nem a minha voz quer ouvir. O meu progenitor, apesar de ter refeito a sua vida com outra mulher, vê em mim a minha mãe – que, quando nova, era muito linda -, na voz, na imagem e em tudo. Nunca superou isso. Ele todos os meses deposita cerca de 200 euros na conta do assistente social que me acompanha. É este técnico que me vai dando o dinheiro ao longo do mês. Estou a viver numa pensão da Baixa – mas não levo para lá clientes.
Escorregar no caminho
Cai-se na prostituição por três motivos. Por expiação – no sentido de expurgar a culpa. Mas que culpa? Por inspiração – há mulheres que gostam mesmo desta vida. E por omissão – entregam-se à actividade sem recalcitrar. Sem se questionarem. Deixam-se ir na corrente.
Isto é também um vício. Às vezes saio à noite para levar um agasalho a uma colega e acabo por ficar. O dinheiro cega-me, sabe? Embora não precise de muito. Por conseguinte, logo que faça 20 euros por dia, com um ou dois clientes, chega-me. Não quero mais! Outras vezes também faço isto por missão. Pode achar inverosímil, mas eu tenho prazer em dar satisfação aos homens.
Esta vida fez de mim uma psicóloga. Olho para qualquer rosto e, sem nunca o ter visto, sou capaz de descrever a pessoa. Habituei-me a ler um homem através da face. Saber ao segundo o que é que ele quer de mim. Trabalho com homens sem taras. Estes indivíduos são perigosos. Tive más experiências. Já fui violada mas não comuniquei à polícia. Ele apontou-me uma pistola, amarrou-me e levou-me para a mata. Sei quem é, mas não quero falar disso. Nem os cães violam as cadelas, porra! Trabalho com viúvos, divorciados e solteiros. Já me propuseram casamento. Outros querem que eu vá viver com eles. Na maioria das vezes, sobretudo os mais velhos, querem-me como companhia. Sou mais virada para o trabalho de acompanhante… popular. Não é acompanhante de luxo! Vêem mais em mim a mulher e menos o objecto sexual. Está a perceber?!
As pessoas da Baixa tratam-me, todos, muito bem. Com muito afecto! Sou simpática, não me drogo e não sou malcriada para ninguém. Faço aqui as compras todas. Se tenho dinheiro pago logo, se não deixam-me levar. Confiam em mim. Sabem que, apesar de ser prostituta, sou séria. Tenho dignidade. Tenho coração. Aqui, dentro do peito bate uma alma. Entende? Sabem o que eu faço. Não ando mascarada. Sabem que tenho uma filha que é médica e um rapaz que é economista – os meus rebentos sabem muito bem o que faço. Dizem que a escolha é minha, é uma opção de vida, e não têm nada a ver com isso. São uns queridos, os meus filhos, não são?
Acabei a gostar desta vida. É uma forma de libertação. O patrão não bate e a patroa não ralha.
Não espero nada da vida! Não tenho ilusões. O amor é uma utopia!"
A vida num cartão
Anda sempre acompanhada com um cartão de vacinas que ostenta no cabeçalho “Cartão Controlo do GAT-UP-REDUZ”. Este serviço está sediado no Terreiro da Erva. É com ele que vai requisitar preservativos. “São muito bons para mim e para outras como eu - enfatiza. Se não fossem estas instituições o que haveria de ser de nós? Levam-nos ao hospital para fazer exames de três em três meses. Olhe aqui a data! Fiz há dias análises ao sangue. Faço amiúde vezes rastreio contra o HIV, Hepatite, Cancro do útero e da mama, e Sífilis. A maioria dos clientes nem sabe disto. Pouca gente sabe. Mas quando a polícia nos identifica pede sempre este cartão de vacinas. Você também não sabia, pois não?”
(Todo este impressionante depoimento é real)
Luís Fernandes
Blog «Questões Nacionais»
A vida depois da vida
Então, com, mais ou menos, 38 anos respondi a um anúncio de uma revista e conheci um homem. Ele trouxe-me para Coimbra embalada na esperança de uma vida melhor. Mas quem nasce atrás do sol-posto, com a má-sorte associada, dificilmente verá o astro-rei brilhar. O fulano tinha apenas uma intenção em mente: que eu me prostituísse. E depressa estava a aprender o “bê, à, bá” da mais antiga profissão do mundo. Ele pertencia a uma rede de carne branca com ligações a França e Holanda. Para me libertar dele foi o cabo das tormentas. Mas, nessa altura, ninguém me ajudou. Cheguei a ir pedir ajuda a um vereador da Câmara Municipal, para me arranjar um trabalho, e ele respondeu que eu fosse para o Largo do Paço do Conde. Que era lá o meu lugar – que, curiosamente, é onde estou quase sempre e junta com outras mulheres. Mais tarde apareceu-me um engenheiro de uma instituição do Estado, um chefe de serviço –que ainda hoje lá exerce - que, dizendo que gostava de mim, se revelou um gigolo. Pôs-me a trabalhar na noite. Eu gostava dele, por isso me tornei sua amante. Mas o interesse dele não era o meu amor. Tinha uma forma sub-reptícia, muito subtil, de se bater aos meus ganhos, pedia prendas de grande valor. Nunca me deu nada. E eu tive de aprender à minha custa. Os homens não valem uma merda! É amá-los e fornicá-los! Que é o que faço mesmo! Dão-me prazer, um gozo danado, e ainda me pagam. Quem é aqui o utilizado? São muito estúpidos! Às vezes perguntam-me se eu tenho orgasmo. Tenho sim, filho – respondo. Tenho dois. O primeiro quando me pagas e o segundo quando te vejo a puxar as calças para ires embora.
Um pouco de amor. Please!
Sofro de esquizofrenia bipolar. Tenho de tomar medicamentos para me aguentar. Às vezes pareço zonza –sei lá quantas vezes você, ao passar por mim, assim teria pensado, que eu levava uma broa. Nada disso. Eu não me drogo. Os homens tratam-nos como coisas sem valor. Mas eu tenho sentimentos. Preciso de ser amada, ter um pouco de carinho. E não tenho. Por vezes, quando estou mais em baixo, ligo ao meu pai só para ouvir a sua voz, mas ele não me dá hipótese de continuar a conversa e corta logo: “fala-me em números! Quanto precisas?” – ele nem a minha voz quer ouvir. O meu progenitor, apesar de ter refeito a sua vida com outra mulher, vê em mim a minha mãe – que, quando nova, era muito linda -, na voz, na imagem e em tudo. Nunca superou isso. Ele todos os meses deposita cerca de 200 euros na conta do assistente social que me acompanha. É este técnico que me vai dando o dinheiro ao longo do mês. Estou a viver numa pensão da Baixa – mas não levo para lá clientes.
Escorregar no caminho
Cai-se na prostituição por três motivos. Por expiação – no sentido de expurgar a culpa. Mas que culpa? Por inspiração – há mulheres que gostam mesmo desta vida. E por omissão – entregam-se à actividade sem recalcitrar. Sem se questionarem. Deixam-se ir na corrente.
Isto é também um vício. Às vezes saio à noite para levar um agasalho a uma colega e acabo por ficar. O dinheiro cega-me, sabe? Embora não precise de muito. Por conseguinte, logo que faça 20 euros por dia, com um ou dois clientes, chega-me. Não quero mais! Outras vezes também faço isto por missão. Pode achar inverosímil, mas eu tenho prazer em dar satisfação aos homens.
Esta vida fez de mim uma psicóloga. Olho para qualquer rosto e, sem nunca o ter visto, sou capaz de descrever a pessoa. Habituei-me a ler um homem através da face. Saber ao segundo o que é que ele quer de mim. Trabalho com homens sem taras. Estes indivíduos são perigosos. Tive más experiências. Já fui violada mas não comuniquei à polícia. Ele apontou-me uma pistola, amarrou-me e levou-me para a mata. Sei quem é, mas não quero falar disso. Nem os cães violam as cadelas, porra! Trabalho com viúvos, divorciados e solteiros. Já me propuseram casamento. Outros querem que eu vá viver com eles. Na maioria das vezes, sobretudo os mais velhos, querem-me como companhia. Sou mais virada para o trabalho de acompanhante… popular. Não é acompanhante de luxo! Vêem mais em mim a mulher e menos o objecto sexual. Está a perceber?!
As pessoas da Baixa tratam-me, todos, muito bem. Com muito afecto! Sou simpática, não me drogo e não sou malcriada para ninguém. Faço aqui as compras todas. Se tenho dinheiro pago logo, se não deixam-me levar. Confiam em mim. Sabem que, apesar de ser prostituta, sou séria. Tenho dignidade. Tenho coração. Aqui, dentro do peito bate uma alma. Entende? Sabem o que eu faço. Não ando mascarada. Sabem que tenho uma filha que é médica e um rapaz que é economista – os meus rebentos sabem muito bem o que faço. Dizem que a escolha é minha, é uma opção de vida, e não têm nada a ver com isso. São uns queridos, os meus filhos, não são?
Acabei a gostar desta vida. É uma forma de libertação. O patrão não bate e a patroa não ralha.
Não espero nada da vida! Não tenho ilusões. O amor é uma utopia!"
A vida num cartão
Anda sempre acompanhada com um cartão de vacinas que ostenta no cabeçalho “Cartão Controlo do GAT-UP-REDUZ”. Este serviço está sediado no Terreiro da Erva. É com ele que vai requisitar preservativos. “São muito bons para mim e para outras como eu - enfatiza. Se não fossem estas instituições o que haveria de ser de nós? Levam-nos ao hospital para fazer exames de três em três meses. Olhe aqui a data! Fiz há dias análises ao sangue. Faço amiúde vezes rastreio contra o HIV, Hepatite, Cancro do útero e da mama, e Sífilis. A maioria dos clientes nem sabe disto. Pouca gente sabe. Mas quando a polícia nos identifica pede sempre este cartão de vacinas. Você também não sabia, pois não?”
(Todo este impressionante depoimento é real)
Luís Fernandes
Blog «Questões Nacionais»
Pilhão
Mastigava demoradamente um daqueles divinais pastéis de massa tenra do Frutalmeidas que agora estão caros que eu sei lá mas agora não vem ao caso, quando ele entrou de fato e gravata. Duvidei da sua origem terrestre por causa da patilha suplementar em cima da orelha. Mas como puxou do bolso interior de um notepad para escrevinhar algo enquanto falava e gesticulava para nenhures fiquei segura de que era português, cidadão do povo mais telemovelizado da Europa.
Pareceu-me mais humano quando alargou o nó da gravata para sorver a sopinha pela tijela antes de se bater com três pastéis e essa sensação cresceu quando percebi que me espiava os joelhos cruzados debaixo da mesa. Devia ser um homem ocupado porque sem retirar o auricular pediu-me para se sentar na minha mesa e aí tomar café e sem grandes rodeios informou-me que tinha um cliente às quatro da tarde embora como morasse ali nos prédios construídos pelo Estado Novo para as famílias com rendimentos ainda haveria tempo para fazermos uma digestão mais divertida.
Como não tinha mais nada com que ocupar o início da tarde e nutria alguma curiosidade sobre a sua movimentação desamparada de tecnologias, acedi. Descobri um homem que de um fôlego começava a carregar e a murmurar uma linguagem estranha como a de sms de gaiatos até morrer como um telemóvel. Por descarga de bateria. E só quando o preservativo já saía por si próprio e entornava nos lençóis é que ele a custo se levantava para o ir deitar no lixo.
Pareceu-me mais humano quando alargou o nó da gravata para sorver a sopinha pela tijela antes de se bater com três pastéis e essa sensação cresceu quando percebi que me espiava os joelhos cruzados debaixo da mesa. Devia ser um homem ocupado porque sem retirar o auricular pediu-me para se sentar na minha mesa e aí tomar café e sem grandes rodeios informou-me que tinha um cliente às quatro da tarde embora como morasse ali nos prédios construídos pelo Estado Novo para as famílias com rendimentos ainda haveria tempo para fazermos uma digestão mais divertida.
Como não tinha mais nada com que ocupar o início da tarde e nutria alguma curiosidade sobre a sua movimentação desamparada de tecnologias, acedi. Descobri um homem que de um fôlego começava a carregar e a murmurar uma linguagem estranha como a de sms de gaiatos até morrer como um telemóvel. Por descarga de bateria. E só quando o preservativo já saía por si próprio e entornava nos lençóis é que ele a custo se levantava para o ir deitar no lixo.
05 abril 2014
Sapo avantajado
Sapo com grande pénis, em faiança, da minha colecção.
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