11 junho 2014
«conversa 2079» - bagaço amarelo
(numa esplanada)
Eu - Estás com ar pensativo...
Ela - Sim, estava aqui a olhar para as pessoas...
Eu - E?
Ela - E não percebo porque é que os homens engordam à frente e as mulheres engordam atrás...
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Gosto de ti» - João
"Gosto de ti como quem gosta de cidades, com as suas ruas e becos, escadarias e sombras, lugares onde parar e ficar, com pontes e recantos. Gosto de ti como quem gosta do campo, com rios e prados, árvores de sombra e caminhos ondulantes. Gosto de ti como a brisa que agita cabelos e roupas leves, e transporta no ar uma palavra, um verbo preso. Gosto de ti como quem gosta do calor que contraria o frio do outro lado dos lençóis. Gosto de ti como o gel que escorre na pele suave debaixo de um chuveiro quente. Gosto de ti como quem se embrulha numa toalha turca e assim fica, na nudez que espera o toque. Gosto de ti como o dia e a noite, como a tesão que não demora, os risos felizes, os elevadores que sobem enquanto dançamos xadrez num metro quadrado num rápido xeque-mate. Gosto de ti como os cabelos que se acariciam num sofá, numa preguiça quente que deixa tudo lá fora a rodar sem nós. Gosto de ti como tu gostas de mim."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
10 junho 2014
Eva portuguesa - «P»
P... de puta, psicóloga, padre. Tudo coisas que nós somos/fazemos. Porque nos procuram não só pelo sexo. Mas também e sobretudo por isso.P... de professora, padeiro e policia. Porque todos somos policias. Infelizmente, tendemos a ser policias dos outros; criticando, julgando e condenando as suas atitudes, as suas formas de ser e estar. Mas devíamos mesmo era ser policias de nós mesmos; da nossa consciência, das nossas atitudes.P... de parva, de palavra e de paixão. Palavra, uma ferramenta tão simples mas tão poderosa... capaz de ferir mais do que a mais pesada das pedras... Algo que devia ser utilizado com sabedoria e cautela mas que usamos ao desbarato, sem medir a sua força, a sua capacidade destruidora. Limitamo-nos a lançar assim para o ar, a deixar que nos saia livre e impunemente da boca, como se sofrêssemos de uma diarreia verbal.
Paixão. Ah! A paixão... fugimos dela, perseguimo-la, somos seus donos e seus escravos, seus causadores e suas vítimas. Paixão... aquele sentimento que nos consome, que vem do mais profundo de nós e nos queima por dentro, atormenta e delicia. Que nos tira o sono e a fome, nos dá forças desconhecidas e nos rouba a vida quase que num sopro. Paixão.. .talvez o mais fugaz e intenso sentimento que o ser humano pode viver... Como uma onda gigante, leva tudo à sua frente, sem misericórdia nem compaixão. E que,assim como se formou do nada, ao nada retorna repentinamente.P...de poligamia, perfeição e promessa. Promessas que fazemos e não cumprimos. Promessas que nos são lançadas e constantemente defraudadas. Promessas que nos dão esperança e nos deixam na merda. Perfeição... a nossa busca constante, a nossa luta diária. A procura do inalcançável, a fantasia do irreal, a crença dos audazes, o credo dos inteligentes. Perfeição... o que nos faz crescer, melhorar, avançar. O balão lançado no ar que vemos mas não conseguimos agarrar. Mas continuamos a persegui-lo... porque assim o dita a nossa natureza. Porque só assim evoluímos. Porque não conseguimos deixar de o fazer. Ou simplesmente porque sim.P... uma letra... tanto que existe dentro dela...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Paixão. Ah! A paixão... fugimos dela, perseguimo-la, somos seus donos e seus escravos, seus causadores e suas vítimas. Paixão... aquele sentimento que nos consome, que vem do mais profundo de nós e nos queima por dentro, atormenta e delicia. Que nos tira o sono e a fome, nos dá forças desconhecidas e nos rouba a vida quase que num sopro. Paixão.. .talvez o mais fugaz e intenso sentimento que o ser humano pode viver... Como uma onda gigante, leva tudo à sua frente, sem misericórdia nem compaixão. E que,assim como se formou do nada, ao nada retorna repentinamente.P...de poligamia, perfeição e promessa. Promessas que fazemos e não cumprimos. Promessas que nos são lançadas e constantemente defraudadas. Promessas que nos dão esperança e nos deixam na merda. Perfeição... a nossa busca constante, a nossa luta diária. A procura do inalcançável, a fantasia do irreal, a crença dos audazes, o credo dos inteligentes. Perfeição... o que nos faz crescer, melhorar, avançar. O balão lançado no ar que vemos mas não conseguimos agarrar. Mas continuamos a persegui-lo... porque assim o dita a nossa natureza. Porque só assim evoluímos. Porque não conseguimos deixar de o fazer. Ou simplesmente porque sim.P... uma letra... tanto que existe dentro dela...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«Opus» - Susana Duarte
obra,
sabedoria prenhe de gazelas
sobre folhas caídas do peito
obra imperfeita, perfeita, inacabada e acabada
mantida nas pálpebras,
sobre o chão de folhas
da alma:
inverno nú, ave rasteira à terra
____ave entre as pernas da noite_____
obra acabada. solidão imperfeita:
olhos de água, rasos de auroras
nunca mais acontecidas.
flores do meu dorso,
em alvoradas desmedidas.
alvas estrelas de som, em noites imperfeitas
que, na hora de todas as quimeras,
se apoderam de todas as luzes do ventre
e me tolhem da quieta mansidão do sono.
hibiscos rosa. claridade do sonho:
habitas-me todas as utopias.
desagrega-me. agrega-me à areia do teu corpo.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
sabedoria prenhe de gazelas
sobre folhas caídas do peito
obra imperfeita, perfeita, inacabada e acabada
mantida nas pálpebras,
sobre o chão de folhas
da alma:
inverno nú, ave rasteira à terra
____ave entre as pernas da noite_____
obra acabada. solidão imperfeita:
olhos de água, rasos de auroras
nunca mais acontecidas.
flores do meu dorso,
em alvoradas desmedidas.
alvas estrelas de som, em noites imperfeitas
que, na hora de todas as quimeras,
se apoderam de todas as luzes do ventre
e me tolhem da quieta mansidão do sono.
hibiscos rosa. claridade do sonho:
habitas-me todas as utopias.
desagrega-me. agrega-me à areia do teu corpo.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Revista «Le nouveau Marianne» nº 892 - Les Français, la politique et le sexe (os franceses, a política e o sexo)
Revista francesa de política com um artigo de capa sobre os franceses, a política e o sexo (páginas 20 a 29).
A partir de agora, junta-se a muitos outros exemplares de números especiais de revistas internacionais da minha colecção.
O detalhe das pilas políticas da capa:
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
A partir de agora, junta-se a muitos outros exemplares de números especiais de revistas internacionais da minha colecção.
O detalhe das pilas políticas da capa:
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
09 junho 2014
Luís Gaspar lê «Cantos/II» de António Barahona
O início és tu: magra e fecunda deitada
sobre as folhas do Outono o ritmo
perfeito do amor no gesto esguio, na
glíptica cabeça, te concede a qualidade
de divina nua ascenderes dentro da noite
Corto a pedra onde modelo para
sempre a tua posição: desenho de
luz inquietante, sombra de animal
na montanha culta de agilidade e insónia
E penso na paisagem que habitas:
roupa de perfume nas cadeiras, o
urso polar, brinquedos, crianças,
solidão aérea de ausência tanta e a
presença da casa, alva barca
calada no mar ou na doca plana
Dás tudo ao homem que o homem quer:
irmã necessária, tépida e exacta, inclinada
sobre o filho és mãe numa hora, nos meus braços
oculta, filha fugidia Oh descantado
assombro da beleza inúmera, mulher, minha
esposa toda a vida
António Barahona
Escritor português, de nome completo António Manuel Baptista Barahona da Fonseca, nasceu em 1939, em Lisboa. Partindo da escrita surrealista - António Barahona da Fonseca integrou o grupo do Café Gelo. Após se ter convertido ao islamismo adoptou o nome Muhammad Abdur Rashid Barahona, com que passou a assinar alguns dos seus trabalhos.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
sobre as folhas do Outono o ritmo
perfeito do amor no gesto esguio, na
glíptica cabeça, te concede a qualidade
de divina nua ascenderes dentro da noite
Corto a pedra onde modelo para
sempre a tua posição: desenho de
luz inquietante, sombra de animal
na montanha culta de agilidade e insónia
E penso na paisagem que habitas:
roupa de perfume nas cadeiras, o
urso polar, brinquedos, crianças,
solidão aérea de ausência tanta e a
presença da casa, alva barca
calada no mar ou na doca plana
Dás tudo ao homem que o homem quer:
irmã necessária, tépida e exacta, inclinada
sobre o filho és mãe numa hora, nos meus braços
oculta, filha fugidia Oh descantado
assombro da beleza inúmera, mulher, minha
esposa toda a vida
António Barahona
Escritor português, de nome completo António Manuel Baptista Barahona da Fonseca, nasceu em 1939, em Lisboa. Partindo da escrita surrealista - António Barahona da Fonseca integrou o grupo do Café Gelo. Após se ter convertido ao islamismo adoptou o nome Muhammad Abdur Rashid Barahona, com que passou a assinar alguns dos seus trabalhos.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«conversa 2078» - bagaço amarelo
Eu - O que é que tem ser uma mulher como tu?
Ela - Gosto de dormir na diagonal da cama e de ocupar o colchão todo. Durmo mal se sinto alguém a mexer ao meu lado...
Eu - Podes sempre ter duas camas. Uma para ti, outra para ele.
Ela - O meu ex-marido dormia no chão.
Eu - E ele aceitava isso? Se tu é que estavas mal, ias tu para o chão.
Ela - Eu gosto de dormir na diagonal da cama, não na diagonal do chão.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
08 junho 2014
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