06 agosto 2014

«BABAR» - Part Company


BABAR - Part Company from Ramón Ayala on Vimeo.

«conversa 2091» - bagaço amarelo




Ela - Diz-me uma coisa: existem homens altos com o pénis pequeno e homens baixos com o pénis grande?
Eu - Sei lá!
Ela - Caramba! Precisava de saber...
Eu - Porque é que raio queres saber isso?
Ela - Ontem bebi uns copos a mais e contei umas histórias ao jantar...
Eu - E?!
Ela - E espero que sejam verosímeis...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A Nu





«Desta maré que te trouxe» - João

"Quando a maré cheia me cobriu, eu estava deitado na areia, queimado do Sol, incomodado na pele, e a princípio foi um choque sentir toda aquela água sobre mim. Mas a água trouxe-te, e vi-me com o teu corpo deitado sobre o meu, os teus joelhos de cada lado, apoiados na areia, as minhas mãos nas tuas coxas – as tuas coxas, como as quero -, o teu cabelo cobrindo-me a cara e os olhos nos olhos, e depois um beijo, e palavras que as marés não levam, não arrastam. As tuas mãos, os teus dedos, tocavam-me a face, cruzavam os meus ralos cabelos, e eram bálsamo derramado sobre mim, expressão da doçura, da tua doçura, que o mar esconde entre as cristas e cavas, e só marinheiros de um mar muito especial, só marinheiros de um corpo teu, conseguem ver, podem sentir, rogam provar. Mas a maré que te trouxe, levou-te. Escavou a areia sob os nossos corpos, e quando a maré está lá longe, fogem as cristas e as cavas, e volto a ressequir a pele ao Sol, arremessado sobre um espraiado de grãos grossos que marcam e arranham, a meio caminho entre a humidade da água que se foi e a secura de uma duna deserta. E enquanto me contorço, esticando o braço que transporta a mão até agarrar a areia e segurar conchas de animais que viveram e partiram, escuto o crepitar da rebentação longínqua e fixo o olhar na Lua que surge ao final da tarde, desafiando o reflexo do Sol, e de novo me deito sobre as costas magoadas, à espera de ser lavado pelas águas, com os teus joelhos de cada lado do meu corpo, e a tua bacia sobre a minha, ondulando, de cabelos pendendo sobre o meu rosto ou a boca junto ao ouvido, dizendo-me as coisas que dizes, fazendo esquecer as dores das costas, as dores dos ombros, adoçicando a minha alma com as tuas palavras de açúcar e risos de garota, que fazem finalmente repousar este marinheiro forçado, coberto de sal e sangue."
João
Geografia das Curvas

05 agosto 2014

Homens e mulheres no local de trabalho... coexistência nada pacífica


Olivia Cote Vous Les Femmes - Harcelement por vivrenu-tv

«mulher,» - Susana Duarte

dançarás, mulher, uma dança
feita de corpos desejantes,
metáforas dançantes
e feitiçaria.

dançarás, mulher,
sobre os escombros da paixão,
corpos-metáfora
da solidão.

dançarás, feiticeira,
onde os corpos são nada,
e o nada são luzes
ou gárgulas de rocha
levantadas sobre os corpos.

dançarás, mulher,
a dança luzente de estarmos

sós.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Lote de 26 isqueiros

Isqueiros da minha colecção... para manter a chama acesa...

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

04 agosto 2014

Cofidis - «Os homens só pensam em sexo»

«uma estátua de pedra» - bagaço amarelo

Lembro-me da caixa de fósforos em cima da toalha vermelha. Não parecia verdadeiramente uma caixa de fósforos. As superfícies ásperas ainda estavam intactas e ladeavam a reprodução de uma pintura naif. Era uma paisagem com um rio e algumas casas coloridas. Assim à primeira vista, podia tratar-se de um objecto de decoração e não de uma caixinha de fósforos.

- Que gira! - disse eu enquanto a observava com a ponta dos meus dedos.

Foi nesse dia que percebi que tinha uma espécie de sexto sentido relativamente a um aspecto muito particular dela. Ainda ia a subir a escada que dava para o terceiro andar onde ela vivia quando tive um calafrio. Cheguei a pensar voltar para trás e desaparecer, mas já tinha tocado à campainha para ela me abrir a porta do prédio. O intercomunicador do edifício tinha-se mantido mudo e o som da fechadura a soltar-se soou-me de uma forma particularmente agressiva. Ela estava com vontade de descarregar uma fúria qualquer em alguém.

- É apenas uma caixa de fósforos. Não tem nada de giro! - respondeu.

Mantive o silêncio. Sentei-me no sofá tentando não fazer ruído nem sequer com o a sola dos sapatos que pareciam querer irritar-me quando tocavam no flutuante da sala. Fiquei a vê-la do lado de fora da varanda, através do cortinado branco como se fosse uma sombra chinesa. Era tão bonita! Mesmo quando fumava cigarros nervosos e se transformava numa sombra era bonita.
Depois entrou e tornou a revelar as cores que lhe davam vida. O vestido vermelho e levemente decotado, o pescoço fino e frágil, o cabelo frisado da cor de mel e uma tatuagem em miniatura que vivia num dos seus braços como um insecto adormecido. Era uma mosca.

- Não trouxeste vinho? - Perguntou
- Pensei que tínhamos combinado jantar fora... - arrisquei.
- Mas não vamos. Não me apetece sair de casa e aqui sinto que não há espaço suficiente para os dois, muito sinceramente.

Levantei-me e dei-lhe um abraço a que ela não correspondeu. Foi a primeira vez na minha vida, aliás, que abracei uma estátua. Dura, de braços caídos e endurecidos, ficou assim enquanto desfiz o nó dos meus braços à volta dela e me afastei lentamente. Vesti o casaco e saí sem uma palavra. Foi nesse momento, graças ao cravo que estava preso ao bolso exterior daquela peça de roupa, que retomei a consciência que era a noite de 24 de Abril.
Foi nessa noite que conheci aquele que é ainda hoje um dos meus melhores amigos. Um homem de esquerda que me viu ao balcão de um bar a tentar afogar violentamente o meu dia num copo de uísque. Aproximou-se e deu-me um cravo novo, como que sugerindo que o meu estava amarrotado. E estava. Era o cravo e era eu, amarrotados pelo simples facto de me sentir apaixonado por uma estátua de pedra.
Contei-lhe a pequena história da minha noite. Às vezes é mais fácil despejar tudo num estranho do que num amigo de todos os dias. Existe a probabilidade de nunca mais o vermos e do nosso desabafo desaparecer com ele, da mesma forma que desaparece um vulto quando vira uma esquina no fundo duma rua. A coisa não durou muito tempo, mas terminou com o meu uísque bebido num só gole.

- Precisava de conseguir não me apaixonar. Era só isso! - pousei o copo.
- As pessoas que não se apaixonam não fazem revoluções. - respondeu.

Levantei os olhos para o mundo. A maior parte das pessoas ali presentes tinha um cravo vermelho reluzente ao peito. Reparei como todas tinham articulações. Os braços e as pernas mexiam-se ao som de músicas contemporâneas da revolução trocando abraços tão suaves quanto genuínos.
Tal como numa revolução, decidi pela primeira vez olhar para o futuro e deixar de Amar estátuas de pedra.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Quem fala merda...

... ouve merda.


Chupa, magrela.

Capinaremos.com