20 agosto 2014

Desafio Banhos púbicos


... É provável que já tenham ouvido falar de “banhos púbicos”, uma tendência que tem dominado as redes sociais.
Em que consiste? A São Rosas desafia quatro amigos/as a fazer o mesmo nas próximas 72 horas. Depois de tomado um banho púbico (queremos fotos M/F enviadas por mensagem ou para o mail...) é publicado o feito no Faceblog. Caso isso não aconteça, não acontece nada! Se o desafio for aceite e concretizado, juntar-me-ei à causa.

«conversa 2094» - bagaço amarelo




Ela - Ouvi dizer que tens gatinhos pequeninos.
Eu - Só durante algum tempo. Sou FAT* duma gata que decidiu parir dois gatitos lá em casa.
Ela - Ao meu ex-marido aconteceu mais ou menos o mesmo.
Eu - Também é FAT de gatos?
Ela - Não. Foi FAT duma gaja logo a seguir a mim e quando deu por ela, ela já estava prenha.

* Família de Acolhimento Temporário


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A Nu



«Desfaz-me» - João

"Contra uma parede estava o teu corpo, de braços cruzados e olhar no vazio. Sinais de inquietude. Distância e um pedido, não te aproximes. Estou bem assim? Estás. Não te aproximes por favor. Não te aproximes de mim, não mais que isso. Parado ficara, numa distância segura, e os olhares cruzaram-se de novo, e o corpo tremia. Não estava frio mas o corpo tremia. Os corpos. Plural. Mas porque não? Porque não? Não te aproximes por favor, porque se me tocares desfaço-me, se me tocares desfaleço, e não posso, agora não posso, e a parede a segurar-te, e o chão a suster-me, o ar a pesar-nos, os olhares a ligar-nos. E as mãos, as quatro, sem saber muito bem onde se esconder, e tu a quereres as minhas mãos nas tuas costas, e o silêncio a ecoar naquele espaço, a pressão tão grande, tão grande, inspirar era um turbilhão, expirar um tornado, e não me toques, insistias que não te tocasse para não desapareceres, para não derreteres, e eu dei um passo atrás e respeitei, e enquanto descruzas os braços e te vejo afastar da parede atirada em direcção a mim já só te consigo ouvir dizer que se foda, desfaz-me."
João
Geografia das Curvas

19 agosto 2014

Temperar a gosto

Gosto de entender a brisa morna que sopra como provinda do céu, da sua boca quente que arrepia a terra no areal desprotegido como uma nuca acabada de destapar.
Gosto de imaginar o som das ondas como a reacção ofegante dessa terra excitada, excitante, arrebatada pela sensação, exacerbada pela emoção que o céu, tão persistente, insiste em estimular.
Gosto de sentir o vento soprar cada vez mais forte, já perto do ocaso que anuncia a noite trazida pelo céu para cobrir como um véu o momento de encanto privado, a troca de carícias clandestina entre a terra feminina e o seu amante celestial, madrugada fora, até ao regresso do sol que ilumina como um sorriso o rosto da terra por instantes adormecida.
E depois a brisa de novo soprada, de forma gentil, para lhe sussurrar um até já porque esta história não tem fim.

É fácil gostar assim.

Postalinho da Moimenta da Beira

"Em lado algum no livro do Génesis se fala na maçã como fruto proibido. No entanto foi a maçã que pagou a conta e as culpas. A Eva impingiu o fruto, Adão ficou com ele entalado na garganta e até hoje vivemos com o jugo desse pecado dos dois jovens irresponsáveis.
Há no entanto terras que se orgulham de produzir maçã, e boa maçã. A maçã Bravo de Esmolfe, a única com pedigree português é um fruto pelo qual vale bem pecar. Moimenta da Beira, como zona de grande produção deste fruto, resolveu homenageá-lo com uma escultura. Cada vez que por lá passo, pergunto-me qual a fonte de inspiração do escultor: a bravo de esmolfe? A tentação? Ou o desejo de que o pecado vale bem mais que uma pomme de terre por melhor que ela seja? Cada um vê o que quer ver... Aqui vos deixo a foto daquilo a que eu chamaria de maçã bravo de vulva."
Jorge Prendas

«escrevia-te onde as mãos não chegam» - Susana Duarte

escrevia-te onde as mãos não chegam,
onde os cabelos não dormem,
e as coisas do mundo
permaneciam
ignotas.

aí, onde moram os fragmentos da paixão,
deixava, inertes, os olhos, escuros-
-adormecidos-povoados
de luz azul
e sonhos.

mortas as luzes sobre o peito,
aconcheguei nele o sol
dos poemas
de antes.

escrevo-te, ainda, onde a morte das palavras
é o recanto esquecido da dor,
e os olhos amortecem
a força das ondas
e o mar
todo.

escrevo-te, apenas, porque preciso de varrer
as folhas caídas no chão, aquelas
que deixaste, amarelas,
sobre as pedras
e o ventre.

escrevo-te, por fim,
para amainar
o vento.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Sátiro convida

Estatueta em bronze, assinada por Malaquin, de sátiro segurando no pénis erecto com uma mão e fazendo um gesto de convite com a outra mão.
Um sátiro bem malandro com 24 cm de altura, a partir de agora na minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)









18 agosto 2014

«Libidium Fast» - anúncio do Paulo Futre censurado pela televisão

Luís Gaspar lê «Dentro de mim» de Olavo Bilac


Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, lara
De cabeleira de ouro e corpo frio.
Entre as ninféias a namoro e espio
E ela, do espelho móbil da onda clara,
Com os verdes olhos húmidos me encara,
E oferece-me o seio alvo e macio.
Precipito-me, no ímpeto de esposo,
Na desesperação da glória suma,
Para a estreitar, louco de orgulho e gozo.
Mas nos meus braços a ilusão se esfuma
E a mãe-d’água, exalando um ai piedoso,
Desfaz-se em mortas pérolas de espuma.

Olavo Bilac
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«respostas a perguntas inexistentes (276)» - bagaço amarelo

Só os homens é que sabem Amar.

O meu vizinho do lado era um tipo forte, de poucas palavras e muita acção. Trabalhava na distribuição de fruta e acordava todos os dias por volta das cinco da manhã. Eu simpatizava com ele, apesar de nunca termos tido um contacto muito próximo. Cumprimentava-me sempre, mesmo quando estava visivelmente mal disposto.
No apartamento à frente também só vivia uma pessoa. Era uma mulher igualmente de poucas palavras, mas que preferia virar a cara a dizer "bom dia" quando nos cruzávamos na escada do prédio.
Um dia descobri que eram marido e mulher, mas que tinham decidido viver tão perto e tão longe um do outro quanto possível. Por isso é que eram vizinhos, apesar de partilharem a cama regularmente. Foi ele que mo disse, numa noite em que ambos nos deixámos estar para além da hora no café da frente.

- As mulheres não sabem Amar. Só sabem ser Amadas! - concluiu ao pousar o último copo de vinho.

Já não vivo naquele edifício e nunca mais vi aquela gente. Mesmo assim nunca mais a esqueci, principalmente por causa desta frase, que terá sido a última que ele me disse para além do "bom dia" ou "boa tarde" habituais.
Se hoje passasse por ele, explicar-lhe-ia que na altura era apenas um jovem adulto e não percebi onde ele queria chegar, mas a vida ensinou-me muita coisa e hoje percebo. O tempo dá-nos destas certezas. Só os homens é que sabem Amar.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»