24 agosto 2014
A gota 69 do oceano
Não sei se consigo escrever esta crónica que estou aqui num frenesi para ir ver a nova loja de chineses que abriu aqui ao pé do estaminé no sítio onde era a frutaria da dona Adosinda e que deve estar cheia de roupinhas e berloques domésticos ao preço da uva mijona. Em abono da verdade eu nem reparo muito nas etiquetas e quando me dá o cheiro a pechinchas para ter mais umas peças novas no armário aconchego-as muito a mim como se dançasse com um gajo a convidá-lo para o acasalamento numa daquelas cenas cinéfilas em que o encosto à parede e alço uma perna aberta até fincar o pé nas suas ancas e o meu baixo ventre na sua genitália. Apalpo o tecido como se fosse a pele do dito e cheiro-as como se absorvesse feromonas do pescoço de um pessegão apetitoso. É de tal forma enebriante que nem lembro que aquilo é feito e mal pago por resmas de chineses e quejandos que de forma muito zen aceitam a penetração e a desgraça como os tibetanos.
No fundo, sofro do síndroma do sessenta e nove em que os trapinhos me seduzem a engoli-los todos e eles se colam completamente a mim até me humedecerem na perspectiva garota de cativar todos os olhares em redor.
[Foto © DDiarte, 2008, Fashion Crash]
23 agosto 2014
Lote de 10 selos, 8 dos quais em blocos
Selos de Manama, Antigua & Barbuda, Ajiman, Grenada, República Centroafricana e S. Tomé e Príncipe.
Juntam-se, a partir de agora, aos outros selos que já faziam parte da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Juntam-se, a partir de agora, aos outros selos que já faziam parte da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Postalinho espanhol (3)
"Em Espanha não estão com meias palavras.
Licores de um mercado de rua, em Cangas de Onís, nas Astúrias".
Paulo M.
Licores de um mercado de rua, em Cangas de Onís, nas Astúrias".
Paulo M.
22 agosto 2014
Mas convém sempre lavar à mão
Uma coisa que nós homens devemos agradecer ao divino é o facto de nenhum dos nossos tecidos de série encolher com a lavagem.
Luís Gaspar lê «As mãos e as mãos» de Orlando da Costa
A polpa secreta
Das tuas mãos
Espero-a inteira
Espero-a inteira
Como frutos à beira
Da fome de alguém
Espero-a inteira
Nesta fome que vem
Só das tuas para as minhas mãos
Minhas mãos geladas
Minhas mãos suadas
Em rebentos de cada esforço
Descarnadas mãos
De que já riu a ferrugem das grades
Minhas mãos abertas para que creias
Mãos suadas e novamente suadas
Mãos capazes de enxertar veias
A polpa secreta
Das tuas mãos
Espero-a inteira inteira
Orlando da Costa
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
21 agosto 2014
Subscrever:
Mensagens (Atom)