29 setembro 2014

«pensamentos catatónicos (309)» - bagaço amarelo

Durante vários meses sentei-me à frente dela com o único objectivo de beber um copo. Às vezes mais do que um, outra vezes mais do que muitos. Nunca troquei com ela mais do que a informação necessária para conseguir o meu objectivo.

- Um Bushmills, por favor.

Talvez, num dia ou noutro e assim como quem não quer a coisa, tenha falado do estado do tempo, aproveitando o facto de estar molhado pela chuva ou suado pelo calor.

- Nunca se viu um calor assim.

Mais do que a voz, lembro-me do seu constante sorriso. Ela ainda falava menos do que eu e limitava-se a cumprir os meus pedidos com o máximo de competência possível. Nunca me pareceu feliz nem triste, o que fazia dela um enigma.
Era a empregada do meu sítio secreto, aquele onde eu ia beber quando queria trocar dois dedos de conversa comigo mesmo. Não é fácil encontrar um bar onde me sinta bem sozinho. Por isso mesmo, quando encontro um nunca o divulgo. Provavelmente ela via-me como um homem solitário e silencioso, se é que alguma vez pensou nisso.
Ontem fui lá e ela não estava. Atendeu-me um tipo simpático e conversador que me disse que ela está de férias. Só bebi um copo e voltei para casa.
Às vezes são as pessoas que não conhecemos bem nem queremos conhecer melhor que nos fazem falta.
Uma pessoa pode ser um vício. Era só isso.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Ah, as maravilhas da natureza

São lindas.



Capinaremos.com

28 setembro 2014

«Paradoxo» - Porta dos Fundos

Luís Gaspar lê «O deputado Morgado» de Natália Correia


«O acto sexual é para ter filhos» – disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS, João Morgado, num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia – em poema, publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano – fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:


Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
de cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! –
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

Natália Correia
(Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993 ) foi uma intelectual, poeta e deputada à Assembleia da República (1980-1991).
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Escort Nacional - uma nova oportunidade




Garantiu-me ontem à noite um passarinho que o Ministério da Educação vai implementar uma nova oportunidade para os estudantes. A mesma fonte assegurou-me que este apoio se destina a estudantes universitários para lhes garantir o desafogo financeiro necessário ao pagamento das propinas, de todos os materiais de estudo e da estadia, sob o nome provisório de Programa Escort Nacional.

Todos os candidatos de ambos de sexos que se queiram inscrever serão colocados numa residência do Escort Nacional, na localidade da universidade onde entraram e terão apenas de gastar algumas horas do dia ou da noite, num horário à sua escolha, durante os anos em que decorra o curso, para prestarem serviços de acompanhante erótico à comunidade, também qualificado como transmissão de conhecimentos a essa mesma comunidade no seguimento da cena da massagem tailandesa difundida pelo clássico filme Declínio do Império Americano, revertendo os lucros para a bolsa universitária de cada aderente a este Programa.

Este Programa Escort Nacional assume-se também como um investimento futuro pois caso os recém-licenciados não consigam emprego na área em que se especializaram têm uma formação alternativa que desde logo lhes garante emprego imediato.

Fogo de muito artifício



Via Capinaremos

27 setembro 2014

Tito & Tarantula - «After Dark»

Tito & Tarantula - After Dark (DJ Nejtrino & DJ Stranger Remix) from DJ Stranger on Vimeo.

«A Bina e o sexagenário» - por Rui Felício

Na Real República Rapó Taxo tive grandes amigos. Frequentava-a com frequência, muitas vezes para uns copos num anexo da vivenda transformado em adega, menos vezes para estudar com dois colegas que ali viviam.
Certo dia, estava o Guedes a contar à malta que o ouvia atentamente, que tinha engatado uma matrona na Alta que morava numa ruela por trás da Faculdade de Farmácia.
- Uma mulher na casa dos 40 anos, boa, matulona? – perguntou o Noronha.
- Sim, ela já é um bocado descriada, mas é boa, de carnes fartas – assentiu o Guedes.
- Chama-se Bina? – interpelou-o o Noronha, já desconfiado.
- Essa mesmo! Só me deixa lá ir da parte da manhã, que a gaja diz que à tarde tem de trabalhar e que à noite vai lá a casa um velho sexagenário que é quem a sustenta. De mim é que ela nunca levou um tostão. Mas como é que sabes?
- É que a mim ela só me deixa lá ir de tarde, porque de manhã tem um emprego e à noite tem um velho sexagenário que lhe vai dando uns cobres para a sua sobrevivência. Mas olha que a mesada que recebo lá de Mangualde quase nem chega para comer e por isso também nunca lhe dei nada. Além do meu corpo, claro!
As gargalhadas dos circunstantes estalaram e o Guedes e o Noronha não tiveram outro remédio senão admitirem, com risos amarelos, que andavam os dois a ser enganados pela Bina.
Mas um nosso colega houve que em vez de rir, tinha metido a cabeça entre as mãos e as lágrimas corriam-lhe pela cara. Era o Varela, rapaz bem parecido, um tanto ingénuo, caloiro chegado nesse ano a Coimbra vindo de Trás-Os-Montes.
- Eh pá, o que é que se passa. Estás doente? - perguntou um.
- Eu sou o dito sexagenário que vai lá à noite e que a sustenta - foi a resposta sussurrada do Varela...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido


Coco-de-mar, recordação das ilhas Seychelles

Espécie de coco que, com a casca exterior removida, faz lembrar umas ancas femininas.
A palmeira coco-de-mer é a planta dominante de Vallée de Mai, em Praslin, a segunda maior ilha das Seychelles. É uma curiosidade botânica, por ser a maior semente do mundo, mas também é um sucesso turístico pela sua forma. Enquanto as árvores femininas suportam as nozes - que crescem por cerca de sete anos antes de cair - as árvores masculinas desenvolvem tubos em forma fálica cravejados com delicadas flores amarelas que emitem um odor almiscarado.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


«o striptease das contas» - irmaolucia


Um sábado qualquer... - «Jesus - origens»

26 setembro 2014

«Dystopie de Corps Puisque» - filme de Jonatan Gyllenör

O autor informa:
"Filmado durante um dia, sem um guião. Nenhum animal foi prejudicado na realização deste filme. Os animais incluídos neste filme nunca chegaram perto de um corpo humano nu durante a produção deste filme."


Dystopie de Corps Puisque (2014) from Fennek Film on Vimeo.

Sarasvati


Sarasvati é a deusa hindu da sabedoria, das artes e da música e a shákti, que significa ao mesmo tempo poder e esposa, de Brahmã, o criador do mundo.
É a protetora dos artesãos, pintores, músicos, atores, escritores e artistas em geral. Ela também protege aqueles que buscam conhecimento, os estudantes, os professores, e tudo o que está relacionado com a eloquência, sendo representada como uma mulher muito bela, de pele branca como o leite, e a tocar sitar (um instrumento musical).

Via Kala Ksetram