20 outubro 2014

«respostas a perguntas inexistentes (284)» - bagaço amarelo

depois de uma paixão de uma só noite

A partir da ponte, o Porto parece uma cidade de brincar. Uma criança qualquer desenhou uma série de casas, umas em cima das outras, e pintou-as da forma mais colorida que pôde. É bonito, aquele quadro do qual me afasto lentamente em direcção ao sul. Ainda ontem eu próprio fazia parte dele. Era mais um pequeno ponto daqueles que se passeiam à beira-rio como se andassem à deriva.
Afastar-me desta cidade lembra-me sempre o dia em que me despedi da S. Ela à janela, com as madeixas coloridas no cabelo, a ficar cada vez mais pequenina e eu em direcção ao sul, a pensar que ainda ontem tinha passeado nela como quem anda à deriva.
O problema das paixões de uma só noite é o dia seguinte, quando nos afastamos e entregamos todas as dúvidas sobre um Amor a um copo de uísque, à espera que ele nos explique aquilo que ninguém sabe. Sentamo-nos num balcão qualquer com um misto de tristeza e alegria, acho eu que tristeza por estarmos novamente sós e alegria exactamente pelo mesmo motivo, pedimos uma bebida e o tempo senta-se ao nosso lado a beber também até perder a noção de si mesmo.
Depois dessa paixão de uma só noite ficou um limbo, um vazio qualquer cheio de nada, e eu a perguntar ao uísque se devia ou não dizer-lhe qualquer coisa que fosse. Talvez o Amor só se dê quando não há dúvidas, quando nos atiramos a ele como uma criança para uma onda do mar, e enquanto o Amor não se dá o Não Amor vai remendando a alma.
O Porto é a minha cidade do Não Amor. Apaixono-me por ela todos os dias, sempre com dúvidas e hesitações.
O uísque respondeu-me que a S também não tinha dito nada. Depois de uma paixão de uma só noite.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Revelações indesejadas

Cuidado com seus desejos.



Capinaremos.com

19 outubro 2014

«Boobies... not a big deal» (mamas... não são lá grande coisa)


Boobies from Caity Hall on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Ante o silêncio» de Manuela Barroso


No silêncio onde mergulhas a flor do pensamento verás
que nas pétalas da gente o vento não tem a força nem o
canto dele vence a eterna dança do Amor

No homem como na flor continua a valsa do vento
umas vezes
é trigo amargo
outras é mel onde trago
leve aragem ao pensamento

Na floreira da vida quando os ventos estremecem
o caule da flor tardia

os olhos escurecem perante a flor murchando
onde sem seiva fenecem os sonhos
que vão morrendo na flauta do vento.

(Do livro “Laços”, de Manuela Barroso e Teresa Gonçalves. Ed. Versbrava.)

Manuela Barroso
Maria Manuela Barroso Nogueira Martins Ferreira de Castro nasceu em Terras de Bouro. Frequentou a Universidade do Porto, onde se licenciou em Filologia Românica. Foi professora do Ensino Secundário, lecionando as disciplinas de Português e Francês.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

O sexo duplo dos cangurus


Esse simpático mamífero marsupial que conhecemos como canguru, tal como aparece nos desenhos animados, pratica mesmo kickboxing disferindo murros e chutos nos outros machos, para conquistar o direito de acasalar com uma fêmea. Às vezes, até mordem e arranham histericamente.

Como são altamente sociais, vivem em grupos de 10 ou mais gajos e gajas, onde os machos formam uma hierarquia, baseada na idade e no tamanho, que confere ao gajo dominante o acesso exclusivo às gajas para acasalar mas que lhe dá também uma trabalheira desgraçada em rondas constantes às suas fêmeas, para monitorizar se estão em fase reprodutiva e carecem dos seus serviços ou se há necessidade de intimidar os outros machos que vão tentando acasalar com elas.

Como o canguru tem um pénis bifurcado gerou-se a lenda de que tinha dois mas é a gaja que tem dois úteros e duas vaginas laterais, para a passagem do esperma, o que é um sistema muito prático para um tripla gestação porque enquanto um está a mamar nas quatro tetas - duas das quais dão leite continuamente - no quentinho do marsúpio, pode estar outro a gerar-se e outro ainda ainda em estado de stand by, tanto mais que as crias nascem através de um canal central independente, dita a vagina mediana ou o canal pseudovaginal, que se desenvolve no primeiro parto.

No entanto, tanta abundância nos cangurus não pode entristecer os humanos, que junto com os golfinhos são as únicas espécies que fazem sexo por prazer.



Postalinho de Cepões

"A carrinha da Junta de Freguesia de Cepões tem uma alavanca das velocidades muito interessante.... e é preciso ter mãozinha para aquilo..."
Paulo M.



18 outubro 2014

Robots In Disguise «The Sex Has Made Me Stupid»

«Testemunha arrolada» - por Rui Felício

 «Rolsa Turcas», acrílico s/papel (30×50)
colecção do artista, 2001  Inez Andrade Paes
O pleito consistia num pedido apresentado pela Silvia Gomes ao Francisco Dias de uma indemnização por ofensa ao seu bom nome, quando este a abordou em plena via pública, fazendo-lhe, alto e bom som, um insistente convite para irem ambos passar a tarde num hotel da linha do Estoril.
A D. Gertrudes, mulher muito ligada à Igreja, solteirona e cumpridora dos deveres religiosos, era conhecida como senhora púdica, casta, puritana. Foi testemunhar ao Tribunal por parte do demandado Francisco Dias. Ia abonar o seu comportamento respeitador, habitualmente educado e incapaz de ofender fosse quem fosse.
O Juiz, antes de a mandar sentar, perguntou-lhe o nome, se tinha alguma relação de parentesco ou outra com o Sr. Francisco Dias e se jurava dizer a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade.
A Gertrudes jurou dizer a verdade e o Juiz antes de a mandar sentar esclareceu que ela tinha sido arrolada como testemunha pelo réu, informando-a que deveria responder com verdade às perguntas que os Srs. advogados lhe iriam fazer.
- Arrolada eu?!, vociferou a D. Gertrudes, indignada...
- Olhe Sr. Dr. Juiz, com a idade que tenho, só fui arrolada duas vezes, que sou pessoa séria e decente, já há muitos anos, e em nenhuma delas o fui pelo Sr. Francisco!
E, apontando o dedo à Silvia:
- Quem é arrolada quase todos os dias é ali aquela, por qualquer um que lhe apareça. Toda a gente sabe disso lá no bairro. Ela arma-se em séria, mas toda a gente sabe que é uma maluca que dá a volta à cabeça dos homens, deixando-se arrolar por novos, velhos, casados, solteiros.. O que vier...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Mulher com dildos

Relógio de parede que faz parte da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

A cara da felicidade... - publicidade a gelados em Angola

17 outubro 2014

«Do Communists Have Better Sex?» [os comunistas têm melhor sexo?]

Postalinho de Kathmandu (Nepal)

"São Rosas
Não me esqueci do teu comentário no Travel With Us sobre o Nepal de há 18 anos. Desta vez, o Templo Pashupatinath foi bem fotografado.
Aí vai uma amostra-
Beijo
Daisy"


Detalhe:


«Trincheiras» - João

"Disse-te que ia para a guerra, amor. Vou para a guerra, meu amor, e tu choravas, apertavas-me tanto as mãos, e agarravas-te tanto a mim, que não fosse, que me deixasse ficar junto a ti, que não voasse, por favor que não voasse, mas eu tinha de ir amor, e os teus cabelos banhavam-me o rosto, o cheiro da tua pele invadia-me, o cheiro da tua pele, sempre, e para mim era importante que me quisesses bem, que dissesses a toda a gente que aquele era um homem bom, que era um homem do teu coração, diferente na guerra. Eu não podia ir sem isso, não podia correr pelas trincheiras sem saber que os teus olhos se acendiam por mim, que defenderias a minha honra em qualquer sítio, em qualquer altura, como eu defendia a tua, que nunca deixarias que as palavras rudes se abatessem sobre mim, sobre nós. Fui para a guerra amor, com o cheiro da tua pele em mim, sempre o cheiro de ti, e o brilho dos teus olhos, o recorte do teu sorriso e as tuas mãos, abertas e doces para me segurar, para me receber. Fui para a guerra amor, e levei-te sempre comigo a cada momento."
João
Geografia das Curvas