26 outubro 2014
Luís Gaspar lê «Canção da Inocência Perdida» de Bertolt Brecht
O que a minha mãe dizia
Não pode ser bem verdade:
Que uma vez emporcalhada
Nunca passa a sujidade.
Se isto não vale pra a roupa
Também não vale pra mim.
Que o rio lhe passe por cima
Breve fica branca, assim.
Como qualquer pataqueira
Aos onze anos já pecava.
Mas só ao fazer catorze
O meu corpo castigava.
A roupa já estava parda,
No rio a fui mergulhar.
No cesto está virginal
C’mo sem ninguém lhe tocar.
Sem ter conhecido algum
Já eu tinha escorregado.
Fedia aos Céus, como uma
Babilónia de pecado.
A roupa branca no rio
Enxaguada à roda, à roda,
Sente que as ondas a beijam:
«Volta-me a brancura toda».
Quando o primeiro me amou
Abracei-o eu também.
Senti no ventre e no peito
Ir-se a maldade pra além.
Assim acontece à roupa
E a mim acontecerá.
A água corre depressa,
Sujidade diz: Vem cá!
Mas quando os outros vieram
Um ano mau começou.
Chamaram-me nomes feios,
Coisa feia agora sou.
Com poupanças e jejuns
Nenhuma mulher se acalma.
Roupa guardada na arca,
Na arca se não faz alva.
E veio depois um outro
No ano que se seguiu.
Vi que me fazia outra
Com o tempo que fugiu.
Mete-a na água e sacode-a!
Há sol, cloreto e vento!
Usa-a, dá-a de presente:
Fica fresquinha a contento.
Bem sei: Muito pode vir
Até que nada por fim, fica.
Só quando ninguém a usa
A roupa se sacrifica.
E uma vez que apodreça
Nenhum rio a embranquece.
Leva-a consigo em farrapos.
Um dia assim te acontece.
in “Canções e Baladas”
Bertold Brecht
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Trombas e trompas
Durante anos os naturalistas supuseram que os elefantes sofriam da doença do pénis verde até perceberam que isso era apenas um efeito secundário da intoxicação resultante do período de acasalamento, que transforma o elefante num ser agressivo e incontinente, com valores de testosterona 50 vezes acima dos normais, um cheiro fétido e, a verter cerca de 350 litros de urina por dia.
Não obstante as fêmeas ficam encantadas por terem à sua disposição o maior pénis do mundo (metro e meio a 2 metros de comprimento e 45 quilos de peso) mesmo que se apresente esverdeado. Elas não são parvas porque o tamanho e a curvatura em forma de esse são vantagens para conseguir alcançar a vagina de 50 centímetros de comprimento que não está logo ali à mão de semear abaixo da cauda obrigando o elefante a recuar um pedaço o que também é positivo porque assim ela não sente as 4 toneladas do elefante excitado a fazer peso nas suas costas e, melhor ainda porque após a penetração o macho só demora 30 a 60 segundos a ejacular.
Se ela não colaborar, ele pode ficar de trombas, perder o interesse ou até agredi-la mordendo-lhe o rabo e as orelhas. Se tudo decorrer de acordo com o manual, terminada a cópula todos os familiares da fêmea se aproximam para lhe manifestar orgulho pela sua conquista, urrando como quem faz soar trompas e defecando em redor, como se fossem presentes. O macho afasta-se então para permitir que a média de 5 coitos necessários para ocorrer a fecundação seja continuada por outros.
Não obstante as fêmeas ficam encantadas por terem à sua disposição o maior pénis do mundo (metro e meio a 2 metros de comprimento e 45 quilos de peso) mesmo que se apresente esverdeado. Elas não são parvas porque o tamanho e a curvatura em forma de esse são vantagens para conseguir alcançar a vagina de 50 centímetros de comprimento que não está logo ali à mão de semear abaixo da cauda obrigando o elefante a recuar um pedaço o que também é positivo porque assim ela não sente as 4 toneladas do elefante excitado a fazer peso nas suas costas e, melhor ainda porque após a penetração o macho só demora 30 a 60 segundos a ejacular.
Se ela não colaborar, ele pode ficar de trombas, perder o interesse ou até agredi-la mordendo-lhe o rabo e as orelhas. Se tudo decorrer de acordo com o manual, terminada a cópula todos os familiares da fêmea se aproximam para lhe manifestar orgulho pela sua conquista, urrando como quem faz soar trompas e defecando em redor, como se fossem presentes. O macho afasta-se então para permitir que a média de 5 coitos necessários para ocorrer a fecundação seja continuada por outros.
25 outubro 2014
«Bela, viúva e misteriosa» - por Rui Felício
Deve ter pouco mais de trinta anos...
De uma beleza exótica, a Catarina sorri simpaticamente aos vizinhos mas não lhes permite conversas prolongadas que invadam a sua privacidade ou destapem o secretismo da sua vida.
Mora numa vivenda isolada em frente ao mar, na Ericeira, e muito se estranha que não se lhe conheça nenhum namorado ou sequer amigo próximo.
Estranheza que aguça a curiosidade em se saberem os contornos e circunstâncias da sua viuvez,dando origem às mais díspares conjecturas e suspeições.
Realmente, aquela lindíssima mulher ainda jovem já enviuvou duas vezes em tão pouco tempo, não se descortinando nenhum homem que procure aproximar-se dela. Talvez porque ela nem sequer dê azo a que tal aconteça, por razões que só ela sabe.
O Paulo, que vivia sozinho na vivenda ao lado da dela, reparava que todas as noites ela mantinha a luz da sala acesa até tarde, parecendo estar acompanhada. Mas a verdade é que através das cortinas ele não via mais ninguém a não ser ela.
Ontem à noite ele não resistiu mais. Pé ante pé, saltou a sebe que separa os quintais, aproximou-se da janela entreaberta e agachou-se rente ao relvado atrás de um arbusto.
A misteriosa mulher, elegantemente vestida, estava sentada à mesa com três copos à frente.
Desrolhou uma garrafa de champanhe e verteu o capitoso líquido em cada um dos três copos.
O Paulo apenas a via a ela, mas supunha adivinhar a presença oculta de mais duas pessoas.
Especialmente quando ela ergueu o seu copo e disse:
- Tchim-Tchim, brindo aos dois únicos amores da minha vida!
Decididamente, a mulher tinha enlouquecido e confraternizava sozinha com as recordações dos seus dois maridos falecidos, o Guilherme e o António.
Era a conclusão evidente a que o Paulo chegou, entristecido.
Decidiu levantar-se e regressar a casa, satisfeita que estava a sua curiosidade.
Ainda não tinha dado dois passos, sentiu uma mão gélida tocar-lhe no ombro. Virou-se assustado, olhou em redor mas não viu ninguém.
No entanto, uma voz cavernosa ecoou-lhe nos ouvidos:
- Por favor entre! A Catarina precisa de uma companhia de carne e osso...
O susto foi-lhe fatal.
O Paulo, aterrorizado, sucumbiu, estremeceu e caiu redondo no chão com uma síncope cardíaca.
O Guilherme, olhando o corpo inerte, sentenciou:
- Amigo António, agora é que na Ericeira nunca mais ninguém vai deixar de falar das viuvezes da Catarina...
Rui Felício
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Selos e um bloco de Ajman (menor dos Emiratos Árabes Unidos), Roménia e União Soviética, da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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24 outubro 2014
«Porcalhão» - João
"Uma amiga minha – de meter respeitinho, que é bem mais alta que eu, fala alto e arregala muito os olhos quando se aborrece, apesar de no íntimo ser uma querida – partilhou há dias uma imagem na sua rede social de eleição com a frase “I don’t have a dirty mind, I have a sexy imagination“, dizendo ela ser uma frase que pertence ao conjunto de coisas que a faz lembrar-se de mim. Passada a ternura do momento – que a teve, é bom lembrarem-se de nós, especialmente por coisas que aquecem o coração -, dei por mim a sorrir com a frase e a pensar que, vendo bem, é muito assim. Poderá até ser duplamente assim, uma imaginação sexy numa mente porca, mas nunca sei muito bem porque se diz ou pensa que uma mente que encontra sexo em todo o lado, mesmo debaixo do tapete, é uma mente porca. Será o sexo porco? Ou não será o sexo tanto melhor quanto mais porco? Não será o sexo tanto melhor quanto mais molhados e besuntados de cona estão os caralhos? Quanto mais molhados estão os tomates das conas que pingam? Se for por isso, então concordo que as mentes com muito sexo são mentes porcas. De outro modo, rejeito a noção. Uma mente que vive sexo é uma mente que está a fazer aquilo para o que foi programada pela natureza: pinar, foder, o que quiserem chamar-lhe. Está a viver um talento. Sem mentes porcas a humanidade implodia. Entretanto, se passarem por mim e me virem sorrir, é muito provável que esteja a saborear um pensamento porcalhão, uma qualquer associação de ideias que no final me faz pensar, em silêncio para os meus botões, que sou um caso perdido. Mas bem perdido. E muito sexy. Por dentro, at the least."
João
Geografia das Curvas
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