24 outubro 2014

«Porcalhão» - João

"Uma amiga minha – de meter respeitinho, que é bem mais alta que eu, fala alto e arregala muito os olhos quando se aborrece, apesar de no íntimo ser uma querida – partilhou há dias uma imagem na sua rede social de eleição com a frase “I don’t have a dirty mind, I have a sexy imagination“, dizendo ela ser uma frase que pertence ao conjunto de coisas que a faz lembrar-se de mim. Passada a ternura do momento – que a teve, é bom lembrarem-se de nós, especialmente por coisas que aquecem o coração -, dei por mim a sorrir com a frase e a pensar que, vendo bem, é muito assim. Poderá até ser duplamente assim, uma imaginação sexy numa mente porca, mas nunca sei muito bem porque se diz ou pensa que uma mente que encontra sexo em todo o lado, mesmo debaixo do tapete, é uma mente porca. Será o sexo porco? Ou não será o sexo tanto melhor quanto mais porco? Não será o sexo tanto melhor quanto mais molhados e besuntados de cona estão os caralhos? Quanto mais molhados estão os tomates das conas que pingam? Se for por isso, então concordo que as mentes com muito sexo são mentes porcas. De outro modo, rejeito a noção. Uma mente que vive sexo é uma mente que está a fazer aquilo para o que foi programada pela natureza: pinar, foder, o que quiserem chamar-lhe. Está a viver um talento. Sem mentes porcas a humanidade implodia. Entretanto, se passarem por mim e me virem sorrir, é muito provável que esteja a saborear um pensamento porcalhão, uma qualquer associação de ideias que no final me faz pensar, em silêncio para os meus botões, que sou um caso perdido. Mas bem perdido. E muito sexy. Por dentro, at the least."
João
Geografia das Curvas