02 novembro 2014

Luís Gaspar lê «A sereia das pernas tortas» de Adília Lopes

Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia como era bonita.
Quando era bonita, as pessoas diziam-lhe:
— Eu amo-te.
E iam com ela para a cama e para a mesa.
Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:
— Não gosto de ti.
E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.
A mulher pediu a Deus:
— Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Então Deus fê-la feia.
A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais gostavam sempre dela, tanto quando era bonita como quando era feia como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço, estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a mastigar.
Logo a seguir, passou pelo poço o criado do rei, que pescou o peixe.
Na cozinha do palácio, as criadas, a arranjarem o peixe, descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe morreu.
As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era tão feia que não era feia. Por isso, quando as criadas foram chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei apaixonou-se pela mulher.
— Será uma sereia? — perguntaram em coro as criadas ao rei.
— Não, não é uma sereia porque tem duas pernas, muito tortas, uma mais curta do que a outra — respondeu o rei às criadas.
E o rei convidou a mulher para jantar.
Ao jantar, o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à mulher quando as criadas se foram embora:
— Eu amo-te.
Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:
— Eu amo-te.
Depois comeu a azeitona. E casaram-se logo a seguir no tapete de Arraiolos da casa de jantar.

Adília Lopes
Adília Lopes, pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, (Lisboa, 20 de Abril de 1960) é uma poetisa, cronista e tradutora portuguesa. Filha de uma bióloga assistente de Botânica na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e de um professor do ensino secundário, Adília Lopes cursou Física na Universidade de Lisboa, licenciatura que abandonou, quase completa, devido a uma psicose esquizo-afectiva, doença da qual sempre falou abertamente, fosse na sua poesia, crónicas, conferências ou entrevistas a meios de comunicação social.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Ah leoa!


Há quem diga que os leões são uns preguiçosos já que enquanto as leoas vão à caça para alimentar as barriguinhas eles ficam pachorrentamente a fazer umas sonecas à sombra das suas jubas e raramente as acompanham.

Outros há que contra-argumentam que eles precisam de poupar forças porque as leoas são muito exigentes na cama. A questão é que no período de acasalamento mensal, que dura de 2 a 5 dias, as leoas precisam de fazer sexo umas 50 vezes ao dia, seja de dia ou de noite e, vivendo em bando, elas tendem a ter cio todas ao mesmo tempo, razão para se julgar que daqui nasceu o epíteto de rei das selvas.

Sereia lactante na Fonte de Neptuno, em Bolonha



01 novembro 2014

A actriz porno Sara X interpreta a peça de Mozart «Eine kleine Nachtmusik»

«Amor extra queijo» - por Rui Felício

A noite caiu.
A Elisa telefonou para a Telepizza, fez uma encomenda e indicou o nome e a morada.
Tudo tinha sido acertado de tarde, junto à praia, com o Pedro Ramos, que trabalhava na distribuição de pizzas e por quem ela se tinha loucamente apaixonado.
Como combinado, deixou a porta entreaberta e deitou-se na cama aguardando ansiosa pela sua vinda.
Envolveu-se nua e displicente no lençol de cetim.
O tecido escorregou pela sua pele como um beijo.
Endoidecia a pensar que aquele homem estava presente mesmo antes de chegar.
Imaginou o amor que dentro em pouco iria compor uma sinfonia tocada no seu corpo por mãos e lingua, sem partitura, de improviso.
Idealizou e sentiu, como se fosse real, o beijo quente no pescoço que ele lhe daria deixando a sua marca indelével, misturando-se à vida que já pulsava e aguava dentro dela em movimentos assíncronos.
Escutou passos firmes no corredor.
Era ele,finalmente!
Cumprindo o ritual e a fantasia que ele lhe pedira, vendou os olhos.
Foi assim de olhos firmemente cerrados que aguardou o desejado contacto do corpo dele cobrindo o seu.

Subitamente deu um pulo na cama, os olhos esbugalhados, quando ouviu uma voz feminina que lhe disse:
- São 12 euros, minha senhora. Está aqui a pizza que pediu.
-Mas... tartamudeou a Elisa. Pensei que era o Pedro que viria...
A moça da Telepizza esclareceu-a:
- O Pedro? O Pedro Ramos? Sei bem quem é. Foi meu colega. Mas ele agora trabalha na Pizza Hut...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Lote de 3 peças eróticas em estanho

Figuras em estanho para pintar: corneteiro com mulher, artilheiro e mulher sobre canhão.
Peças deliciosas da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


Rosas... nem tudo São Rosas

Campanha da Amnistia Internacional contra a excisão (mutilação genital feminina).


31 outubro 2014

Rogério Skylab - «Meu pau fica duro»

"Doutor, me explica: por que é que às vezes quando eu fico parado, sem fazer nada, o meu pau fica duro?"

A (de)lapidação da nossa sociedade

A propósito desta notícia sobre a morte por lapidação (apedrejamento) de uma mulher acusada de adultério em Hama, na Síria, numa região controlada pelo pelo ISIS (Estado Islâmico), desenvolveu-se este diálogo na minha página pessoal no Facebook:

Ana S Gomes - Eu entendo que esses vermes assassinos nada têm a ver com religião.
São Rosas - A "Santa Inquisição" não tinha a ver com religião?
Ana S Gomes - Tanto como a Sharia - inventada por uma cambada de vermes, ambiciosos e vampíricos.
São Rosas - Com o argumento da religião, certo?
Ana S Gomes - Voltando ainda ao tema (as punições públicas - e agora filmadas! - pelos vermes nº 22...). 
A Europa lida muito bem (pela calada) sobre a imposição da Lei Islâmica tanto no Reino Unido como na Alemanha (há tribunais islâmicos, à margem da lei britânica/alemã, para julgar "crimes" à luz da Sharia - e que lixam principalmente e sempre as mulheres...), bem como em Portugal, por exemplo com a excisão feminina ou os casamentos obrigados - que eu saiba, até é tudo combinado dentro da comunidade islâmica em Lisboa...) - investigação da Felícia Cabrita e outros antes dela (é só procurar...).
Enfim! Um mete nojo de cumplicidades entre uns vermes, e apontar o dedo a outros vermos (agora o tal EI ó caraças!! - que foi financiado pelo ocidente, porra!). Sorry, mas eu passo-me com a Sharia, Inquisição ou uòreva!
Ahhhhh! Só mais uma "coisinha": o meu filho teve que ficar internado no D. Estefânia, por 2 dias. No quarto dele, apareceu um rapazinho guineense (soube depois) da idade do meu... nunca falava, mas quando eu me aproximava dele, desviava o olhar e chorava, calado. Vim a saber pelo pessoal de enfermagem, e porque perguntei, que ele tentou suicidar-se porque a mãe (que também apareceu por lá e lamentava a viagem perdida...) ia com ele à Guiné para ser "iniciado" e casar-se :(
Em vez de ir, bebeu veneno para os ratos, com 13 anos! Em Lisboa! Porra!
É um tema que devia ser vomitado em cima desta sociedade podre, de faz-de-conta, conforme os petrodólares, porra.

«My head hangs low» - João

"Sente este momento. Define-se pela minha mão na tua coxa. Estás sentada de costas para mim, e eu encostado a ti, e beijo-te o pescoço, repouso uma mão na tua coxa esquerda, e o braço direito abraça-te e segura-te contra mim, e por vezes percorre os teus seios, por vezes beijo-te os ombros, ou mergulho no teu cabelo, e eu sei que já mordes os teus lábios, e eu sei que te vou deixar marcas de te apertar tanto e não querer largar. Sente este momento, é de janela aberta para o ar correr, para que as paredes não se impregnem deste cheiro de foda que invade o nosso espaço, este perfume que se cola, com que nos colamos, o teu sabor nos meus dedos que provo ao teu olhar, enquanto te surpreendes, te excitas, me chamas doido. Tanto te tenho dito que não existes, e ainda assim, não existindo mesmo, é tão grande o ar que movimentas, tão doce o teu cheiro que cativa, segura, excita. Sente este momento, é manhã vivida na cama, sem pressa. É tarde enrolada num sofá, sem interesse pela rua. É noite de corpos despidos colados. É a cabeça a pender, baixa, sempre que se olha e não se vê."
João
Geografia das Curvas

Postalinho da cascata da Cabreia

"As árvores são umas fêmeas muito abertas!..."
Paulo M.


30 outubro 2014

«Once Upon a Sex | Poisoned» (Era uma vez o sexo | envenenado)


Once Upon a Sex* | Poisoned (UNCENSORED) from Alex Volot on Vimeo.

«Declaração» - Ricardo Araújo Pereira

Ainda a propósito do «acórdão do sexo aos 50 anos», o Ricardo Araújo Pereira escreveu esta declaração:

"Para os devidos efeitos, declara­-se que Ricardo Artur de Araújo Pereira, nascido em Lisboa a 28 de Abril de 1974, já é, e tenciona continuar a ser, aquilo a que se chama, na Iíngua inglesa, um «dirty old man», expressão que, vertida para o nosso idioma, designa um homem de meia-idade ou de idade avançada que manifesta forte inclinação para a lascívia. Tendo em conta a sua firme vontade de continuar a abraçar uma vida de devassidão na velhice, o declarante vem, por este meio, requerer a compreensão do Supremo Tribunal Administrativo para que Ihe seja concedida imunidade relativamente a decisões como a que vem expressa no recente acórdão em que aquele tribunal reduziu substancialmente a indemnização devida a uma mulher de 50 anos por, naquela idade, a actividade sexual não ter «a importância que assume em Idades mais jovens». Conforme expresso acima, o dedarante pretende ser um dirly old man, projecto que é impossível de concretizar antes de o declarante ser, digamos, old. Por esse motivo, a actividade sexual do declarante é mais importante precisamente a partir dos 50.

Cartoon completo do Raim aqui
O declarante recorda que não pertence àquele número de cidadãos cuja sexualidade serve apenas o propósito da procriação e por isso é evidentemente dispensável a partir dos 50, cidadãos esses que o Supremo Tribunal Administrativo, ao que tudo indica, conhece pelo nome de «mulheres».

Mais se declara que, durante a adolescência, o declarante tinha um amigo chamado Vitor cuja mãe, na altura contando 52 anos, era bem boa. Na companhia da referida anciã passou o declarante tardes muito agradáveis sempre que o pai do supracitado Vitor se encontrava ausente por motivos profissionais. No âmbito deste mesmo requerimento, e tomando em consideração os factos atrás citados, o declarante deseja sensibilizar o tribunal para a existência de senhoras maiores de 50 suficientemente lúbricas para merecerem que os meritíssimos juízes tenham a generosidade de Ihes conceder mais algum tempo de vida sexual. Por exemplo, uma prorrogação por 5 anos, renovável por igual período findo esse prazo. O declarante dlsponibiliza-se para,­ em nome do tribunal, avaliar, caso a caso, o grau de concupiscência de todas as idades, e exarar em relatório oficial as suas conclusões."
Ricardo Araújo Pereira