"A senhora reformou-se das revistas e agora dedica-se a tricotar."
JCI
12 novembro 2014
«respostas a perguntas inexistentes (286)» - bagaço amarelo
Antes disso já me tinha apaixonado algumas vezes, sempre para sempre. Foi nesse período que algumas pessoas me tentaram informar da verdade do Amor, colocando-me uma mão no ombro e dizendo-me com alguma pena que o Amor nunca é para a vida. Ainda hoje acho que isso não se faz. Há coisas que tem que ser a experiência a ensinar-nos. Não um pai, com medo do nosso sofrimento.
Do pouco que sei é que um Amor é melhor quando é para sempre, mesmo que dure um só dia. Muito melhor do que um Amor a prazo que dura uma eternidade.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
11 novembro 2014
«[lua]» - Susana Duarte
nascida da noite e da tempestade de chuvas antigas
de noites esquecidas,
vim de ti. vim das névoas das dúvidas
dos corpos dos braços
e de mil embaraços que residem nos olhares
nos sentires
no amar.
nascida da lua crescente
luzente de poeiras marinhas e de sonhos,
olho-te redonda e sei que as etéreas aragens das nuvens
me flutuam
e navegam. vejo-te crescente, lua eterna
e indigente de solares noites,
onde saúdas o mar e te sabes Mulher. lua incandescente,
de brilho opalescente e nú. vejo-te os ombros
de dama encantada e percebo a alva
aurora de rosa inflamada.
sei de onde venho. venho das noites onde és
inclemente na luz que emanas eterna
potente LUA
onde o sonho
flutua e me toca os seios
e me toca os dedos e me toca
os dedos e
me toca os olhos
e me beija os olhos
e me sabe os segredos.
plenilúnio de canteiros de flores amarrotadas
por um beijo amarrotadas
pelo desejo de encontrar, em ti,
um leito onde
possa .ficar.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
de noites esquecidas,
vim de ti. vim das névoas das dúvidas
dos corpos dos braços
e de mil embaraços que residem nos olhares
nos sentires
no amar.
nascida da lua crescente
luzente de poeiras marinhas e de sonhos,
olho-te redonda e sei que as etéreas aragens das nuvens
me flutuam
e navegam. vejo-te crescente, lua eterna
e indigente de solares noites,
onde saúdas o mar e te sabes Mulher. lua incandescente,
de brilho opalescente e nú. vejo-te os ombros
de dama encantada e percebo a alva
aurora de rosa inflamada.
sei de onde venho. venho das noites onde és
inclemente na luz que emanas eterna
potente LUA
onde o sonho
flutua e me toca os seios
e me toca os dedos e me toca
os dedos e
me toca os olhos
e me beija os olhos
e me sabe os segredos.
plenilúnio de canteiros de flores amarrotadas
por um beijo amarrotadas
pelo desejo de encontrar, em ti,
um leito onde
possa .ficar.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Mulher abraçada a um falo
Estatueta da Ásia, esculpida em madeira, agarradinha à minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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10 novembro 2014
«respostas a perguntas inexistentes (285)» - bagaço amarelo
Quem é que compreende o fim de um Amor? Ninguém, porque o fim de um Amor é a antítese do próprio Amor. Quando acontece, ninguém consegue explicar porquê.
Uma vez viveu com um homem, diz ela. Admirava-o e mudou-se para casa dele. Quando a admiração acabou tornou a mudar de casa. Alugou um T0 no centro da cidade e comprou uma mobília de sala que também é uma mobília de quarto. Foi tudo. No Amor nunca é assim. Quando nos mudamos trazemos a tristeza connosco, muito mais pesada e difícil de mudar do que a mobília.
Já lhe disse que gostava de ser como ela. Repeti-o quando há uns dias me convidou para dividir uma garrafa de vinho, mais uns bifes e algum arroz. No fim do jantar, quando me sentei no sofá que também é uma cama, disse-me que me admira. Perguntei-lhe porquê e respondeu-me que é pela minha capacidade de sofrer com o Amor.
Ora bolas!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
09 novembro 2014
Luís Gaspar lê «Poética» de Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo o lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
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