29 dezembro 2014

Love Life - «Non, rien de rien...»

«O Pêndulo de Foucault» - João

"Aproximaram-se os dois de um corrimão circular que os afastava de um grande pêndulo, seguro de uma abóbada bastante alta, que oscilava e ia traçando linhas imaginárias contidas num círculo desenhado no chão. De corpos muito juntos, e mãos dadas, observaram o pêndulo por algum tempo, em silêncio, vendo-o afastar-se e depois aproximar-se, num movimento aparentemente perpétuo – assim se esquecessem eles do atrito do ar. A vida parece que é assim, disse ela, sempre às voltas, sempre aos círculos. Ele sorriu e disse-lhe que não. Não querida, não é assim. Vê bem este pêndulo de Foucault. Imagina que na ponta do pêndulo está um lápis que vai desenhando o chão quando passa. Repara como ele vai traçando elipses, fazem lembrar as órbitas dos electrões em torno de um núcleo. Vês querida? O pêndulo de Focault é muito bom a demonstrar a rotação da Terra, mas também nos fala das vidas. Nunca se vivem em círculos, isso não existe. Pensa no tempo. O tempo por exemplo, meu amor. Vai passando, vai construindo em nós as experiências, o que somos, e nunca podemos voltar atrás, não sabemos como o fazer. Não conseguimos voltar à escola primária, ao primeiro beijo ou à primeira grande asneira. Estamos sempre a evoluir, como a Terra sempre a girar, e este pêndulo a oscilar fazendo estas elipses. E ela apertou-o ainda mais, apertou-lhe ainda mais as mãos, és tu a minha constante, amor? A constante é o ponto central, respondeu-lhe, é como o vejo. É o ponto que nos define, o pêndulo passa lá sempre, e nós também. E se o teu ponto central é igual ao meu, então sim, eu sou a tua constante e tu és a minha. Voltaram ao silêncio, escutando o barulho que o pêndulo fazia ao cortar o ar no seu movimento, respirando ao mesmo ritmo, sentindo as suas constantes unir-se."
João
Geografia das Curvas

«os meus sapatos estão rotos» - bagaço amarelo

Às vezes dou por mim a olhar fixamente para os meus sapatos. Sento-me no sofá e, como não vejo televisão a não ser que tenha um filme específico em mente, os sapatos são objecto seguinte. Foi o que me aconteceu agora mesmo, enquanto tentava respirar um pouco pelo excesso de tarefas e coisas para fazer dos últimos dias. Os meus sapatos estão rotos, pensei.
Estão mesmo, e ainda não tinha reparado, apesar de os calçar e descalçar quase todos os dias (às vezes uso outros). Quando olho para eles dentro do meu próprio quotidiano, os meus olhos não são capazes de analisar nada. Sabem que eles estão ali para serem calçados e me protegerem os pés enquanto caminho e são incapazes de alcançar seja o que for para além disso. Só em momentos como o de hoje, em que tento parar e quebrar a rotina do mundo, é que consigo perceber que os meus sapatos estão rotos.
Por qualquer motivo, sempre achei que é uma capacidade mais feminina do que masculina, esta de perceber que os sapatos estão rotos. Acho que é por isso que os divórcios e as separações partem quase sempre delas e não deles. Não são um fim em si mesmo. São uma tentativa de calçar outra coisa qualquer.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Empata-torneios!

Crica para veres toda a história
Semi-final


1 página

28 dezembro 2014

migalhas natalícias

Raim on Facebook

Postalinho de Sangalhos (4)

"Esta , pode ser considerada provocatória por alguns!
Instalação composta por símbolos masculinos e femininos da Cultura Bura-Asinda-Sika, do Niger, de há cerca de 1500 anos, intitulada “Última Ceia”. Parte da colecção Berardo no Underground Museum das Caves Aliança."
Daisy Moreirinhas


Luís Gaspar lê «Romance do terceiro…» de Manuel da Fonseca


Romance do terceiro oficial de Finanças

Ah! As coisas incríveis que eu te contava
assim misturadas com luas e
estrelas e a voz vagarosa como o andar da noite!
As coisas incríveis que eu te contava
e me deixavam hirto de surpresa
na solidão da vila quieta!…
Que eu vinha alta noite
como quem vem de longe
e sabe o segredo dos grandes silêncios
– os meus braços no jeito de pedir
e os meus olhos pedindo
o corpo que tu mal debruçavas da varanda!…
(As coisas incríveis eu só as contava
depois de as ouvir do teu corpo, da noite
e da estrela, por cima dos teus cabelos.
Aquela estrela que parecia de propósito para enfeitar os teus
cabelos quando eu ia namorar-te…)
Mas tudo isso, que era tudo para nós,
não era nada da vida!…
Da vida é isto que a vida faz.
Ah! sim, isto que a vida faz!…
– isto de tu seres a esposa séria e triste
de um terceiro oficial de finanças da Câmara Municipal!…

Manuel da Fonseca
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Da arte de bem cavalgar



Eu cá sou mais bolos e por isso digo que ele é uma queca de comer e chorar por mais que só de falar nisto até já me estou a babar. É que aquilo era logo ali hirto desde o primeiro instante dos beijinhos e coiso e tal de roçar os sexos um no outro como se fosse uma kizomba mesmo sem tirar a roupa até experimentar todas as posições do chão à cama sem esquecer a mesa de cozinha que até se me acaba o fôlego. Ai!...

Diga-se que como primogénito era um mestre de bem cavalgar toda a sela como el-rei D. Duarte. Mulheres, entenda-se. Que nem o seu pai lhe permitiria outra coisa sob pena de lhe encher a cara de chapadas ainda hoje que uma coisa é mostrar algum polimento a tolerar maricas e outra como bom macho tuga é fazer que eles que vão para longe que não há cá pão para malucos.

Só que a acompanhar esta dieta calórica e rica em proteínas naturais vinha a melhor tradição clássica do benfiquista bom chefe de família não me tratar pelo nome próprio mas por substitutos fofinhos como menina, linda, querida, fosse na hora de montar como se não houvesse amanhã fosse no dia a dia e o Senhor Doutor sabe que isso é que me deixa completamente fodida.

É só macacadas


“Cada macaca no meu galho”. Pelo menos foi assim que aprendi.

Patife
@FF_Patife no Twitter

27 dezembro 2014

Snega « Alexandr »


SNEGA / ALEXANDR from Mikhail Torich on Vimeo.

«Colo» - por Rui Felício

Do regaço da Rainha
O suave milagre brotou
O teu túgido colo
A criança alimentou
Oculto pela blusa se adivinha
Me embriaga, me desperta
O seu calor me incendeia
Como fogo em palha seca
Na volupia do desejo
No mar do teu colo mergulho
Aos pináculos ascendo...
Exausto de lá me despenho
E em teu regaço soçobro
Mas é no meu colo e não no teu
Onde no fim te acolhes, saciada

Rui Felício


Revista Esquire (UK) de Agosto 2014 - especial «Sex and the British man»

Vários artigos com o tema de capa nas páginas 76 a 129.
Mais uma revista a juntar-se às edições especiais sobre sexo e erotismo da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


Um sábado qualquer... - «A infância de Jesus 2»



Um sábado qualquer...