04 janeiro 2015
Luís Gaspar lê «Confidência» de Manuel Bandeira
Tudo o que existe em mim de grave e carinhoso
Te digo aqui como se fosse o teu ouvido…
Só tu mesma ouvirás o que aos outros não ouso
Contar do meu tormento obscuro e impressentido.
Em tuas mãos de morte, ó minha Noite escura!
Aperta as minhas mãos geladas. E em repouso
Eu te direi no ouvido a minha desventura
E tudo o que em mim há de grave e carinhoso.
Manuel Bandeira
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Falta de ram
Caixa de velocidades
Disse que a papava e papei. Sou um homem de palavra e levo sempre a minha avante. Já ela levou com a minha por trás.
Patife
@FF_Patife no Twitter
03 janeiro 2015
«Curriculum invejável» - por Rui Felício
Já fui mar já fui navio
Já fui chalupa escaler
Já fui moço, já sou homem
Só me falta ser mulher.
Zeca Afonso
O Pedro ia casar e o Eugénio, pai dele, falou com o seu grande amigo Polibio para o convidar para ser padrinho de casamento.
O Polibio ficou muito sensibilizado com a honra do convite mas disse-lhe que já tinha feito de quase tudo na vida e que padrinho de casamento já tinha sido e não queria repetir.
Preferia que ele escolhesse uma outra função que ele pudesse acrescentar ao seu longo curriculum de que tanto se orgulhava.
Na verdade, o Polibio começou a enumerar-lhe a lista de profissões e funções que já tinha exercido:
pedreiro, latoeiro, policia, ladrao, ladrilhador, escriturário, arqueólogo, mineiro, motorista, agricultor, desinfestador, enfermeiro, segurança, vendedor, militar, carroceiro, encadernador, ferreiro, pescador, carteiro, repórter, jardineiro, barman, empregado de mesa, terapeuta, tradutor, detective, treinador, jogador, politólogo, fotógrafo, electricista, bombeiro, locutor, cozinheiro, chulo, podador, mecânico, bate-chapas, coveiro...
No que respeita a funções específicas relativas a casamentos, já tinha sido padrinho, testemunha, escrivão, mestre de cerimónias, fotógrafo, organista, florista...
O Eugénio ouviu, matutou e raciocinou tentando conciliar a vontade do Polibio com o seu próprio desejo inabalável de que ele participasse destacado no casamento do filho.
Murmurando alto:
- Bem, não podes celebrar o casamento porque não és padre, não queres ser o padrinho porque já foste uma vez, transportares as alianças não dá porque é tarefa destinada a duas crianças.
Com o dedo espetado na testa e os olhos em alvo, rematou:
- Sobra apenas seres Dama de Honor.
O Polibio escutou-o com atenção, mas perante a conclusão a que ele chegou ripostou admirado:
- Oh pá, as Damas de Honor têm que ser mulheres.
- Não é bem assim, meu amigo.
O meu filho Pedro vai casar com o Paulo.
Ora, neste caso, parece-me que não fará diferença que vás de Dama de Honor...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
«A liberdade de imprensa é um valor de sempre»
Publicidade do Sindicato dos Jornalistas na revista Visão, nos anos 80.
Recorte de revista, emoldurado na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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02 janeiro 2015
Viktoria Modesta - «Prototype»
Viktoria Modesta chama ao seu corpo «Modelo do futuro» e está a redefinir o que é ser sensual.
A sua perna ficou ferida durante o parto e passou por 15 cirurgias para tentar corrigir isso. Aos 20 anos, ele fez uma amputação voluntária da perna para melhorar a sua mobilidade.
A sua perna ficou ferida durante o parto e passou por 15 cirurgias para tentar corrigir isso. Aos 20 anos, ele fez uma amputação voluntária da perna para melhorar a sua mobilidade.
Vai-lhe comer o cabelo?!
"Assim que toquei o teu cabelo fiquei com a certeza de que ia comer-te."
Quem disse que as mulheres não conseguem ter o nosso romantismo?
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«Há quem se cumprimente fodendo» - João
"Os tempos são de urgência. De pressa. Há tantos apelos à satisfação imediata que perdemos o jeito para os rituais, para nos prepararmos para dar e para receber o prazer. Parecemos ter perdido o jeito para tocar um corpo com as mãos quentes, percorrendo todos os pontos que sabemos que vão levar a outra pessoa ao seu espaço muito particular de loucura, onde vai perder ou expandir os seus limites, onde vai arrepiar-se ou apreciar a dor de um prazer sublime. Parecemos ter perdido o tempo para nos agarrarmos longamente, para deixar que nos pousem a cabeça sobre o coração, para o ouvir bater e sentir que o amor está ali, vivo. Queremos a gratificação imediata, rápida, que faz ter tudo logo ali, logo à mão. O pragmatismo impera. Há pessoas que se cumprimentam com um aperto de mão. Outras cumprimentam-se com beijos. Mas outras cumprimenta-se fodendo. Dir-se-ia que é sinal dos tempos de urgência. Da perda de jeito para os rituais. Poderá ser. Mas não com todos. Há gente que se cumprimenta fodendo porque é diferente dos demais. Porque foder lhes é natural e não viola em nada o tempo da preparação, o tempo das mãos quentes ou dos pontos sensíveis. É pragmatismo romântico. Inversão do tempo. Fode-me já, depressa e com força. E depois disso, agarra-te a mim, tapa-me, aconchega-me, e beija-me suavemente quando nos ficamos, no nosso ritual de calor, tu a procurar-me nos olhos, eu a escutar-te o coração."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
01 janeiro 2015
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