02 fevereiro 2015

«respostas a perguntas inexistentes (293)» - bagaço amarelo

bifanas

Esta podia ser a história dum homem e duma mulher que foram feitos um para o outro, mas não é. Quando nascemos, nascemos feitos para nós mesmos. Não é egoísmo, é liberdade. Se o Amor não entender isso, acaba. O problema é que normalmente não entende, porque o Amor tem a mania de ser egoísta.
Sobre o que falamos quando falamos de Amor, acaba sempre no mesmo pressuposto, errado, de que quando duas pessoas se Amam passam a dever alguma coisa um ao outro. É a assumpção de que duas pessoas podem nascer uma para a outra quando, de facto, não podem.
A variável do nascimento insere-se no imenso caos probabilístico que nos torna impossíveis para o(s) outro(s). Ainda bem, digo eu. Sabe tão bem sermos feitos para nós mesmos que sabe ainda melhor quando atingimos a impossibilidade do Amor.
Na verdade, o único egoísmo que consegue ser maior do que o nosso é o egoísmo da paixão. Quando nos apaixonamos e passamos a sentir que o chão está dez centímetros abaixo dos nossos pés, assim como quem não quer a coisa, abdicamos um pouco de nós.
Estou a escrever este texto com as mãos a cheirar a bifanas, as melhores do mundo, que como de vez em quando no Icaria, um restaurante perto da estação de São Bento. São dois euros e noventa por uma experiência divinal com carne no pão e uma cerveja. Mais ainda quando se assiste ao que eu assisti hoje. Um homem e uma mulher a discutirem energicamente na rua. Ela a pedir que ele a deixasse em paz, ele a argumentar que foram feitos um para o outro.
É um péssimo argumento, pensei. Depois trinquei a bifana.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Amélie» - por Luis Quiles


01 fevereiro 2015

«Pornografizme» - Porta-Curtas

Diretor: Leo Pyrata
Duração: 9 min
Ano: 2010
Sinopse: Sobre a política dos afetos em tempos de banda larga.

Toilette


PIM


Tirei o dedo da boca e saltei-lhe ao pescoço a fazer da minha língua esfregona para a limpeza de rotina do seu pescoço e orelhas que quero que homem que ande comigo, ande lavadinho. E valha a verdade, também porque sou menina de nestes preparos gostar de me baloiçar no banquinho das suas mãos estiraçando os calcanhares no fundo das suas costas. Ele lá se encostou ao aparador da sala para eu lá fincar os pés que com ambas as mãos nas minhas nádegas faltava-lhe uma para puxar os boxers para baixo que apesar da largueza sempre tinham um elástico em cima que ainda lhe garroteava a glande e lá se ia a brincadeira. Depois lá continuámos os folguedos embora creia que a vizinha do lado tenha pensado que nos magoámos a colocar um quadro quando bati várias vezes com os pés na parede e ele deitou cá para fora uns ais profundos.

Já sentados no chão à roda de um cinzeiro ele começou a desfiar um rol de utilidades muito para além da escova de dentes que contava armazenar cá em casa e foi como se uma pulguita me picasse uma orelha e atalhei logo que para isso ele tinha de ser um PIM que é o mesmo que dizer Projecto de Interesse Mariano. E indagando ele dos detalhes como já estava garantida a sua resistência para desgastar todo e qualquer mobiliário só faltava provar que era homem para me ir comprar uns tampõezitos, com aplicador evidentemente e também a minha marca de pílulas na farmácia mais próxima.

Feirantes


Não há fome que não dê com a minha fartura. Pelo menos foi assim que aprendi.

Patife
@FF_Patife no Twitter

31 janeiro 2015

Ron English - «POPaganda»





Via CTRL+PELS

«O amor pode tardar mas não falta» - por Rui Felício



Enclausurada em casa, às vezes sentia-se abandonada, proscrita.
Como desejava que as mãos daquele homem bonito que vivia em frente a percorressem, que sentissem o perfume, a maciez, a textura e o aveludado do seu corpo!
Mas ele parecia nem reparar nela.
Nem um olhar fugaz lhe dirigia.
Era nova ainda, na força da vida.
Ele iria gostar dela quando lhe tocasse, quando o roçagar suave e sensual dos seus movimentos o despertassem.
Quando a apertasse nos braços ele ficaria rendido à sua beleza.
E ela alcançaria a felicidade. O seu sonho apaixonado seria finalmente realidade.
Tinha que se encontrar com ele.
Não podia continuar fechada em casa. Tinha que proporcionar um encontro com ele.
Subitamente, o ansiado dia aconteceu.
Foi jantar, num lugar romântico, com o belo vizinho e no regresso ele abraçou-a, acariciou-a por fora, por dentro, por todo o lado dando-lhe a vida que lhe faltava.
A vida daquele blusa de seda há muito abandonada no cabide, que naquela noite, por sorte, a dona escolhera para vestir...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Lote de 13 selos e blocos

Selos e blocos de S. Tomé e Príncipe, União Soviética, Antígua Barbuda, Guiné Equatorial e Butão.
Mais 13 selos eróticos a juntarem-se a muitos outros na minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)








Banha da cobra... macho

Crica para veres toda a história
Panaceia


1 página

30 janeiro 2015

NASSER - «I'm a man»


NASSER I'm a man from Cotone Productions on Vimeo.

Averbamentos


Demasiada malta não entende as relações amorosas sem estarem devidamente averbadas num registo de propriedade.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«O desenho da foda» - João

"Dei por mim a pensar por que razão o sexo se desenha na minha cabeça com os traços com que se desenha. São traços que vão um pouco (muito!) além do tradicional. Nada obsto às danças mais pornográficas do sexo, aquele agarrar dos tornozelos enquanto se esfregam os corpos e se olha a fêmea nos olhos, nada tenho contra uma foda de lado, uma tesoura, uma canzana, tudo isso me parece perfeito e muito desejável. Nem sequer obsto à tradicional posição do missionário, que também tem o seu espaço. Tudo isso é perfeito, tudo isso é bom, se as cabeças estão sintonizadas. Os corpos sempre vão atrás, se nada físico os impedir. Mas o sexo pode ter outros desenhos. Desenhos em tudo diferentes, sobrepostos aos mais conhecidos, ou neles contidos. É talvez uma questão de atitude, porque, reparem, há muitas maneiras de enfiar um caralho numa cona por trás. Há a maneira do taberneiro, e há outra maneira, mesmo que possam parecer iguais. E não são. O cuidado no ritmo, a forma como as mãos desenham linhas imaginárias no corpo da mulher que se funde connosco, a estética do movimento que pode ser tão diferente consoante se foda como martelo pneumático para satisfação primária rápida ou como comunicação sem verbos, dos corpos a suar em uníssono. Dei por mim a pensar de onde me viria esta necessidade pela estética, o prazer pelos detalhes, esta exigência de corpos que não funcionam em self-service mas em fantasia conjunta. A resposta pode estar em duas coisas que fiz quando era muito jovem. A primeira, as várias temporadas de ballet contemporâneo a que assisti no maravilhoso grande auditório da Gulbenkian, a segunda, a minha prática de karaté, em que o que mais apreciava era a estética das kata, a beleza existente mesmo nos mais agressivos movimentos do corpo. Os nossos corpos – mesmo os mais imperfeitos ao terrível olhar masculino – têm muita música em si, e quando a deixamos tocar, o sexo é mais do que pornografia utilitária. O sexo torna-se bailado. Torna-se kata."
João
Geografia das Curvas