10 março 2015

«ou talvez fosse apenas a noite, soprando o mar para além do horizonte» - Susana Duarte

talvez as ondas tenham despojado de luz
as estrelas nelas espelhadas,

ou talvez fosse apenas a noite,
soprando o mar para além do horizonte.

se fosses tu, certamente preencherias
a noite de luz. a não ser que a aurora se demorasse,
a cavalo na noite, ensombrada pelo receio
de ser um dia novo, onde os homens têm medo.

talvez as ondas segurem as estrelas
para além do céu, quando a noite se demora.

ou talvez o calor nos devolva o dia,
e nos dê a exata medida dos sonhos.

talvez tu, na sonora imensidão das ondas,
sejas a espuma que delas nasce,
etéreo,
apenas sonho.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

A colecção também é tecnologia

Um dos expositores da minha colecção é um sistema de espelhos côncavos que projecta um pequeno objecto, em imagem 3D.
Nas fotografias, um exemplo com um mordomo egípcio em prata, com um segredo articulado.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)




09 março 2015

KAZAM - «Tornado 348 - o smartphone mais fino do mundo»

«1230» - João

"- Lembras-te?
– Sim, lembro-me muito bem. Podia ter sido ontem.
– Podia ser hoje. Lembras-te que chovia?
– Muito bem. Lembro-me de tudo.
– Tudo?
– Tudo. Sobretudo do teu olhar. Nunca me senti assim.
– Nem eu."


João
Geografia das Curvas

«respostas a perguntas inexistentes (297)» - bagaço amarelo

o mais pequeno Amor

Ainda ontem ouvi alguém falar do grande Amor da sua vida. É claro que o tamanho importa, por isso é que todos procuram esse grande Amor. Nunca ninguém deseja um Amor pequeno, porque à falta de mais conhecimento sobre o assunto, sobra o tamanho. O tamanho é o primeiro objecto de análise. Vivam os grandes Amores.
Eu também sempre quis um grande Amor, até ao dia em que percebi que os melhores Amores são os pequenos que, por serem menores, também são difíceis de encontrar. No dia em que decidi que precisava de um pequeno Amor vivia um grande, enormíssimo, Amor. Tão grande que ocupava o espaço todo, incluindo o de uma praia invernosa e deserta onde eu tinha caminhado sozinho toda uma tarde, apenas porque a solidão também é uma necessidade.

- Onde é que andaste o dia todo? - Perguntou-me.

Voltei a essa praia já a pensar em como desejava um Amor mais pequeno, daqueles que não são óbvios e que, para termos a certeza que existem, precisam de uma lupa ou até de um microscópio. São os Amores de pormenor, que por serem pequenos não exigem nada. Dão é tudo. É o pormenor de uma mão dada, de um segredo ao ouvido ou de um abraço. Ninguém vê, a não ser quem o sente.
Há alguns anos que vivo o mais pequeno Amor da minha vida. Assim, porque não quero outro.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Marketing da rendição

Crica para veres toda a história
Bandeira branca


2 páginas

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08 março 2015

festivais


Raim on Facebook

A Salsicha


Le Saucise from TropicalTitties.com on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Rosas e Cantigas» de Afonso Duarte


Eu hei-de despedir-me desta lida,
Rosas? – Árvores! hei-de abrir-vos covas
E deixar-vos ainda quando novas?
Eu posso lá morrer, terra florida!

A palavra de adeus é a mais sentida
Deste meu coração cheio de trovas…
Só bens me dê o céu! eu tenho provas
Que não há bem que pague o desta vida.

E os cravos, manjerico, e limonete,
Oh! que perfume dão às raparigas!
Que lindos são nos seios do corpete!

Como és, nuvem dos céus, água do mar,
Flores que eu trato, rosas e cantigas,
Cá, do outro mundo, me fareis voltar.

Afonso Duarte
(Ereira, 1 de Janeiro de 1884 — Coimbra, 5 de Março de 1958) foi um poeta português. Afonso Duarte interessou-se por temas de etnografia e arte popular portuguesa, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Paraíso das mamas


Quando era miúda as lojas mais populares incluíam no seu nome a palavra paraíso , como o paraíso do calçado ou o paraíso da moda apelando ao cliente mais afoito através do seu potencial de satisfação tal como as clínicas dermoestéticas de agora se estabelecem como paraíso das mamas, à escolha por catálogo e à medida.

E como quem não se sente não é filho de boa gente também eu não me cansava de lhe publicitar como seria um bom investimento para lhe encher as mãos. É que se ele nunca mostrara enfado pelas minhas 36 também é certo que nunca deixara de reparar nas mais avantajadas e de as elogiar. Mas o raio do gajo não se comovia argumentando com os tempos de crise e que as mamas estavam muito bem assim pois que as grandes são mais fetiche de garganta de gajo sem o qual até se passa bem e que era moda passageira. Lembrei-lhe que as clínicas especializadas provém de países desenvolvidos e que não podemos estar sempre na cepa torta. E acrescentei que a moda é de nível europeu ou até mundial e eu não era ninguém para a contrariar.


Ele levantou-me a camisola para prantar ambas as mãos nas minhas mamas, uma em cada uma, a sopesá-las como quem avalia laranjas, a mexê-las circularmente com as palmas, a fazer tesourinhas de dedos nos mamilos e acabar por me dizer que se eu não tinha poder de decisão sobre o meu paraíso de mamas fazia delas já ali uma república das bananas.



[Imagem: Playmate de Dezembro de 1990 e Playmate de 2003]

Romantismo a léguas


Ok, sou devasso mas há uma coisa que não faço na cama: É fazer das tipas coração.

Patife
@FF_Patife no Twitter

07 março 2015

«Diversexualidad» - o direito de todos à sexualidade


Diversexualidad from yes, we fuck! on Vimeo.

«Turismo falhado» - por Rui Felício

A malta do café nem deixava o Eduardo respirar com tantas perguntas. Ele bem queria responder a todos, mas não lhe davam sossego.
- Há que tempos não te víamos, Eduardo!
- Como é que correu a viagem que ganhaste no concurso?
- Claro que deve ter sido uma maravilha. Nem precisas de responder.
- Uma viagem de uma semana para duas pessoas à Turquia com tudo pago não acontece todos os dias.
- Para mais, sabemos que arranjaste uma loiraça boa como o milho para te acompanhar no passeio.
- Que inveja, pá! Ainda por cima dizem que a Turquia tem coisas lindas de se ver.
O Eduardo lá conseguiu finalmente que se acalmassem, e, com um gesto largo e ar compungido, articulou, perante a incredulidade espelhada nos rostos dos amigos:
- Não gostei nada. Não gostei nada...
Insistiram para que se explicasse e o Eduardo contou:
- Na véspera estive a jantar com a loira para combinar e acertar os pormenores da viagem. Como eu nunca tinha viajado de avião e ela estava farta de andar por todo o mundo, achei melhor dar-lhe os bilhetes e os vouchers do hotel.
Ela trataria de todas essas trapalhadas de aeroporto, check-in e tudo o mais.
No dia seguinte lá estava eu no aeroporto, duas horas antes do voo.
Meia hora antes do avião partir vi-a, a ela e a um fulano qualquer a correrem para o balcão do tal check-in.
Ainda me sorriu com ar de gozo quando desapareceu, em passo acelerado, por trás da porta onde estava um guichet da polícia.
Segui-a, mas o polícia ainda me quis prender quando tentei atravessar a tal porta!
Odeio aeroportos. Odeio aviões.
Passei a odiar loiras...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido