20 março 2015

«Nocturnamente» - João

"No tecto da sala existe uma roldana. Para quem entra e sai, de visita, serve para suster um vaso que dela pende, com uma planta decorativa. Durante o dia, é uma sala como qualquer outra, com o sofá, os armários, toda a tecnologia de recuar no tempo e ver coisas que a televisão mostra, a mesa e as cadeiras, cortinados, as paredes pintadas ao nosso gosto, com as cores de que gostamos, e a planta decorativa. E a roldana no tecto. Mas depois chega a noite, e com a noite as sombras dominam a luz, ficamos misturados numa penumbra saborosa onde trocamos faíscas, das mãos nas mãos, das mãos em toda a parte. E a pobre planta decorativa é descida e colocada à parte. E a corda que pende da roldana embrulha-se nos teus pulsos que sobem unidos acima, bem acima, da tua cabeça. Nua, de pé, quase em pontas – e eu com ponta, bem o sentes -, a corda na minha mão, que puxo gentilmente, o teu corpo em tensão, em tesão, e quanto mais gemes, mais eu puxo, e quanto mais me pedes que te foda, mais eu puxo, até prender a corda, deixar-te esticada, naquele limiar de dor que conhecemos, e enquanto te amparo o corpo com as mãos nas tuas mamas, enquanto acaricio os teus mamilos, deixo-me entrar de caralho em cona por trás, beijando-te o pescoço, beijando-te os braços esticados, dizendo-te ao ouvido palavras que apenas tu percebes, que só eu posso dizer. No tecto existe uma roldana. Normalmente há um vaso e uma planta. Nocturnamente há amor e foda."

João
Geografia das Curvas

«Não abusem dos lubrificantes»- Shut up, Cláudia!




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19 março 2015

Catarina Furtado diz o poema «Em todas as ruas te encontro» de Mário Cesariny

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny, in "Pena Capital"



«Instantes»- Um programa de interpretação de poesia da RTP em 1996. Uma ideia de Hermínio Monteiro, Margarida Gil e Nuno Artur Silva.

Geoff Mcfetridgetridge - «Some Girls» (algumas raparigas)



Via mon ami Bernard Perroud

Kama-Sutra medicinal

Folhetos de 1973 do laboratório F. Hoffmann - La Roche & Cie. SA de propaganda médica a um medicamento para a fertilidade masculina.
Oferta da São P. para a colecção. "São folhetos de laboratórios que mandavam aos médicos. Foram enviados em 1973 para a minha Mãe. Desculpa a pobreza da oferta mas lembrei-me logo de ti". Uma riqueza!

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)












Há sempre solução

Crica para veres toda a história
Problema de geometria


1 página

17 março 2015

Um ano inteiro a desenhar caralhos todos os dias



Aqui, o video que inspirou o de cima:

"Pronto, pronto... já lá está todo..."


Rapaziada, a sério: a tanga do "não custa nada" não é a abordagem mais inteligente ao sexo anal por parte de quem não faz a mínima ideia.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«fiquei parada, no meio do vento» - Susana Duarte

fiquei parada no meio do vento,
submersa pela vontade de me espraiar em ti,

mas foi imensa a extensão do ar,

e alada a praia de onde partiram os braços.


fiquei parada, submersa no meio do vento,
perdidas as asas da memória e os olhos negros
da tua presença sobre o meu corpo.
foi imensa, a onda que me submergiu
e condenou. fiquei parada,

no meio do vento.

onde as árvores me estendem os braços,
derreto as névoas imensas de além mar, perdendo-me
nas raízes-seiva de quem sou.

perdida no seio das águas,
fiquei parada no meio do vento. os vórtices
que me elevam às nuvens mais não são,
que ondas perdidas do seu rumo, erguidas elas

à sofreguidão dos sonhos.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto