Não sei porquê mas adoro esta versão da «Bohemian Rapsody» dos Queen.
"Mamaaaaa!..."
10 abril 2015
«Ladrão de beijos» - João
"Atrás de ti só a parede. Há sempre uma parede, vês? Parece um fetiche qualquer. Mas havia uma parede, e a porta encostada, devagarinho, para não fazer barulho. E o teu corpo pressionado contra o edifício que nos segurava, suspensos no ar, a metros do chão, a metros das outras pessoas. Pressionava-te eu, encostava-me eu a ti. Roubei-te beijos, fui ave de rapina. Havia escadas. Também havia escadas. Havia sempre escadas e um pedacito de privacidade fugaz, e roubei-te beijos. Roubei-te muitos beijos. Ao sol, à chuva, devagar e com pressa. Desculpa se não sei beijar de um modo que aproxime o Sol de nós, desculpa se não tive tempo de aprender, se não me pudeste ensinar. Tive de fazer outras coisas, e tu viste tão à frente, e eu lembro-me de me surpreender com sugestões de não fazer um almoço, fazer antes um jantar, mais tarde, agora não, mais tarde, ao final do dia, mas tu viste tão à frente, e eu tão cego. Beijo-te depois, ensinas-me depois, com parede ou sem parede, a metros do chão ou deitados a ondular com a água e o vento, a subir ou a descer escadas, não importa. Roubei-te muitos beijos, mas não precisava, porque estavas sempre ali para mos oferecer. E às vezes, às vezes quando chegava já as trancas estavam caídas no chão. Assalta-me, parecias pedir. Rouba-me os beijos todos. E eu fazia-me malandro. A maltratar uma donzela indefesa, que só tinha amor para dar, nas mãos, na ponta dos dedos que me buscavam, num ronronar ao Sol que entrava diagonal e traçava linhas no chão e curvas em nós. De todos esses beijos que roubei, nem um vendi, nenhum ofereci, guardei-os todos."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
09 abril 2015
«sem título» - bagaço amarelo
- Por favor, diz-me o que se passa! - Pedi-lhe.
Estávamos no carro dela, motor desligado e a chuva a bater violentamente no pára-brisas. Tive pena daquela chuva, que vinha de tão longe para nos molhar e mesmo à última da hora não conseguia. Havia um vidro a separar-nos. Só isso, Um vidro. Depois de uma viagem tão grande ficava-se por ali, de forma inglória, desfeita em gotas.
- Por favor, diz-me o que se passa! - Repeti.
Ela rodou a chave uma vez e ligou o rádio, não sei se para matar o próprio silêncio ou se para cobrir o som da chuva. Estava a dar uma música que eu conhecia, mas da qual não sabia o nome nem o autor. Era uma música daquelas que passa por nós como um desconhecido a quem vemos a face na rua, mas de quem não conhecemos a identidade.
- É gira, esta música...
- Precisava que saísses e só voltasses a falar para mim no dia em que eu te pedir.
Para ela falar foi preciso que eu deixasse de lho pedir. Toquei-lhe no ombro de forma subtil, na tentativa de lhe dizer que compreendia, abri a porta do automóvel e corri para dentro do café onde tínhamos estado antes a pedir ao tempo que passasse mais depressa. Os pratos das torradas e os copos dos galões já tinham sido levantados pelo empregado eléctrico.
Até esse dia, nunca nenhuma mulher tinha terminado comigo algo que ainda nem sequer tinha começado. Pela janela do bar, vi o carro deslizar sobre a água que inundava as ruas de Lisboa. Pedi outro galão e outra torrada, à espera do comboio que me havia de levar a casa.
Passado pouco tempo apaixonei-me, creio que numa quarta-feira feliz, tão feliz como qualquer quarta-feira que não seja triste.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Licor de Leite «Malandrice»
Lote de 3 garrafas em barro com forma de falo, em diferentes tamanhos, da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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08 abril 2015
07 abril 2015
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