Deitada, meio adormecida, ouviu-lhe os passos a entrar no quarto e momentos depois a enfiar-se na cama por baixo dos lençóis que a cobriam.
Despertou quando o companheiro lhe tocou os cabelos, os olhos, o pescoço.
Sentiu cócegas quando os dedos dele desceram para as costas e para o peito, dedilhando-lhe o corpo como quem pisa suavemente os bordões do braço de uma guitarra.
Ao principio era vontade de rir o que sentia, mas aos poucos o riso transformou-se num arrepio, num estremecimento, na contracção involuntária dos músculos do corpo.
Deu por si a ondular lentamente, de forma instintiva, involuntária. A respiração acelerava como se estivesse cansada, sem o estar.
As caricias carinhosas das mãos dele provocavam-lhe sensações voluptuosas irreprimíveis, estranhamente na região do corpo onde ele ainda nem sequer havia tocado.
Retribuiu-lhe os carinhos com um beijo longo, prolongado, que lhe aumentava as sensações e lhe acelerava a respiração e os movimentos.
Endoideceu ao escutar o gemido rouco, gutural, que ele não conseguiu evitar quando a mão dela lhe percorreu o corpo, detendo-se onde ele parecia mais desejar.
Descontrolou-se quando a mão dele finalmente a pressionou na fornalha que já a incendiava.
Na penumbra do quarto, as silhuetas dos corpos nus apenas se adivinhavam. Só pelo tacto tinham a certeza de que não era sonho, de que eram reais.
Cavalgaram as sucessivas ondas de prazer até ao cume.
No auge, ele não resistiu e sussurrou-lhe:
- Amo-te, Catarina!
Uma onda gélida escorreu pelo corpo dela em chamas.
A Marta esperava tudo menos isso...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
09 maio 2015
«O tango» - Judith Teixeira
«Tango» - Zheng Qiuna Óleo sobre tela, China, 2003 Colecção de arte erótica «a funda São» |
Deslizam pela sala,
Ele sorri, ela não fala…
Bem colados,
os peitos bem unidos
em requebros sensuais,
embaralhados
os corpos e os sentidos
nos movimentos desiguais –
ela enrolava-o todo nos vestidos!
E os olhos falam de um desejo,
exigente, febril, incendiado!
As bocas recortaram-se num beijo…
- uma promessa
apenas
que se não confessa,
pondo-lhe sombras morenas
no olhar cobiçoso e abrasado!
……………………………………………………
A orquestra emudeceu…
……………………………………………………
Agora ao canto da janela
o perfil dela,
loiro, branco, estilizado,
tem o ar frio e recatado,
de quem não entendeu
aquilo que prometeu…
Judith Teixeira (1888-1959)
Poemas a Tinta
Estoril-Junho
1922
~ Descoberto e enviado por A. Maia
08 maio 2015
CoolCoolCool - «Ad Song»
Com a actriz porno russa Anna Polina (25 anos).
CoolCoolCool - AD SONG (Official Uncensored /// ANNA POLINA) from CoolCoolCool on Vimeo.
CoolCoolCool - AD SONG (Official Uncensored /// ANNA POLINA) from CoolCoolCool on Vimeo.
Teresa Torga - liberdade... mas não para a nudez!
Para quem não saiba quem é a Teresa Torga da canção do Zeca Afonso... o Rui Pato mostrou-nos a explicação:
Aqui dão mais detalhes:
Com o título "Quem se despiu na via pública, ontem, às 4 da tarde?", no Diário de Lisboa (4.5.75), Rogério Rodrigues conta a história de uma mulher "de que não se conhecia o nome", que ontem, às quatro da tarde, fazia strip-tease enquanto dançava, ao centro do cruzamento da Avenida Miguel Bombarda com a Avenida 5 de Outubro."Visivelmente surpreendidos, alguns espectadores da cena, invulgar em ruas de Lisboa, dirigiram-se para a mulher no intento de a proteger das vistas de quem passava e de quem parava, persuadi-la a vestir-se e abandonar o local. No meio da confusão, surge o repórter António Capela, que começa a disparar. Os populares, indignados com o que consideram 'uma baixeza moral', investem sobre ele, insultam-no, empurram-no, agridem-no e só a intervenção do proprietário da drogaria vizinha impede que não lhe partam a máquina. (...) Entretanto a mulher tinha sido levada para o limiar de um prédio com porteira à porta. Já vestida, olhava apática para as pessoas que a rodeavam. Dizem-me que se chamava Maria Teresa. 'Não sou Maria. Não sou Teresa. Tenho muitos nomes.' Tinha os lábios encortiçados e recusava o copo de água que lhe ofereciam.""Quem se despiu na via pública, ontem, às 4 da tarde?". interroga-se o jornalista. que passa a contar o percurso de vida, entretanto averiguado, de uma mulher de 41 anos, divorciada, sucessivamente actriz de revista, emigrante no Brasil, cantora de fado e que agora, no intervalo de tratamentos no Júlio de Matos, "mudava discos no pick-up" de uma boite em Benfica.Usava o nome de Teresa Torga "porque há um escritor que se chama assim" e ela gostava muito de ler, conta uma vizinha. A última vez que o repórter a viu seguia ela num carro da polícia para a esquadra do Matadouro. Zeca Afonso lê a crónica, magnífica, põe-lhe notas e voz, e imortaliza-a.
(in "Os dias loucos do PREC" de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira. Ed. Expresso/ Público, 2006).
E aqui explicam um pouco mais e podes ouvir algumas músicas cantadas pela Teresa Torga.
José Afonso - «Teresa Torga»
Letra e música: Zeca Afonso
in «Com as minhas tamanquinhas»
No centro da Avenida
No cruzamento da rua
Às quatro em ponto perdida
Dançava uma mulher nua
A gente que via a cena
Correu para junto dela
No intuito de vesti-la
Mas surge António Capela
Que aproveitando a barbuda
Só pensa em fotografá-la
Mulher na democracia
Não é biombo de sala
Dizem que se chama Teresa
Seu nome é Teresa Torga
Muda o pick-up em Benfica
Atura a malta da borga
Aluga quartos de casa
Mas já foi primeira estrela
Agora é modelo à força
Que a diga António Capela
T'resa Torga T'resa Torga
Vencida numa fornalha
Não há bandeira sem luta
Não há luta sem batalha
Aqui dão mais detalhes:
Com o título "Quem se despiu na via pública, ontem, às 4 da tarde?", no Diário de Lisboa (4.5.75), Rogério Rodrigues conta a história de uma mulher "de que não se conhecia o nome", que ontem, às quatro da tarde, fazia strip-tease enquanto dançava, ao centro do cruzamento da Avenida Miguel Bombarda com a Avenida 5 de Outubro."Visivelmente surpreendidos, alguns espectadores da cena, invulgar em ruas de Lisboa, dirigiram-se para a mulher no intento de a proteger das vistas de quem passava e de quem parava, persuadi-la a vestir-se e abandonar o local. No meio da confusão, surge o repórter António Capela, que começa a disparar. Os populares, indignados com o que consideram 'uma baixeza moral', investem sobre ele, insultam-no, empurram-no, agridem-no e só a intervenção do proprietário da drogaria vizinha impede que não lhe partam a máquina. (...) Entretanto a mulher tinha sido levada para o limiar de um prédio com porteira à porta. Já vestida, olhava apática para as pessoas que a rodeavam. Dizem-me que se chamava Maria Teresa. 'Não sou Maria. Não sou Teresa. Tenho muitos nomes.' Tinha os lábios encortiçados e recusava o copo de água que lhe ofereciam.""Quem se despiu na via pública, ontem, às 4 da tarde?". interroga-se o jornalista. que passa a contar o percurso de vida, entretanto averiguado, de uma mulher de 41 anos, divorciada, sucessivamente actriz de revista, emigrante no Brasil, cantora de fado e que agora, no intervalo de tratamentos no Júlio de Matos, "mudava discos no pick-up" de uma boite em Benfica.Usava o nome de Teresa Torga "porque há um escritor que se chama assim" e ela gostava muito de ler, conta uma vizinha. A última vez que o repórter a viu seguia ela num carro da polícia para a esquadra do Matadouro. Zeca Afonso lê a crónica, magnífica, põe-lhe notas e voz, e imortaliza-a.
(in "Os dias loucos do PREC" de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira. Ed. Expresso/ Público, 2006).
E aqui explicam um pouco mais e podes ouvir algumas músicas cantadas pela Teresa Torga.
Letra e música: Zeca Afonso
in «Com as minhas tamanquinhas»
No centro da Avenida
No cruzamento da rua
Às quatro em ponto perdida
Dançava uma mulher nua
A gente que via a cena
Correu para junto dela
No intuito de vesti-la
Mas surge António Capela
Que aproveitando a barbuda
Só pensa em fotografá-la
Mulher na democracia
Não é biombo de sala
Dizem que se chama Teresa
Seu nome é Teresa Torga
Muda o pick-up em Benfica
Atura a malta da borga
Aluga quartos de casa
Mas já foi primeira estrela
Agora é modelo à força
Que a diga António Capela
T'resa Torga T'resa Torga
Vencida numa fornalha
Não há bandeira sem luta
Não há luta sem batalha
«Madrugada fria» - João
"Fiz aquela estrada na madrugada fria, umas vezes molhada, a estrada vazia a acelerar por ali fora, minutos, pouco menos, pouco mais, gente que concorria comigo nas faixas da vida paralela a caminho de qualquer lugar, mas eu arrancado da cama, cama onde me apetecia estar, onde queria ficar, quente, contigo, com o teu corpo atirado para cima do meu, e sempre havia calor, como havia calor, e eu queria tanto ficar, queria tanto estar, e arrancávamo-nos um do outro, os dois do leito, olhando os ponteiros do relógio, a luz a quebrar a escuridão em dois, a entrar pela janela e deixar distinguir o contorno da roupa tão depressa despida horas antes, e eu a lançar-me num beijo teu e num abraço triste, de que não vás, que fiques, que te quero aqui, que quero ver o sol forte, mais forte que esta luz ténue, quero recebê-lo contigo, e triste vias-me partir, e triste partia eu, e fiz aquela estrada na madrugada fria, na madrugada molhada, os quilómetros vazios, e suponho que tu te preparavas para o dia nascente com a saudade vertida na roupa já fria.
“Das traseiras da tua casa deitas uma escada e por fim, vens ter a mim, vens ter a mim, e eu qual Romeu digo-te sim, dou-te amor quem mo quer dar a mim?
Tenho os meus armários cheios de cartas a dizer I love you, que eu só quero alguém como tu, vem por-me a nu, vem por-me a nu. Queria amor e amor deste tu.”
(contém excertos de Linha das Fronteiras, dos Trovante)"
João
Geografia das Curvas
“Das traseiras da tua casa deitas uma escada e por fim, vens ter a mim, vens ter a mim, e eu qual Romeu digo-te sim, dou-te amor quem mo quer dar a mim?
Tenho os meus armários cheios de cartas a dizer I love you, que eu só quero alguém como tu, vem por-me a nu, vem por-me a nu. Queria amor e amor deste tu.”
(contém excertos de Linha das Fronteiras, dos Trovante)"
João
Geografia das Curvas
07 maio 2015
«respostas a perguntas inexistentes (299)» - bagaço amarelo
Todos procuramos certezas no Amor, sem percebermos que são elas o seu fim. Um Amor a sério vive sempre da dúvida e da insegurança, do receio e da saudade. Por mais que se tenha de um Amor nunca é suficiente. A insuficiência e a insegurança, como duas irmãs gémeas, andam sempre de mão dada.
Pedir a quem se Ama que dê mais é a mesma coisa que pedir a um rio que mude o seu curso natural. Não se faz nem leva a lado nenhum. Para viver bem com um Amor é preciso viver bem com o insuficiente.
Mal do Amor quando é suficiente, quando um dos apaixonados diz para si mesmo que já chega. Todos procuramos certezas no Amor, é verdade. Eu procuro-as na insuficiência, porque é dela que vivo.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«A louca do Sacré-Coeur»
Livro de banda desenhada de Moebius e Jodorowsky.
Junta-se a muitos outros da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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06 maio 2015
Querer e poder
Pede-me o que quiseres e dar-te-ei o que puder.
Façamos tudo o que melhor nos aprouver.
Consensualmente unidos pelo prazer.
Ousemos sonhar sem que os transformemos em pesadelos.
De forma controlada, descontrolemo-nos.
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