29 julho 2015
Desespero esperando
À espera de outrem, desencontram-nos. Procuramos noutro lugar o que não encontramos aqui e agora.
O desassossego da espera desconcentra-nos do mais importante. Eu. Tu. A não ser que esteja à espera de ti. E tu não me procures. Procuras ele. O outro. O desassossego do desencontro não permite a direcção correcta do foco.
Desisto de ti. De nós, logo de mim também. Parto em busca de um novo fado. Que não provoque enfado.
Prossegues a tua busca. Certamente melhor do que eu, saberás o que pretendes para ti. Para nós. Um nós repleto de afastamento. Cada um na sua extremidade, ainda que possamos passar próximo. Um caminho entre nós que não será mais percorrido.
Cabe ao passado guardar esses passos infrutíferos. E assim deve ficar.
28 julho 2015
«Bike ride» (passeio de bicicleta)
Maria Riot's bike ride from Zure Room on Vimeo.
A short tease of Maria Riot's bike ride through the park before she met up with Wolf Hudson :)
Concept & styling: Proxy Paige & Maria Riot
D.o.P & Editing: Poppy Sanchez
Music: Connan Mockasin - It's choade my dear
O voo do moscardo
Gostava de ser mosca. Mas com pouso preferencial nas cortinas de duche em casas de banho rigorosamente seleccionadas. Uma mosca merece.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«Le couillausaure» (o colhãosauro)
O antepassado do Homem, tal como o imagina P. Leroux, em mais uma peça única da sua autoria, com 40 cm de altura, na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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27 julho 2015
«Milímetros» - João
"Estavas tão hesitante que se notava nas tuas pernas, torneadas, um recorte perfeito no contraste da paisagem, e não há ninguém, não há ninguém aqui, e tu num nervosinho miúdo, miudinho, e eu também, e a electricidade no ar, sentes? Sentes a electricidade a envolver-nos? A comer-nos por dentro, por fora, a atrair, a faísca a formar-se, e as tuas pernas a hesitar, os teus braços atrás das costas sem saber o que fazer, e para onde vamos, o que vem lá, um sol que nasce ou noite escura, e quem vem lá, quem está cá, ninguém, não há ninguém, só silêncio e hesitação, e o teu corpo a conquistar milímetros, avanços e recuos à força para novos avanços sem conseguir resistir e então que te quero, não consigo mais, e deixas-te cair sobre mim, e eu faço-me chão teu, e acolho o teu corpo a cair, a cair, a tombar, desfaleces sobre mim e suspiras, deixas rolar lágrimas pesadas de querer guardado e não há ninguém aqui, não há alma alguma que não a tua, e seguramo-nos num abraço longo, no conforto do cheiro da pele, e o silêncio é imenso, o tempo da verdade, dos sinais, da telepatia que nos faz."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
26 julho 2015
Luís Gaspar lê «Masturbação» de Maria Teresa Horta
Eis o centro do corpo
o nosso centro
onde os dedos escorregam devagar
e logo tornam onde nesse
centro
os dedos esfregam – correm
e voltam sem cessar
e então são os meus
já os teus dedos
e são meus dedos
já a tua boca
que vai sorvendo os lábios
dessa boca
que manipulo – conduzo
pensando em tua boca
Ardência funda
planta em movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde
E todo o corpo
é esse movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde
E todo o corpo
é esse movimento
em torno
em volta
no centro desses lábios
que a febre toma
engrossa
e vai cedendo a pouco e pouco
nos dedos e na palma
Maria Teresa Horta
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Diabos vermelhos
Patife
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