12 agosto 2015

«coisas que fascinam (176)» - bagaço amarelo

Gostar de não gostar

Na pessoa que Amamos, há sempre aquilo de que gostamos mais e aquilo de que gostamos menos, ou melhor, de que até não gostamos nadinha. É inevitável. Nós também temos sempre algumas características de que os outros não gostam, mesmo quando gostam de nós. O Amor dá-se quando passamos a gostar de não gostar. É simples, não é?
É simples e difícil. Simples porque é aquilo que todos nós somos, difícil porque passa por não desejarmos que o outro mude. Eu gosto assim do meu Amor, tal como está, e não lhe mudava nadinha. Nem sequer mudava as coisas de que não gosto.
Não gostar de alguma coisa na pessoa que Amamos dá ao Amor um gosto muito maior. Mais intenso, digamos, até porque o Amor sem um ou outro desgosto é a coisa mais deslavada que pode haver. É arroz sem sal. Discorde quem quiser, mas quem nunca fez Amor depois de um quid pro quo ainda não sabe o que é fazer Amor.
Aquilo de que não gostamos no nosso Amor nunca pode ser um factor de acusação. Pode apenas ser um pequeno ponto de discórdia, partida para uma concordância maior. Pelo menos enquanto gostamos dele. É esse um dos aspectos mágicos do Amor: ficarmos bêbedos de alegria por não gostarmos do outro.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Pequenas aventuras do quotidiano




Artista Tunisino Ta7richa

Toma! Toma! Toma!...



11 agosto 2015

«Dorothea's Revenge» (a vingança daDoroteia) - Peter Fleischmann (1974)


DOROTHEA'S REVENGE (Peter Fleischmann, 1974) NSFW from Spectacle Theater on Vimeo.

Não façam fitas... métricas...


A sobrevalorização do pénis não lhe acrescenta um centímetro que seja. Trust me, rapaziada.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Moldes para peças de xadrez erótico

9 moldes em silicone - 1 rei, 1 rainha, 1 bispo, 1 cavalo, 1 torre e 4 peões (2 homens e 2 mulheres) e uma peça de cada, em gesso.
Explicação do vendedor para o modo de uso: Para colocar o material (gesso,cimento ou resina) nos moldes, é necessário colocá-los num suporte com buracos para os manter direitos. O buraco não deve permitir que o molde caia, com o peso. Para retirar as peças do molde, estas devem estar bem secas e deve colocar-se sabão no molde, desenrolando-o como se fosse uma meia.
Um complemento muito curioso de todos os jogos da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


10 agosto 2015

Passagem de modelos de carteiras de senhora


8 de junio libran las modelos, 8th june the female models are free, Madrid 2005 from Alicia Framis on Vimeo.

«mi bemol» - João

"Não sabia tocar. Não tinha esse talento. Se alguns tinha, a música pelos dedos não era um deles. Não tinha piano. A destreza dos seus dedos era outra, de outros movimentos, de melar a pele, não de encantar com notas, das notas que se fazem som e apelam aos sentidos. Mas havia música ali, naquela sala. E havia noite a chegar, ao compasso da terra a engolir o Sol, a pouco e pouco, com as linhas da paisagem a mudar de cor, os contornos a tornar-se difusos a pouco e pouco, os gatos nas varandas e nos telhados já pardos, as luzes dos automóveis já acesas naquele momento do dia em que parecem nem fazer tanta diferença assim, e nuvens, algumas também, a rasgar o azul a pontos, e soava música ali. Piano. O piano que não existia naquela sala, que os dedos dele não saberiam nunca tocar, mas havia piano. Havia piano a tocar de uma electrónica fria, provavelmente feita na China, mas piano ainda assim. Um traço de mi bemol a marcar um tom, ele taciturno, o ambiente nocturno, e um toque de frio.

Os pés dela percorreram o chão fresco, leve, ligeira, quase a deslizar, o tecido da camisa a esvoaçar ligeiramente, e a mão assente no pescoço dele, um beijo na cabeça, o corpo a encostar-se a ele, e sempre e ainda o mi bemol a marcar o tom, e a mão dele a tocar a mão dela, a agarrá-la, e ela a deixar o cabelo tocar-lhe o rosto, a janela em frente a eles, a cidade a encolher-se, engolida como o Sol, a pouco e pouco, as linhas da paisagem já negras, os contornos já desaparecidos, dos gatos nem sinal, as nuvens perdidas num céu pintado de negro, a escuridão a invadir a sala sem piano, os dedos sem teclas, pousados no corpo, a nudez a instalar-se, os braços dela a agarrá-lo pelas costas, a apertá-lo com força, e rodam os corpos, passa a perna sobre ele, senta-se ao seu colo, e segura-se assim, tanto tempo, tantos segundos juntos, até o calor os fazer suar dos corpos a bater corações em conjunto, sem fronteira, sem limite, tudo o que se esconde perfeitamente à vista, e nenhum problema, nenhum receio, complexo, restrição.

Quando termina a música, estão os dois na noite mais profunda. Os animais nos seus refúgios, os carros nas garagens, os contornos transformados em nada, a cidade morta, e eles num choro fininho que ao ouvido lhes diz, eu também."




João
Geografia das Curvas

Mamas em todo o lado...

Crica para veres toda a história
... em todo o lado mamas!


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