18 janeiro 2016
17 janeiro 2016
«respostas a perguntas inexistentes (321)» - bagaço amarelo
Para além dos turistas nos barcos, alguns transeuntes caminhavam calmamente nas margens do canal. Dali de cima, era como se todos estivessem num silêncio próprio de quem se encontra em paz. Duas mulheres de mãos dadas pararam alguns segundos para observar um grupo de patos que, na esperança de obter comida, se aproximou delas a furar esse silêncio. Reparei então como a minha mão já não segura a mão de ninguém há algumas semanas. Fechei o punho e abri-o novamente, coloquei a câmara na ponte e comecei a filmar.
Ando com uma estranha sensação de solidão, porque apesar de a sentir sou eu próprio que a alimento. Não me apetece estar com muitas pessoas em simultâneo. Na verdade, para ser sincero, nem sequer há muitas pessoas com quem me apeteça estar. Por isso mesmo é que sorri quando as duas mulheres passaram por mim, ainda de mãos dadas, e as ouvi discutir. Eram namoradas e estavam zangadas, mas mesmo assim davam as mãos.
A uma certa distância, tudo nos parece pacífico, mas quando nos aproximamos e percebemos os detalhes, percebemos também que a paz é uma utopia. Acho que tive este pensamento pela segunda vez na vida. A primeira vez foi em criança, quando vi uma fotografia do planeta Terra num Atlas. Era bonita, mas ali na rua onde eu vivia havia uma série de problemas que eu conhecia melhor do que os astronautas que tinham tirado aquela foto. Mais tarde vim a descobrir que o Amor também é assim: bonito por fora, eventualmente cruel nos seus detalhes.
De todas as pessoas que conheço, existe uma (ou três, vá lá) com quem me vai apetecendo estar. É uma amiga a quem nunca dou a mão, mas de quem recebo tudo o que há para receber duma amiga. Estava a pensar nela quando lhe ouvi a voz e, por um segundo, um detalhe nesse mundo que eu vi num Atlas há muitos anos atrás me pareceu perfeito.
- Como estás? - Perguntou.
- Mal. Bebes uma cerveja comigo?
Nessa tarde, ela foi o meu detalhe. É dos detalhes que nós dependemos, não da fotografia do Atlas. Talvez seja por isso que eu gosto de filmar.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Postal das cartas de amor
Nunca escrevi cartas de amor ridículas.
Porque sempre guardei as palavras no fundo de mim, até a digestão as processar.
16 janeiro 2016
Postalinho de Miranda do Douro - 1
"Mural no centro histórico da cidade, com uma frase da canção tradicional de Trás-os-Montes, «Mira-me Miguel»."
Paulo M.
Paulo M.
«Infecção grave» - por Rui Felício
Emagreceu muito, anda pálida, com olheiras...
O médico, depois de uma série de exames e análises que lhe mandou fazer chegou a uma conclusão.
Não lhe foi detectado cancro, nem doença pulmonar, o coração funciona normalmente,o aparelho digestivo trabalha bem, mas a análise ao sangue indicia uma infecção grave que ele agora precisava de localizar.
Mandou-a deitar na marquesa, ela despiu-se da cintura para cima, o médico observou-a mas nada de anormal encontrou.
Pediu-lhe que se despisse completamente, da cintura para baixo.
A Sandra, embora envergonhada, tirou as calças e as cuecas e o médico, atónito, fixou os olhos na barriga e nas coxas na zona em redor das partes genitais.
Era incrível! A Sandra estava cheia de feridas purulentas que revelavam uma grande infecção.
Perguntou-lhe se nas relações sexuais o marido a arranhava, se ele usava unhas compridas e pontiagudas, ou se usava instrumentos fantasiosos e se a feria no auge do prazer.
Ela disse que não, que não era nada disso.
Então a que se deviam aquelas feridas? Quis saber o médico...
- Sabe, Sr. Doutor, o meu marido é míope e usa uns óculos grossos de tartaruga e arame e nunca os tira porque senão não vê nada...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
O médico, depois de uma série de exames e análises que lhe mandou fazer chegou a uma conclusão.
Não lhe foi detectado cancro, nem doença pulmonar, o coração funciona normalmente,o aparelho digestivo trabalha bem, mas a análise ao sangue indicia uma infecção grave que ele agora precisava de localizar.
Mandou-a deitar na marquesa, ela despiu-se da cintura para cima, o médico observou-a mas nada de anormal encontrou.
Pediu-lhe que se despisse completamente, da cintura para baixo.
Pernas com meias de rede e salto alto Óculos em plástico, 2011 Colecção de arte erótica «a funda São» |
Era incrível! A Sandra estava cheia de feridas purulentas que revelavam uma grande infecção.
Perguntou-lhe se nas relações sexuais o marido a arranhava, se ele usava unhas compridas e pontiagudas, ou se usava instrumentos fantasiosos e se a feria no auge do prazer.
Ela disse que não, que não era nada disso.
Então a que se deviam aquelas feridas? Quis saber o médico...
- Sabe, Sr. Doutor, o meu marido é míope e usa uns óculos grossos de tartaruga e arame e nunca os tira porque senão não vê nada...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
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Perspectiva
Patife
@FF_Patife no Twitter
15 janeiro 2016
«pensamentos catatónicos (329)» - bagaço amarelo
Se uma mulher pede algum tempo a um homem numa relação, é suposto ele perceber e esperar porque ela está com dúvidas existenciais. Se um homem pede algum tempo a uma mulher, ela não espera porque tem a certeza que ele anda com outra qualquer.
Por algum tempo, entenda-se exactamente o que é: o fim da relação com a possibilidade eventual de um reinício, um dia que haja vontade.
Se aprendi alguma coisa com a vida foi isso. Por um Amor não se espera, porque a espera significa que ele não existe. Não vale a pena esperar pela inexistência. Os Amores nunca recomeçam. Quando muito, podem começar do zero uma segunda vez se o alinhamento dos planetas o permitir.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Cães e...» - Ruim
Entrarmos em casa bêbedos e sermos recebidos por um cão é uma amostra perfeita do tipo de relação que nunca iremos ter com ninguém.
O cão não quer saber de onde vieste nem com quem estiveste.
Ele ignora esse hálito que tresanda a whisky e putas.
As mocadas de lado no carro.
Até mesmo que tenhas lixado mais dinheiro do que devias.
Podes agarrá-lo pelas orelhas, pelo focinho, rebolar com ele no tapete da sala a dizer:
- "Minha coisa gorda mai'linda do mundo, anda aqui ao dono!" - enquanto lhe dás linguados (ignorando totalmente que ele esteve a lamber os próprios tomates uns minutos antes).
O cão ama-te seja em que situação for e vai adorar todos os segundos disto com bisda lambidelas e um abanar de rabo ventoínha.
Agora tentem fazer isso com a vossa namorada a agarrar-lhe nas orelhas e a dizer:
- "Minha coisa gorda mai'linda do mundo, anda aqui ao dono!" - enquanto lhes lambuzas a cara toda.
Não corras não...
Ruim
no facebook
O cão não quer saber de onde vieste nem com quem estiveste.
Ele ignora esse hálito que tresanda a whisky e putas.
As mocadas de lado no carro.
Até mesmo que tenhas lixado mais dinheiro do que devias.
Podes agarrá-lo pelas orelhas, pelo focinho, rebolar com ele no tapete da sala a dizer:
- "Minha coisa gorda mai'linda do mundo, anda aqui ao dono!" - enquanto lhe dás linguados (ignorando totalmente que ele esteve a lamber os próprios tomates uns minutos antes).
O cão ama-te seja em que situação for e vai adorar todos os segundos disto com bisda lambidelas e um abanar de rabo ventoínha.
Agora tentem fazer isso com a vossa namorada a agarrar-lhe nas orelhas e a dizer:
- "Minha coisa gorda mai'linda do mundo, anda aqui ao dono!" - enquanto lhes lambuzas a cara toda.
Não corras não...
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