16 fevereiro 2016

Aos canhões!...

Canhão articulado em madeira, em forma de pénis, com base em forma de coração.
Um artefacto bélico vindo da França para a minha colecção.






Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

15 fevereiro 2016

Sim, um "piropo" pode ser pornográfico

Excerto de um artigo de opinião de Paula Cosme Pinto no Expresso de 11/2/2016:

"A tão apregoada ”lei dos piropos” (chamemos-lhe assim, embora o que esteja em causa sejam situações de assédio) deu que falar há uns tempos e ainda hoje me deparo muitas vezes com conversas de pessoas que não percebem porque razão as mulheres se hão de sentir incomodadas com meia dúzia de frases brejeiras ao andarem na rua. Enquanto mulher que simplesmente não quer ter de ouvir comentários de cariz sexual por parte de estranhos, as explicações parecem-me óbvias mas, pelos vistos, continuam a não fazer sentido à maioria dos que nunca tiveram de ouvir um “fodia-te toda” a meio do dia, vindo da boca de alguém que não tem intimidade para tal comentário. E ao longo destes últimos meses, dei por mim a ter de responder a esta questão vezes sem fim: “Mas isso é assim tão comum?”.
Sim, é. Mais do que qualquer mulher desejaria. Um bom exemplo disso é uma foto que se tornou viral no Facebook nas últimas semanas (190 mil likes e quase 100 mil partilhas), feito por uma nova-iorquina que passou de ilustre desconhecida a símbolo da luta contra o assédio em forma de piropo. Na imagem, Christen Brandt surge de parca volumosa, cachecol, collants opacas, botas altas, uma mala a tiracolo e um copo de café na mão. Até aqui nada de estranho, mas a legenda deixa claro o seu motivo de exasperação.
“Isto era o que eu levava vestido hoje de manhã ao sair da estação de metro da 34th Street quando um homem passou por mim e me disse: ‘Porra, que belas pernas’. Quando o ignorei e continuei a andar, ele começou a seguir-me, a tentar aproximar-se, mesmo vendo que me estava a tentar ir embora. E disse-me: ‘Ouviste o que eu disse, querida? Disse-te que tens umas belas pernas. Porra, obrigada!’”. Este é o início do texto de Christen, onde explica porque se sentiu tão incomodada com esta abordagem: “Foi o obrigada que me chamou à atenção. Como se a meia dúzia de centímetros de pele coberta por collants estivessem ali para ele. Dadas como um presente embrulhado em meias castanhas. Cuja existência serve para ele apreciar ou não (...)."

Entretanto, o Rui Martins deu também a sua opinião, na minha página no facebook:

"Ontem ia eu descansado para o trabalho quando passou uma mulher de saia. Tinha umas botas rasas calçadas e vestia meias (de vidro, como todas as mulheres usam quando vestem saia e está mais frio). Reparei que tinha umas pernas bonitas, não era muito alta e como tal não tinha pernas muito compridas mas eram bem-feitas. Tinham a proporção certa e davam-lhe um andar muito elegante. Não parei de andar mas voltei a olhar uma segunda vez. Eram mesmo umas belas pernas! - pensei eu para comigo e estou a comentar agora com vocês mas, como sou uma pessoa educada, não disse nada, nem acho que tivesse que dizer, estou-vos a dizer a vocês porque se calhar também acho que tenho palavreado suficiente para escrever uma coluna no expresso (deixei de seguir o expresso no facebook porque o jornalismo que já foi bom, tem vindo a baixar de nível e não me alongo mais sobre isto).. Da mesma maneira como hoje me sentei no eléctrico e reparei numa miúda que entrou, porque tinha um rabo fantástico, grande, redondo, bem-feito e as calças tinham tudo sob controle. Não era uma miúda muito alta como muitas alemãs, nem tinha o cabelo loiro. Era baixinha sem ser petite, tinha o cabelo castanho e até era bonitinha de cara. Quando, duas estações depois, saiu e eu continuei sentado, fiquei a deliciar-me com o andar dela. Era na verdade um belo rabo..."

Snickers – «Marilyn»

«Não penses mais nisso» - João

"Aquilo rebentou-lhe nos ouvidos como salvas de metralhadora. Sou uma puta, disse. Pensa que sou uma puta. Sei o que quero, sei ao que vou. Não a puta do prazer que apetece ter, não a puta saborosa que apetece dizer ao ouvido no vaivém molhado dos músculos, muito longe da puta dos orgasmos violentos de cravar unhas no corpo. Nada da puta doce que aquece. A puta pragmática. A puta com um plano. Faz de conta que sou uma puta e não penses mais nisso. Aquilo rebentou-lhe nos ouvidos e numa dor no corpo, num desespero, uma agonia lenta, a imagem daquilo como fita estragada que se repete, a invasão, destruição, mas não penses mais nisso, disse-lhe. Tenho um plano. E esse plano vai bem mais para lá do agora. E esse plano um dia devolve-me à puta doce que aquece. E então sim, podes voltar a pensar na violência que crava unhas na carne."
João
Geografia das Curvas

Postalinho do monte belo

"Reclamo de bar entesante... sim, sim, eu disse interessante, à beirinha do IC2 em Santa Luzia, entre Coimbra e a Mealhada".
Paulo M.


«Sério» - Rubros Versos


Tiago Silva

14 fevereiro 2016

Maitena - Condição feminina 14




«respostas a perguntas inexistentes (326)» - bagaço amarelo

Às vezes lembramo-nos duma pessoa por causa de uma coisa qualquer. Um sabor, por exemplo. Se eu estiver a comer pipocas, costumo lembrar-me duma mulher com quem fui ao cinema uma vez e que fez uma cena por causa delas. Ela queria comer pipocas doces durante o filme e eu opus-me timidamente. Zangou-se comigo e eu acabei por ceder. Foi a primeira e a última vez que fomos ao cinema.
Acabámos por perder os dois.
A melhor forma de nos lembrarmos de alguém é não saber porquê. São essas as pessoas mais importantes na nossa vida, de quem nos lembramos só porque sim. Quando não sabemos por que motivo nos lembramos de alguém, então é porque gostamos desse alguém desinteressadamente.
Tenho uma amiga de quem me lembro só porque sim, apesar de a ver muito pouco. Lembro-me dela quando estou a trabalhar, quando estou na praia ou a comprar a pão. Lembro-me dela nas mais variadas e improváveis ocasiões, porque ela própria é uma mulher improvável. Ainda bem. Gosto dela e hoje pude dizer-lho.
Quando se sentirem sós, procurem as pessoas que não têm que ir chamar no fundo da vossa memória, a propósito de um facto qualquer da vida, mas sim aquelas que surgem na primeira esquina duma lembrança qualquer, a sorrir e com vontade de vos abraçar.
Digo eu, sei lá.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI do gatinho fofinho

Tem que saber curtir



Capinaremos.com

13 fevereiro 2016

Gerard Mas - «Fantasia Berniniana II» (2006)


Mármore de Carrara
27,5 x 27,5 x 15 cm


Via mon ami Bernard Perroud

Trauliteiro

Com a traulitada que acabou de levar, tenho a certeza que esta saiu daqui com voz de cona rachada.

Patife
@FF_Patife no Twitter

«Férias em Nice» - por Rui Felício

Entraram ambos, um a seguir ao outro, na mesma fila para fazer o check-in no aeroporto da Portela.
Passo a passo, lentamente, foram avançando, empurrando as malas com o pé, à medida que a fila ia progredindo, ziguezagueante, por entre as baias que a balizavam.
Enquanto esperavam, trocaram sorrisos e frases de circunstância.
O segurança fez sinal quando chegou a vez dele e logo de seguida a dela, para os dois balcões contíguos do voo Lisboa-Nice.
Colocaram cada um a sua mala no tapete, entregaram os bilhetes e identificações e receberam os respectivos cartões de embarque.
Curioso, pensou o Pedro, ela também vai para Nice.
Inês, a bonita companheira de viagem, reparou igualmente nesse facto.
Naturalmente, embora registando a coincidência, nenhum fez qualquer observação.
Em lugares afastados no avião, fizeram a viagem de duas horas e meia, absortos nos seus pensamentos.
Após a aterragem, dirigiram-se ao tapete rolante onde circulavam as bagagens dos passageiros. O Pedro foi o primeiro a recolher a sua mala, fez um breve sinal de despedida à Inês e encaminhou-se para a saida em busca de um táxi.
«Mulher», 2010
Suporte para telemóvel em resina
Colecção de arte erótica «a funda São»
Chegado ao Hotel Victor Hugo, muito próximo da Promenade des Anglais, registou a entrada na recepção, subiu ao quarto,.atirou com a mala para cima da cama, abriu-a e aprestou-se para arrumar no roupeiro, as camisas, calças e pijama.
Primeiro confuso, depois espantado, verificou que na mala o que havia eram duas blusas, uma saia, várias peças de lingerie feminina, uma caixa com dois batons, cremes, verniz para unhas, acetona...
O telemóvel tocou, atendeu e ouviu uma voz feminina:
- Desculpe incomodar. Na mala que recolhi no aeroporto e que parecia a minha, encontrei numa agenda o seu numero de telemóvel e por isso lhe estou a ligar para lhe devolver a sua mala que trouxe por engano.
- Olhe, e, pelo que acabei de ver, eu devo ter a sua!, respondeu o Pedro.
- Podemos marcar um local para nos encontrarmos e fazer a troca, propôs a Inês. Eu estou hospedada no Hotel Victor Hugo, conhece?
- Incrível! Eu também estou nesse Hotel! No quarto 221.
- Eu estou no 113. Mas deixe-se estar. Eu vou já ter consigo, ok?
Minutos depois, o Pedro foi abrir a porta, sorriu à Inês e convidou-a a entrar.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido