27 julho 2016

«coisas que fascinam (211)» - bagaço amarelo

Jardins

Uma das coisas que eu mais gosto em Sófia são os jardins. Alguns deles são bastante grandes, todos a tender para o selvagem. Normalmente com muitas pessoas, algumas a beber cerveja, outras a andar de bicicleta ou de skate, outras a namorar e algumas a pedir esmola. Nunca gostei de jardins demasiado cuidados, com as árvores sempre podadas e os arbustos a delimitarem áreas como se fossem linhas de soldados incapazes de pensar. No que se refere às mulheres também sou assim. Gosto das desarranjadas e digo-o assim por também gostar de pensar em mulheres como jardins.
Talvez por isso me tenha passeado bastantes vezes por eles, tão sozinho quanto o que se pode estar num cidade com três milhões de habitantes em que não se conhece nenhum. Normalmente em Borisova, com uma garrafa de litro de cerveja na mão e o tempo a passar devagar pela minha pele. Uma vez sentei-me num dos velhos bancos a beber e conheci uma mulher que se sentou propositadamente ao meu lado. Ao contrário do jardim, estava bem arranjada. Falámos um pouco e senti-me ainda mais só.
Podemos pensar que é a conhecer pessoas que se combate a solidão, mas não é verdade. É quase isso, ou seja, conhecendo algumas pessoas. As pessoas são como peças de um puzzle. Algumas encaixam em nós, outras não. E é assim que se começa uma história a dois. Encaixando.
Uns dias mais tarde voltei lá e deitei-me na relva. Foi a primeira vez que reparei que as árvores contavam segredos entre elas sobre as pessoas que passavam. Sobre dois velhos, por exemplo, discutiam sobre há quanto tempo eles vão ali passear abraçados. Sobre um adolescente que patinava num skate colorido, apostavam sobre quando ia ser a sua primeira queda. Acho que as árvores sabem tudo sobre nós. É por isso que não falam. Segredam.
E então segredaram-me sobre uma mulher que passava sozinha. Disseram-me que encaixaria em mim e eu levantei-me e fui falar com ela. Primeiro ignorou-me e depois pediu-me que me afastasse. Depois eu disse-lhe onde ia estar deitado na próxima hora, se ela quisesse voltar. E ela voltou. As árvores tinham razão.
Nesse dia dei-lhe a mão e deixei de ouvir os seus segredos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Ama-se como se pode

Não é estranho, será estranho aos olhos dos outros. Mas, será que os outros sabem do que se passa na nossa mente?
Passo a mão no peito e sinto-me livre. Olho para cima e respiro fundo e penso na forma como se toca, como se beija, como se anda... O que se sente quando se vê a pessoa a primeira vez...
Como se ama?
Ama-se como se pode... Nós queremos sempre mais alguém para "assentarmos", não acredito nisso. Acreditei. Agora quero, exijo, raios vos partam homens, alguém que me ame, sem grandes alaridos (fora o sexo onde o alarido é bem-vindo), e o meu espaço, também o queria se não fosse pedir muito. queria uma divisão minha na casa onde pudesse fazer as minhas raves, suar, deixar o corpo limpar-se de maldades, de más ondas e abrir portas e pernas para quem me trate assim e me respeite.


Do meu mundo

Fois, fois...



26 julho 2016

Air Sex Championships

O Fin Deckard propõe como exercício... sexo no ar:

Belo par de... portas!


Uma mulher a ler um livro. Há coisa mais sexy no planeta?



Sharkinho
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«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 49

O livro «Mulheres - retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade», de Carol Rossetti, está em venda em Portugal, editado pela Saída de Emergência.







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A banhista apalpada

Pequena e deliciosa taça de porcelana de Wedgwood com uma banhista da primeira metade do séc. XX e um homem idoso ou sátiro com uma mão no rabo dela.
Uma peça fora de série, na minha colecção.














A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

25 julho 2016

CURE Seguros Auto - «Mantém os teus olhos na estrada»

Postalinho da Ericeira

"Pilar com um pontinho vermelho em local estratégico, numa das ruas da vila da Ericeira."
Paulo M.


Eva portuguesa - «Facesitting»

Chegas com esse teu ar de menino bem comportado e com um sorriso maroto logo te deitas todo nu na cama, virado de barriga para cima."Sufoca-me", pedes com um brilho no olhar. Sorrio de volta e beijo-te a ponta do nariz. E sento-me na tua cara deixando que invadas a minha intimidade com a tua boca, a tua língua, o teu nariz. Chupas, lambes, cheiras, devoras. Exploras as minhas cavidades com a avidez de quem procura respirar. A tua cara escorre o meu prazer . E eu só levanto quando sinto o teu...

Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Hora do chá é hora do chá!



«Toda a paixão gasta - a mulher satisfeita»
c. 1855
Kuniyoshi Utagawa

Via mon ami Bernard Perroud

24 julho 2016

Luís Gaspar lê «Mais beijos» de Judith Teixeira

Devagar…
outro beijo… ou ainda…
O teu olhar, misterioso e lento,
veio desgrenhar
a cálida tempestade
que me desvaira o pensamento!

Mais beijos!…
Deixa que eu, endoidecida,
incendeie a tua boca
e domine a tua vida!

Sim, amor..
deixa que se alongue mais
este momento breve!…
— que o meu desejo subindo
solte a rubra asa
e nos leve!

Maio – 1925

Judith Teixeira
Judite dos Reis Ramos Teixeira ou Judith Teixeira (Viseu, 25 de Janeiro de 1880 - Lisboa, 17 de Maio de 1959) foi uma escritora portuguesa. Publicou três livros de poesia e um livro de contos, entre outros escritos. Em 1925 lançou a revista Europa, de que saíram três números. Exemplares do seu livro Decadência (1923) foram apreendidos, juntamente com os livros de António Botto (Canções) e Raul Leal (Sodoma Divinizada), e mandados queimar pelo Governo Civil de Lisboa na sequência de uma campanha contra "os artistas decadentes, os poetas de Sodoma, os editores, autores e vendedores de livros imorais".
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«respostas a perguntas inexistentes (345)» - bagaço amarelo

que o Amor não me engane

Um homem e uma mulher nunca se Amam de verdade. Podem ter os dois uma enorme vontade de fingir que sim e, nesse caso, fazem um esforço que pode durar uma vida inteira. O fim desse esforço é o fim do Amor ou, em casos de perseverança, o fim da vida é que é o fim do Amor. De qualquer forma, o Amor exige sempre esse esforço.
Ainda assim, um homem e uma mulher podem Amar-se em mentira. Não faz mal nenhum esforçarmo-nos quando Amamos alguém em mentira, para que tudo pareça verdade. O que temos que aprender é a não deixar que o Amor nos minta a nós, para sermos nós a mentirmos-lhe a ele. É que quando ele nos bate à porta pela primeira vez, tudo parece fácil. Algum tempo depois é que ele nos diz que não é bem assim.
Quando eu e ela discutíamos, eu optava sempre por me calar. Um dia ela disse-me, num tom acusatório, que eu nem sequer tinha opinião sobre as coisas. A minha mentira era essa, mas eu preferia o silêncio à verdade.
Acho que no dia em que a vi partir, deixei-a ir tão facilmente por a saber tão verdadeira que nem sabia fingir que o nosso Amor era verdade.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»