29 novembro 2016

«A Trágica História do Fernando» (escrita e contada por Ricardo Esteves)



CIFRA:
C#, F#, G#7, C#
C#7, D#m, G#7, C#

Ou com capo no 4º traste:
A, D, E7, A
A7, Bm, E7, A

LETRA:
O Fernando era um gajo,
Tímido e cabisbaixo,
No geral, até era bom moço.
Media 1 metro e 93
E falava bem inglês,
Mas tinha um problema no pescoço.

Caminhava meio de lado
E com ar de preocupado,
Esforçava-se para andar na moda,
Mas vestia umas bermudas,
Afastavam-se as miúdas,
Assim é difícil mandar uma foda.

Descontente com a virgindade,
Gritava com seriedade:
"Mas porque é que a minha vida é tão confusa?!"
Decidiu marcar consulta,
Porque a vida estava adulta
E ainda transportava granda tusa.

"Boa tarde, senhor doutor,
O meu problema causa dor,
A sério, o sr. doutor nem imagina!
Hoje é o meu aniversário,
Desculpe o vocabulário,
Mas eu nunca toquei numa vagina."

O médico disse-lhe então:
"O meu amigo que use a mão,
A esquerda se o senhor for canhoto.
Uma vez por dia,
Nem sabe o bem que lhe fazia,
É só puxar da ponta até ao escroto!"

O Fernando chegou a casa,
A sua pele estava em brasa,
Pendurou as calças na cruzeta,
Arregaçou as mangas
E segurou-se pelas pitangas,
Pronto p'ra espancar a vedeta.

Com a direita era um gesto,
A outra mão fazia o resto,
Trabalho de equipa coordenado.
Houve um ponto em que cedeu,
Não sabe o que aconteceu,
Mas percebeu que já tinha acabado.

O final foi desastroso,
O Fernando ficou nervoso,
Não reparou para onde tinha ido.
Um bocado no teclado
E outro no cortinado,
E o ecrã ficou todo fodido.

Precisou de um creme Nivea,
Esfolou a pele com a pívia,
Foi uma experiência inesquecível.
Levantou-se da cadeira,
Teve uma ideia à maneira:
Resolveu tentar o impossível.

Vestiu de novo as calças,
E uma camisola d'alças,
Saiu para a rua todo concentrado.
Procurou por damas,
Com um belo par de mamas
E que ainda não tivessem namorado.

"Olá, eu sou o Fernando,
Prós amigos sou o Nando,
Apelido é Sola de Sá Pato.
Faço 30 anos
E sofro de vários danos,
Passei a adolescência no orfanato."

Ficou chocada, a rapariga,
Que lhe olhou com alguma intriga
Perguntou: "És tão grande quanto és alto?"
Já faz tempo em que não come,
Depois da greve de fome,
Fizeram-no de quatro no asfalto.

O Fernando, quando acabou,
Olhou p'ra ela e perguntou:
"O que é que é isto branco aqui na estrada?"
Repararam na asneira:
Foderam na passadeira
Com crianças a assistirem da calçada.

"Ó meu Deus, o que é que eu fiz?
Bem, ao menos 'tou feliz,
Acho que eu preciso é de uma bebida."
Dirigiu-se até um bar,
Onde bebeu p'ra celebrar
Os 2 melhores minutos da sua vida.

Avistou uma estrangeira,
C'um corpinho à maneira,
E decidiu tentar a sua sorte.
Foi no meio da boate,
Que mandou o seu engate,
Eu bem disse co' Inglês era o seu forte.

Disse-lhe ao ouvido,
Com um ar descontraído:
"Uau, you look bery nize!"
Mas quando ela se virou,
O Fernando constatou,
Que afinal... era um gajo.

Baralhado e constrangido,
Provocou um alarido,
Saiu porta fora disparado!
Quando atravessou a estrada,
Levou uma cacetada
De um autocarro que vinha lançado.

O que era uma comédia
Transformou-se em tragédia,
Imprevisto, o pior aconteceu!
Só p'ra terem uma ideia,
Estava à vista, a traqueia,
E foi assim que o Fernando faleceu.

Quem vos avisa, vosso... amante é?!


Abram os filhos da puta dos vossos jardins secretos a quem dorme todos os dias convosco em vez de os transportarem para realidades paralelas

Sharkinho
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«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 66

O livro «Mulheres - retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade», de Carol Rossetti, está em venda em Portugal, editado pela Saída de Emergência.







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Espreitando o banho da namorada no lago

Jarro elíptico de Peynet, para a Rosenthal. Atrás, estão as roupas dela, penduradas num arbusto.
Mais uma peça a juntar-se a outras da série Namorados de Peynet, na minha colecção.






A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

27 novembro 2016

«Colectivo feminista contra a violação»

«Você é linda!» - bagaço amarelo

Estava na cozinha a abrir uma lata de tomate aos pedaços, daquelas mais baratas, quando o telemóvel tocou. Tu não sabes, mas há vários meses que me lembro de ti sempre que ele toca. Cada vez que o ouço, corro para ele na esperança de ver o teu nome no ecrã e preparo-me para te dizer "olá" com a voz mais natural possível.
Mais uma vez não eras tu e acabei, como é costume, por dizer "olá" num tom decepcionado. Prendi o telemóvel entre o ombro e a orelha para libertar as mãos e poder continuar a cozinhar. Despejei os pedaços de tomate para o wook, juntei dois dentes de alho esmagados, um fio de azeite e uma malagueta. Depois acendi o lume e encostei-me a uma das paredes da cozinha a ouvir a minha interlocutora.
Uma vez perguntaste-me se havia alguma música que me lembrasse de ti e eu respondi-te que sim. Aconselhaste-me a configurar o telemóvel para tocá-la sempre que fosses tu a ligar-me. Deixa-me dizer-te que ainda bem que nunca o fiz. Assim, agora ganho uma vã esperança de seres tu mesmo quando não és. São alguns segundos em que a minha vida volta a ganhar cor. E sabem-me bem, esses segundos. Obrigado por seres uma música.
Não sei se já te aconteceu não conseguir ouvir uma pessoa por estares a pensar noutra. A mim acontece-me frequentemente por estar a pensar em ti e admito que perdi, muito provavelmente, mais de metade do telefonema. Ainda assim, nesse pântano sonoro em que me encontrava, uma frase ficou-me gravada na memória como se fosse uma tatuagem definitiva.

- Não era bem contigo que queria falar, mas ele não me atende o telefone e eu preciso desabafar...

Não percebi logo o contexto em que ela me disse aquilo, mas foi como se me despertasse do hipnotismo em que estava por ter saudades tuas. Talvez, não sendo tu a telefonar-me, eu possa aproveitar a voz de outra pessoa qualquer, mesmo que seja de alguém que me chama apenas para desabafar. É como se nós pudéssemos emprestar um bocadinho do que somos a quem não quer tudo mas, de facto, um bocadinho dá jeito naquele momento.

- O que é que estás a fazer? - perguntou.
- A pôr dois ovos a escalfar em tomate frito. Se quiseres ponho quatro e vens cá jantar...

Um quarto de hora depois ouvi-a tocar à campainha. Já eu tinha a mesa posta com dois pratos, uma garrafa de vinho branco e uma música a passar no antigo sistema midi que ainda tenho na sala. "Você é Linda" do Caetano.




bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI da espanhola


Maitena - Condição feminina 55