27 fevereiro 2017

Luís Gaspar lê «Dá surpresa de ser» de Fernando Pessoa

Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«AIDS telefoon - Put It On» (1994, Bélgica)

From Brussels with love...


Grande orgulho!

Crica para veres toda a história
Tira de um artista convidado


1 página

26 fevereiro 2017

«E é assim que parto...» - bagaço amarelo

Há lugares em Portugal de que não me esqueço. Ou porque neles já fui feliz, ou porque fui imensamente triste. Dos lugares em que fui assim-assim quase nunca me lembro. Depois desses lugares de Portugal estão os lugares do mundo, que são menos porque sempre visitei mais Portugal do que o mundo.
Esses lugares não servem para nada, a não ser para me lembrar deles durante conversas com amigos ou para regressar a eles quando preciso de voltar a ser feliz ou triste. Na fase que atravesso, jamais regressaria a um lugar onde me senti assim assim, porque de coisas mornas está o mundo cheio e eu, por acaso, também. Além disso, não quero visitar lugares onde fui feliz na minha última história de Amor, porque é apenas a essa história que esses lugares pertencem.
Vou visitar um lugar fora de Portugal onde já fui imensamente feliz e imensamente triste ao mesmo tempo. Na verdade, acho que é o único lugar que neste momento compreende aquilo por que estou a passar e, por uma questão de sobrevivência emocional, preciso dele durante uns dias. Estou a falar de uma cidade onde vivi várias histórias de Amor, todas elas mais curtas do que um simples fim de semana.
As cidades são tão inconclusivas como o Amor. É nelas que nos perdemos até um dia as conhecermos tão bem que nos cansamos. Além disso, voltar a uma cidade dez anos depois da última vez quer dizer que também é possível voltar a um Amor que já terminou.
E é assim que parto...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«A indústria do amor digital» (versão completa)

Quando a Bela Adormecida sonha



[Ilustração: Andrew Tarusov]

Ilustração de normas e bom uso/funcionamento de Seios


25 fevereiro 2017

«Sobre homem carente e amor próprio (gente chata no Whatsapp de manhã)» - Cláudia de Marchi

Acordei e me deparo com umas mensagens toscas de um cara carente que acha que todo mundo tem que viver como ele pra ser feliz. Nossa! Falta cultura no mundo, falta interpretação de texto, falta amor e respeito entre as pessoas, mas, o que mais falta é empatia e a capacidade humana de compreender que o seu modo de ser, pensar, sentir é só o seu. Ninguém tem a obrigação de ser como você! Abaixo:






Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!

«A alcoviteira, o corno e o amante» - por Rui Felício

A Joaquina pelava-se por cirandar pela baixa de Coimbra, a meio da manhã, de cesto de verga na mão, lenço florido na cabeça, bamboleando o corpo de mulher madura ainda atraente e cheio de promessas que os olhares masculinos cobiçavam.
Na Rua do Corvo, entrava numa loja, espalhava os mexericos do dia, saia e entrava na loja seguinte e nas outras, uma por uma.
Dali seguia para a Visconde da Luz, Ferreira Borges, noticiando as últimas em cada loja, em cada café, até na farmácia.
Quando virava costas, os comerciantes e empregados sorriam e exclamavam uns para os outros:
- Lá vai a alcoviteira. Sem ela a Baixa não seria a mesma coisa.
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Morava na Travessa das Canivetas no 2º andar de um velho prédio, sem filhos, casada com o Henrique, ferroviário da CP, homem trabalhador e por todos respeitado.
Naquele dia, a Joaquina trazia uma noticia bombástica:
A D. Teresa, mulher do Sr. Dias, andava a ser enganada pelo marido, asseverava ela.
- Coitada da Senhora, lamentava a alcoviteira, abanando a cabeça pesarosa.
O empregado do Jorge Mendes, com as mãos espalmadas em cima do balcão de madeira, não se conteve:
- Desculpe lá, D. Joaquina, não acredito. O Sr Dias é um comerciante impoluto, toda a gente sabe que ele jamais faria uma coisa dessas. De resto, toda a gente vê a maneira carinhosa como ele trata a D. Teresa.
- Alguma vez lhe menti? - reagiu a Joaquina com ar ofendido.
O empregado não respondeu à pergunta, preferindo reforçar a sua opinião de que o Sr. Dias era um homem sério, trabalhador como poucos.
- Toda a gente sabe que se levanta de madrugada para preparar a abertura matinal da sua loja de fazendas da Rua da Louça.
A Joaquina saiu, com má cara, e foi pregar para outra freguesia. Mas desta vez, a reacção de todos era a mesma. Não, não podia ser. O Sr. Dias, conceituado comerciante de Coimbra não era infiel à D. Teresa. A alcoviteira estava a passar as marcas...
Voltou para casa, para preparar almoço para o marido e uma lancheira com o jantar.
O Henrique, como de costume, tinha de apanhar o comboio da tarde para Lisboa.
Já em Santa Apolónia abria a marmita, jantava calmamente e entrava no comboio que partiria as 23:00 com destino ao Porto.
Era o comboio conhecido como o “recoveiro“...
Parava em todas as estações e apeadeiros para carregar e descarregar mercadorias e correio. O Henrique era o auxiliar que ajudava à transfega.
Depois da lenta e demorada viagem, chegaria a Coimbra pelas 7 da manhã, onde desembarcava depois de ser substituído por um colega que, vindo do Porto, aguardava pelo “recoveiro“ para fazer o resto do percurso.
____________________________

Entretanto o Sr. Dias tinha passado a madrugada num quartinho anexo à sua loja da Rua da Louça, com a sua amada Joaquina.
Quando o corno, coitado, chegava a casa pelas 7:30, já a alcoviteira dormitava na sua cama da Travessa das Canivetas...

«A cama do macaco»
Estatueta em bronze com um macaco em cima da cama, com o pénis em erecção. A estatueta tem duas partes que se destacam rodando os quatro pés da cama, que são parafusos. Revela-se assim um casal a fazer sexo.
Bergmann, Áustria
Colecção de arte erótica «a funda São»

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

A recibos verdes?


A que acabei de pinar trabalhava por cona própria.

Patife
@FF_Patife no Twitter

24 fevereiro 2017

Eva portuguesa - «Se amas»

Se amas, não te faças de difícil. Esquece os joguinhos e o socialmente correcto.
Se amas, abre os braços, as pernas, a boca, a mente, a alma. Deixa fluir a vontade. Descomplica.
Se queres um beijo, pede.
Se queres um abraço, diz.
Se queres um orgasmo conquista, sua, geme, lambe, dá-te.
Se queres amar, ama!
Esquece as convenções. Prefere as pulsações.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Katie & Esta - body painting»