28 setembro 2017
27 setembro 2017
Luís Gaspar lê «Ode à beleza» de Miguel Torga
Não te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.
És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.
És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.
És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.
És a beleza, enfim. És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço…
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.
Miguel Torga
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
26 setembro 2017
«Os dez lugares do amor» - Susana Duarte
- Foram dez, os lugares do amor… - pensou ela.
A estação dos comboios foi, de todos, o primeiro e, de todos, o derradeiro. As portas do ocidente abriram-se-lhe, olhos postos no sorriso que anteviu e no encontro que –temia- poderia nunca acontecer. O encontro, afinal, aconteceu, e teceu-se com as mãos que anteciparam os beijos, as madrugadas claras, e o suor dos corpos reencontrados.
Refém de si mesmo, e dos cabelos negros que abraçava, ele libertava anos de procura, ao mesmo tempo que, dos seus olhos, saíam névoas preocupadas: tudo mudara e, no entanto, tudo tinha, ainda, que mudar.
- Este é o segundo dos lugares do amor… - pensava ele, mãos dadas sobre o leito, sorrisos postos no futuro que antevia.
A vida acontece inesperadamente. Confronta. Exige respostas e capacidade de ajustamento. Acontece. Ao acontecer, traz consigo o cheiro de todas as infâncias, o eco de todos os receios, e a inevitabilidade das decisões. Ele intui que, a partir dali, outros serão os lugares do amor. E sabe que, a partir daquele encontro, tudo mudou e, no entanto, tudo terá, ainda, que mudar.
Os dias sucedem-se, e os lugares do amor são vividos com a respiração ofegante de quem quer viver a vida toda nos dias que lhe são dados, um de cada vez, hora a hora, segundo a segundo. E, inevitavelmente, acabam.
O rio, navegante incansável, escorre ali mesmo, entre as margens que o delimitam e são, simultaneamente, todas as suas possibilidades de progresso e caminho. O rio foi o nono lugar do amor. Sobre ele, fluíram marés originadas por aquele encontro. O mundo tinha mudado a lógica das coisas. A inevitabilidade do encontro, também mudara tudo o que conheciam. Os corpos transpiraram marés, por sobre o fluir do rio, e por sobre o fluir daquelas duas vidas.
-Este deveria ser, apenas, um dos lugares do amor-pensavam eles-, mas o derradeiro será aquele que apartará os corpos.
Se sonharam, nessa noite, sonharam com as flores colhidas, após as sementes deixadas na terra, numa sucessão de estações que viveriam juntos. Sonharam, talvez, com as noites, e os dias, e o devir. Sonharam, talvez, que tudo o que ainda tinha que mudar, já estivesse mudado, portas abertas, a ocidente, para todos os lugares do amor. Sonhar os luares do amor era a única forma de não ficar só. a solidão da separação, após ter tocado o amor, é escura, e fria, e dolorosa, e inevitável e, aparentemente, eterna. Escrever a vida, trilhando caminhos sem dar as mãos, depois de conhecer os lugares do amor, é aprender a caminhar numa noite longa e fria. Acordar, pois, é antever a ferida aberta no íntimo do corpo, e descobrir o frio na aparente invencibilidade com que se acorda em cada dia.
Ele, e a metade de si, separar-se-ão naquele que foi o primeiro-e será o derradeiro-lugar do amor, aquele onde se olharam nos olhos e deixaram as lágrimas soltar a noite de chuva que viveram, dias antes, os dois, de mão dada a enfrentar as intempéries-todas-, que acreditaram poder vencer.
Ficarão ligados, para sempre, aos dez lugares do amor. Abraçar-se-ão em cada sonho, em cada recanto de cada palavra. Saberão da inevitabilidade do reencontro. Até lá, reaprenderão a vida, e a morte, e a saudade, e o amor, e a ternura, e a ausência, em cada primavera antecipada, em cada estação que, todavia, os separar ainda.
- O décimo-primeiro lugar do amor, terá que ser aquele onde perdemos as mãos, porque o outro as levou consigo- pensou ela.
Ao mesmo tempo, ele pensava que as mãos que deixou, voltarão a si, no momento em que devolver aquelas que, consigo, em si, levou. Porque sabe, desde já, que se encontrarão no abraço, aquele que será dado no décimo-primeiro, talvez último, lugar do amor.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook
A estação dos comboios foi, de todos, o primeiro e, de todos, o derradeiro. As portas do ocidente abriram-se-lhe, olhos postos no sorriso que anteviu e no encontro que –temia- poderia nunca acontecer. O encontro, afinal, aconteceu, e teceu-se com as mãos que anteciparam os beijos, as madrugadas claras, e o suor dos corpos reencontrados.
Refém de si mesmo, e dos cabelos negros que abraçava, ele libertava anos de procura, ao mesmo tempo que, dos seus olhos, saíam névoas preocupadas: tudo mudara e, no entanto, tudo tinha, ainda, que mudar.
- Este é o segundo dos lugares do amor… - pensava ele, mãos dadas sobre o leito, sorrisos postos no futuro que antevia.
A vida acontece inesperadamente. Confronta. Exige respostas e capacidade de ajustamento. Acontece. Ao acontecer, traz consigo o cheiro de todas as infâncias, o eco de todos os receios, e a inevitabilidade das decisões. Ele intui que, a partir dali, outros serão os lugares do amor. E sabe que, a partir daquele encontro, tudo mudou e, no entanto, tudo terá, ainda, que mudar.
Os dias sucedem-se, e os lugares do amor são vividos com a respiração ofegante de quem quer viver a vida toda nos dias que lhe são dados, um de cada vez, hora a hora, segundo a segundo. E, inevitavelmente, acabam.
O rio, navegante incansável, escorre ali mesmo, entre as margens que o delimitam e são, simultaneamente, todas as suas possibilidades de progresso e caminho. O rio foi o nono lugar do amor. Sobre ele, fluíram marés originadas por aquele encontro. O mundo tinha mudado a lógica das coisas. A inevitabilidade do encontro, também mudara tudo o que conheciam. Os corpos transpiraram marés, por sobre o fluir do rio, e por sobre o fluir daquelas duas vidas.
-Este deveria ser, apenas, um dos lugares do amor-pensavam eles-, mas o derradeiro será aquele que apartará os corpos.
Se sonharam, nessa noite, sonharam com as flores colhidas, após as sementes deixadas na terra, numa sucessão de estações que viveriam juntos. Sonharam, talvez, com as noites, e os dias, e o devir. Sonharam, talvez, que tudo o que ainda tinha que mudar, já estivesse mudado, portas abertas, a ocidente, para todos os lugares do amor. Sonhar os luares do amor era a única forma de não ficar só. a solidão da separação, após ter tocado o amor, é escura, e fria, e dolorosa, e inevitável e, aparentemente, eterna. Escrever a vida, trilhando caminhos sem dar as mãos, depois de conhecer os lugares do amor, é aprender a caminhar numa noite longa e fria. Acordar, pois, é antever a ferida aberta no íntimo do corpo, e descobrir o frio na aparente invencibilidade com que se acorda em cada dia.
Ele, e a metade de si, separar-se-ão naquele que foi o primeiro-e será o derradeiro-lugar do amor, aquele onde se olharam nos olhos e deixaram as lágrimas soltar a noite de chuva que viveram, dias antes, os dois, de mão dada a enfrentar as intempéries-todas-, que acreditaram poder vencer.
Ficarão ligados, para sempre, aos dez lugares do amor. Abraçar-se-ão em cada sonho, em cada recanto de cada palavra. Saberão da inevitabilidade do reencontro. Até lá, reaprenderão a vida, e a morte, e a saudade, e o amor, e a ternura, e a ausência, em cada primavera antecipada, em cada estação que, todavia, os separar ainda.
- O décimo-primeiro lugar do amor, terá que ser aquele onde perdemos as mãos, porque o outro as levou consigo- pensou ela.
Ao mesmo tempo, ele pensava que as mãos que deixou, voltarão a si, no momento em que devolver aquelas que, consigo, em si, levou. Porque sabe, desde já, que se encontrarão no abraço, aquele que será dado no décimo-primeiro, talvez último, lugar do amor.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Postalinho insuflável
"Hoje [6ª feira] na área de Serviço de Águas Santas, Porto 😂 😂 😂
Vai ser um bom fim de semana!"
P. Miguel C. V.
Vai ser um bom fim de semana!"
P. Miguel C. V.
45º ou mesmo mais!
Gajo que nunca precisou de se colocar num ângulo de 45º com a sanita para conseguir acertar-lhe tem um problema.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Xadrez Kama-Sutra em metal
32 peças de xadrez com diferentes figuras eróticas. Há peças com tonalidades ligeiramente diferentes.
Um jogo de estratégia... erótica, na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
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25 setembro 2017
Postalinho da Croácia - 4
"No batistério (divisão aonde está a pia baptismal) da Catedral de Šibenik, o magistral trabalho em pedra...
... atrai toda a atenção dos turistas, que nem reparam no ar preocupado de um anjo na base da pia baptismal...
... que fica perfeitamente justificado quando vemos o que outro anjo lhe está a fazer."
Paulo M.
... atrai toda a atenção dos turistas, que nem reparam no ar preocupado de um anjo na base da pia baptismal...
... que fica perfeitamente justificado quando vemos o que outro anjo lhe está a fazer."
Paulo M.
«Ele reclamou...» - Cláudia de Marchi
(...)
Depois conversamos um pouco e ele reclamou, como muitos, da falta de espontaneidade e entrega das outras mulheres, inclusive das existentes no site onde ele me encontrou. Uma pena! Não adianta: se você quer ser bom em algo tem que gostar do que faz, não apenas do lucro. A ambição e falta de apetência e talento gera um trabalho medíocre. E quem ama o que faz se diverte fazendo, não é!? Digamos que eu seja assim com o sexo, meu trabalho. Assim como já fui com o magistério e advocacia dos quais desisti por decepções.
Decepções que minha atual carreira não gera: não tenho colegas, ou melhor, não convivo com elas, não sei se existe “competição” eu só “compito” comigo mesma: fazer hoje um oral melhor que ontem e assim por diante! Fora outras coisas que quero me aprimorar para fazer. Todavia, faço o que faço pelo meu prazer, o do outro vem consequentemente!
(...)
Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!
Depois conversamos um pouco e ele reclamou, como muitos, da falta de espontaneidade e entrega das outras mulheres, inclusive das existentes no site onde ele me encontrou. Uma pena! Não adianta: se você quer ser bom em algo tem que gostar do que faz, não apenas do lucro. A ambição e falta de apetência e talento gera um trabalho medíocre. E quem ama o que faz se diverte fazendo, não é!? Digamos que eu seja assim com o sexo, meu trabalho. Assim como já fui com o magistério e advocacia dos quais desisti por decepções.
Decepções que minha atual carreira não gera: não tenho colegas, ou melhor, não convivo com elas, não sei se existe “competição” eu só “compito” comigo mesma: fazer hoje um oral melhor que ontem e assim por diante! Fora outras coisas que quero me aprimorar para fazer. Todavia, faço o que faço pelo meu prazer, o do outro vem consequentemente!
(...)
24 setembro 2017
«conversa 2186» - bagaço amarelo
Ela - Um miúdo de pouco mais de vinte anos fez-se a mim no último fim de semana. A mim que estou quase nos cinquenta...
Eu - A sério?!
Ela - A sério. Incrível, não é?
Eu - Por acaso...
Ela - Por acaso não meteu nada. Era só para ver se ficavas espantado. E ficaste mesmo...
bagaço amarelo
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