no negro dos lábios, a vida
toda. na boca dos cabelos,
a imensidão das noites.
sem querer, conto as auroras
perdidas de quem sou.
na leitura das linhas, perdida
foi a boca. o que se excede
não é nada. apenas a sombra:
ave sem rectrizes. onda. eu.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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13 março 2018
Venham mais cinco!
Passou-me pela TL um meme "coitadinhos dos nazarenos por terem de esperar que elas dispam sete saias".
Homem a sério oferece-se com um sorriso para despir dez saias que sejam e com o entusiasmo sempre a aumentar.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Homem a sério oferece-se com um sorriso para despir dez saias que sejam e com o entusiasmo sempre a aumentar.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Homem e mulher dados… um ao outro
Par de dados com formas de homem e de mulher nus.
Encontraram-se exemplos de dados com forma humana desde o Império Romano. Esta é uma reprodução de um conjunto de dados alemães do século XV, que poderá representar Adão e Eva antes da expulsão do paraíso (sem folhas de figueira). Os originais estão actualmente num museu na Alemanha. Estas reproduções são moldadas em resina para simular o marfim dos originais (na última foto).
Procurava estes dados há muitos anos, sem sucesso. Recentemente, tentei de novo... e encontrei-os! Já estão na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Encontraram-se exemplos de dados com forma humana desde o Império Romano. Esta é uma reprodução de um conjunto de dados alemães do século XV, que poderá representar Adão e Eva antes da expulsão do paraíso (sem folhas de figueira). Os originais estão actualmente num museu na Alemanha. Estas reproduções são moldadas em resina para simular o marfim dos originais (na última foto).
Procurava estes dados há muitos anos, sem sucesso. Recentemente, tentei de novo... e encontrei-os! Já estão na minha colecção.
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12 março 2018
Kardashian de Bucelas
Conduz que nem uma louca A8 afora até Bucelas para me oferecer um “digestivo único” que lá tem. Esforcei-me por acreditar que me conduziria de forma igualmente estouvada na cama para me abstrair do risco de acidente iminente. Curiosamente não parava de falar e de gabar as suas capacidades ao volante, mais uma prova contrária aos argumentos desses malandros do sexo masculino que menorizam as mulheres na arte de manobrar um automóvel. Eu vou rezando por dentro, fixando-me cada vez mais no seu decote enquanto as tetas bamboleiam com as guinadas do carro, para me abstrair do perigo. Por momentos desconfio que só me quer para usar aqui o Pacheco como “pau de selfie”, dada a fama da sua avantajada dimensão.
Por fim chegámos e confesso que já perdi a vontade do digestivo. Também teria perdido a vontade de pinar, caso não tivesse visto que ela não estava a usar cuecas quando saiu do carro. Há qualquer coisa numa mulher de vestido sem cuecas em contexto social que deixa o cérebro masculino reduzido à capacidade de raciocínio de uma alforreca com o cio. Estes pequenos momentos de lucidez podiam incomodar-me e obrigar-me a alterar a minha conduta. Mas não descansei enquanto não a fiz gemer a suplicar que a tratasse como uma puta.
Patife
@FF_Patife no Twitter
11 março 2018
«algumas gaivotas estavam em terra» - bagaço amarelo
O vento traz sempre essa mensagem consigo, a de que o tempo está a passar mesmo quando não estamos a fazer nada que nos pareça importante. Se o mundo está quieto, o tempo também está. Se o mundo se mexe, como as nuvens neste caso, o tempo conta.
Quando tirei os olhos do céu, ela sorriu-me como se estivesse a ler-me o pensamento. Sufocou a beata na areia e depois guardou-a num guardanapo que colocou dentro da carteira, para não a deixar ali a poluir a praia. E foi nesse momento que me senti um felizardo por, nessa tarde, uma mulher com mais trinta anos do que eu me ter perguntado se se podia sentar ao meu lado numa praia deserta.
- Está triste?
Eu não sabia como estava, por isso demorei alguns segundos a responder. Tinha-a visto passear junto às ondas e a molhar os pés calçados sem sequer tentar evitá-lo. Lembrando-me disso, fiscalizei-lhe as sapatilhas de pano. Estavam húmidas e cheias de areia.
- Estou desconfortável, é só isso...
O que me soube bem naquela mulher foi ela não ter respostas fugitivas. Não me disse que eu era demasiado novo para isso, não me mandou para um sítio mais confortável nem me perguntou porquê. Nem sequer me tentou explicar nada sobre a vida. Limitou-se a aceitar o que eu lhe dissera, sem me chatear com questões mais pequeninas do que aquele momento.
Algumas gaivotas estavam em terra.
- Há uma altura em que nos conformamos com a solidão... - Acabou por segredar ao vento que ainda contava o tempo.
- Que altura é essa? - Perguntei.
- Não sei. Sei apenas que me lembro do momento em que percebi que nunca mais na vida ia Amar um homem.
Uma das gaivotas levantou voo e passou bem perto das nossas cabeças. Tive a sensação estúpida de que a nossa conversa a tinha incomodado, como se estivesse a perturbar o andamento natural das coisas. Quis perguntar se esse momento tinha sido triste, mas faltou-me a coragem. Por isso acabei apenas por consentir a frase.
- Hum, hum...
- Foi um momento de libertação, apesar de tudo.
O frio veio ouvir a nossa conversa e ela pediu-me que a ajudasse a levantar. Tive medo de lhe quebrar algum osso, por isso a operação demorou mais do que seria de esperar. Depois convidou-me para jantar na casa dela, ali a poucos metros da praia, onde eu acabei por passar dois ou três dias.
Hoje estava a ler a notícia sobre a morte de um actor que tinha aproximadamente a mesma idade dela e revivi estes dias. Da minha janela via as nuvens a correr no céu. O tempo passa, mas não apaga as nossas memórias. Nem sequer essa, da mão dela trémula a tentar levar um cigarro à boca.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
10 março 2018
«esta noite» - Susana Duarte
esta noite, escreverei para ti.
sabes amar as palavras deitadas
sobre os teus dedos, como as vinhas
do norte e a terra sob os teus pés.
sabes do amor e das palavras,
e fertilizas o olhar da noite
com o indizível das uvas
e o futuro das sementes
que, de ti, nascem.
a cada manhã.
seremos sempre a poesia
que das vozes emana.
amar-me-ás
sob o céu azul dos futuros
antevistos.
e sobre o húmus
e o útero da terra,
e sobre o corpo,
Gaia-mãe, dança
da terra sobre os dedos,
e sobre as folhas
ávidas do verão
dos seres.
esta noite, escreverei.
para ti.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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sabes amar as palavras deitadas
sobre os teus dedos, como as vinhas
do norte e a terra sob os teus pés.
sabes do amor e das palavras,
e fertilizas o olhar da noite
com o indizível das uvas
e o futuro das sementes
que, de ti, nascem.
a cada manhã.
seremos sempre a poesia
que das vozes emana.
amar-me-ás
sob o céu azul dos futuros
antevistos.
e sobre o húmus
e o útero da terra,
e sobre o corpo,
Gaia-mãe, dança
da terra sobre os dedos,
e sobre as folhas
ávidas do verão
dos seres.
esta noite, escreverei.
para ti.
Susana Duarte
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