"Não sou quem tu viste, sou mais, e para quase toda a gente, tão menos. Estou feita de cabedal, curtida, resistente. Deixo que pensem em mim como alguém que não quer saber, que não quer sentir. Sou dura. Eficaz a magoar. Sei espetar e rodar. Como sei abraçar, deixar rolar a lágrima quando a emoção me toma, sei dizer as palavras que puxam e apertam, mãos, pernas, cabelos em cócegas. Sei dar, dar muito de mim, dar quase tudo
nunca ninguém dá tudo, nunca ninguém pode dar tudo, é humanamente impossível
mas pode ficar-se perto
entregar-me sem reserva, deixar tombar as minhas defesas, as minhas barreiras, as coisas que me desconfortam ficam quase despidas e levadas em poeira quando estás perto. Sei tudo, sei tanto, e ninguém vê. Sou tão estupidamente dura, tão cruel, porque me falto, porque me falta, porque tudo quanto há não é tudo quanto preciso, porque me furto, porque nos intervalos da noite sei que me falta, sei o que me falta."
João
Geografia das Curvas
11 abril 2018
Postalinho da tolaria
"Quadro exposto na parede do restaurante O Gafanhoto, na Gafanha da Encarnação.
Reparaste no debruado? Uma rendinha do caralhinho..."
Alfredo Moreirinhas
Reparaste no debruado? Uma rendinha do caralhinho..."
Alfredo Moreirinhas
10 abril 2018
«somos aves. somos flores.» - Susana Duarte
somos aves. somos flores. somos mágoas.somos névoas dissipadas. somos fráguas. densas rendas desenhadas sobre o vento. densas lendas desenhadas no desalento. densas aves desenhadas no papel. suaves flores. suave mel. somos ausência. somos dúvida. somos dor. somos obra vasta, penhor das nuvens, borboleta. somos a renda escavada numa gruta. desenho leve das águas. lenta dúvida que se desfaz. trégua na noite. suave onda. somos estrela alva na aurora desfolhada. breve canção, montanha escalada. somos a folha e a gota de orvalho, a fada etérea e a rocha e o galho. somos teixo, égua, albatroz. somos fruta. somos noz. somos deserto nas noites coalhadas. somos água e bico e sede. somos tudo. somos nada. somos vida. somos morte. somos acaso, destino, sorte. somos deuses e maçãs. ruas. estradas. manhãs. somos eu, e somos tu, e somos um e outro, cada um do outro. somos a vida. somos a morte. somos cítara e somos sorte. música, fuga, escarpada. somos tudo. somos nada. somos a soma de todos os outros, antes de nós. a voz das fontes, a voz da voz. somos um, e somos outro. e descobrimos a fonte da vida, na água que jorra da boca de cada um. somos infindos. somos unos. somos, sobretudo, quando somos juntos. abraço o teu infinito. somos aves. somos flores. somos céu. desdobra-te em mim. despoja-me de mim. sejamos o começo. e o fim.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Susana Duarte
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Zebra Liebe (amor de zebra)
Litografia a cores assinada, numerada e datada. Edição de apenas 50 peças (exemplar 18/50), com cerca de 16,5 x 21,5 cm. Em moldura de madeira 30x40 cm com passe-partout, passou a fazer parte da minha colecção.
O padrão do focinho da zebra é um pormenor delicioso...
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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09 abril 2018
Feliz Analversário
Patife
@FF_Patife no Twitter
08 abril 2018
«respostas a perguntas inexistentes (371)» - bagaço amarelo
Às vezes falamos ao telefone. Ela conta-me tudo o que não se passa com ela e eu conto-lhe tudo o que não se passa comigo. É sempre assim, quando duas pessoas mantêm uma distância táctica entre si. Contam tudo uma à outra, menos aquilo que são e que vão sendo.
É o estado da não paixão. Não se apaixonaram, mas têm pena. Se o tivessem feito, talvez fosse bom. É uma tristeza não controlarmos as nossas paixões.
Hoje foi um desses dias. Falámos ao telefone e ela disse-me que estava a fazer tempo antes ir trabalhar. Imaginei-a em casa, encostada a uma máquina parecida com qualquer uma da Revolução Industrial. Ela rodava uma manivela e do outro lado saíam relógios cujos ponteiros rodavam em sentido contrário. Fazia tempo, portanto. Se um desses relógios rodasse duas horas, era duas horas que tinha feito.
- Ninguém faz tempo, Marta. O tempo está feito e vai passando por nós.
Ela riu-se. Depois gastámos um quarto de hora do nosso tempo a contar o que não se passa connosco. É de livre vontade e sabe bem. O tempo é o preço que pagamos para estarmos com quem nos faz sentir bem.
Combinámos mais um café, este fim de semana no sítio do costume. Não fazemos tempo, mas temos que saber o como gastamos. O tempo é a nossa única fortuna incalculável.
E ela tornou a sorrir.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Postalinho das grutas de Mira d'Aire - 1
"No meio de muitas formações rochosas formidáveis, o guia pediu-nos uma especial atenção para esta estalagmite, que foi baptizada de «Consolo das viúvas»... vá-se lá saber porquê. E, vista de perto, em vários ângulos, apresenta-se de forma diferente, mas sempre... sensual."
Paulo M.
Paulo M.
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