não sei se a tristeza colhe nuvens
onde vivem os espectros das noites
antigas. não sei, sequer, se as noites
continuam no mesmo lugar. talvez
tenham partido para o sítio onde
as lágrimas colheram cerejas, e
as depositaram num vale antigo.
não sei se as noites voltarão a ser
lugares de interdito, se os desertos
por onde se escoam as aves fugidias
(talvez fantasmas, talvez apátridas)
onde escondo os nomes e fujo de mim.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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08 maio 2018
Nada surdo
Perguntassem-me onde buscaria o mais belo som do planeta, de imediato encostaria o meu ouvido à tua boca.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Mulher escoltada
Taça em porcelana com mulher levantando a saia, com meias de ligas, mostrando dois soldados de chumbo. Peça de Raymond Peynet para a Rosenthal.
Mais um miminho de Peynet a juntar-se aos "namoradinhos" malandrecos da minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Mais um miminho de Peynet a juntar-se aos "namoradinhos" malandrecos da minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
07 maio 2018
Postalinho do Paleolítico revisitado - 4
"As gravuras rupestres de Lomar (perto de Penafiel), escavações feitas na rocha granítica, são alvo de muita especulação quanto ao seu significado e seu objectivo.
Foi preciso irmos lá nós para descobrirmos o que aquilo é.
Neste caso, trata-se evidentemente de uma bela de uma orgia."
Paulo M.
Foi preciso irmos lá nós para descobrirmos o que aquilo é.
Neste caso, trata-se evidentemente de uma bela de uma orgia."
Paulo M.
Mamas ao ar!
Patife
@FF_Patife no Twitter
06 maio 2018
«E quando acaba o Amor?» - bagaço amarelo
Eram duas equipas alemãs a jogar na emissão da Sporttv, uma amarela e uma azul. Sem saber porquê, enquanto o ouvia, torcia pela equipa amarela. A mão dele mexia numa chave electrónica dum Audi A4 como se fosse um reco-reco a tentar chamar a atenção. Trabalhava num banco, tinha um filho bom na escola e em desporto, tinha feito a Universidade sem qualquer hesitação e, cereja em cima do bolo, tinha encontrado e casado com a mulher da vida dele. O meu silêncio era incapaz de manter em segredo a minha vida, mas não havia muito a fazer.
Depois a equipa azul marcou um golo. Um homem só no balcão festejou-o e o telemóvel topo de gama do J, tocou. O toque era uma música qualquer de rock dos anos setenta da qual não me consegui lembrar do nome. Nem da banda nem do tema.
- É a minha mulher. O que é que a gaja quer agora? - Perguntou.
A minha cerveja estava no fim, mas eu não tinha dinheiro para outra. Fiquei a ouvi-lo falar com a mulher enquanto os amarelos tentavam empatar desesperadamente. Talvez fosse um jogo importante. Está bem, meu Amor. Encontrei um amigo do liceu. Está tudo bem. Sim, eu compro. Vai tu buscar o miúdo, podes? Amo-te. E depois suspirou. Olhei para os olhos dele. Neles, a falta de brilho era um reflexo perfeito dos meus. E então perguntei-me em silêncio: "E quando acaba o Amor?".
Aquele "Amo-te" tinha-lhe morrido nos lábios como uma onda do mar que não chega sequer à praia. A mulher da vida dele, em menos de um minuto, tinha-se transformado numa gaja que só o estava a chatear. E então foi a minha vez de falar.
- Não sei o que é que se passa comigo. Não consigo manter um emprego nem uma relação. Em pouco tempo, canso-me das minhas namoradas ou elas se cansam de mim. Acaba tudo e atravesso desertos até me apaixonar outra vez e acreditar que vai ser para sempre. Depois sou feliz durante algum tempo, até acabar o Amor.
Não falei do meu desemprego nem do meu carro que já devia ter ido à inspecção há mais de dois meses, mas eu não tinha dinheiro para lhe trocar o cano de escape e por isso andava a tentar evitar a polícia.
Sorri-lhe. Os amarelos marcaram um golo, mas o mesmo foi anulado pelo árbitro.
Ele guardou a chave do Audi A4 no bolso, pagou a conta toda e foi-se embora com um "tchau" tão convincente como o "Amo-te" que tinha dito à mulher da vida dele uns minutos antes. Pude pedir outra cerveja e acabei de ver o jogo sozinho. Os amarelos perderam.
- E quando acaba o Amor?
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Postalinho do Paleolítico revisitado - 3
"As gravuras rupestres de Lomar (perto de Penafiel), escavações feitas na rocha granítica, são alvo de muita especulação quanto ao seu significado e o seu objectivo.
Foi preciso irmos lá nós para descobrirmos o que aquilo é.
Neste caso, da esquerda para a direita, temos os pés dele, os tomates dele, os pés dela e as mamas dela."
Paulo M.
Foi preciso irmos lá nós para descobrirmos o que aquilo é.
Neste caso, da esquerda para a direita, temos os pés dele, os tomates dele, os pés dela e as mamas dela."
Paulo M.
Stevia afrodisíaca
Creio que a stevia é afrodisíaca embora ainda não tenha compilado todos os dados para uma conclusão clara. Reparem que até usei o verbo compilar que já por si é significativo sabendo eu que se tivesse nascido homem jogava na outra equipa, tal a fascinação que tenho por pilas.
Ao certo, comprei rebuçados adoçados com stevia que apresentam uma coloração azul tal como aquele comprimido que produz erecções do pénis. Não sei se o meu clítoris se sentiu influenciado, se ficou sugestionado, o que terá sido mas desde aí está todos os dias desperto e aprumado. Creio também que comunica com os mamilos que se não fossem os sutiãs de copas reforçadas toda a gente julgaria que eu trazia duas estátuas do Cutileiro espetadas entre o pescoço e o umbigo.
O que me vale é poder desfazer equívocos logo de manhã graças a um kit de sobrevivência no deserto que uma amiga minha me fez o favor de oferecer e que inclui um pinchavelho a pilhas tão lindo, não azul, mas violeta da cor do Prince.
05 maio 2018
«[silêncio]» - Susana Duarte
os sons da pele
sonham mãos
que dançam
(silêncio)
nos cílios
adormecidos
volteiam mãos
(inertes)
as mãos todas
sobre a pele
(outrora)
viva
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook
sonham mãos
que dançam
(silêncio)
nos cílios
adormecidos
volteiam mãos
(inertes)
as mãos todas
sobre a pele
(outrora)
viva
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
«Noites cálidas de Abril» - por Rui Felício
Em cada poste de iluminação da Rua Vasco da Gama, era colocado um altifalante em forma de funil, donde brotavam, roufenhos, os acordes dos mais populares êxitos musicais, emitidos de uma cabina de som instalada no Centro de Recreio do Bairro.
À medida que a noite ia caindo, aquela que é a rua mais larga que rasga o casario do bairro de uma ponta à outra, enchia-se de grupos de jovens que a percorriam num sentido e no outro, em alegre algazarra de risos e dichotes.
Quando passavam perto do Centro, alguns dirigiam-se a um minusculo guichet ao lado da porta principal e pediam que fosse difundida uma determinada musica, pagando o respectivo preço de um escudo.
Era uma espécie de programa radiofónico de discos pedidos...
O aliciante do pedido consistia em que através da instalação sonora se anunciasse a transmissão, com uma dedicatória prévia, normalmente redigida de forma cifrada que só os destinatários compreendiam.
O locutor então dizia:
- E agora, com dedicatória à loirinha que está á conversa junto ao marco do correio, vamos escutar o Gianni Morandi...
A loirinha apressava-se a afastar-se do marco do correio para não ser facilmente reconhecida pelos passantes, e com o coração aos pulos, ia conjecturando para si mesma sobre quem teria sido o autor da dedicatória.
As amigas mais próximas diziam:
- Só pode ter sido o fulano. Ele anda doido por ti.
- Está bem livre, retorquia a loirinha para as amigas. Eu não gosto dele !
Um quarto de hora mais tarde, com ar desprendido e disfarçadamente, ela própria se dirigia ao tal guichet e encomendava uma transmissão, com a dedicatória:
- Para quem se lembrou de pedir o Gianni Morandi, vamos ouvir e sonhar com a bela música do Petite Fleur.
Pelo meio, outras canções em voga preenchiam a noite da Rua Vasco da Gama.
Desde Elvis Presley, Adamo, Rita Pavone, Françoise Hardy, Beatles, Chico Buarque, Aznavour, Tony de Matos...
......
E tal como hoje, alguns dos velhos mais rezinzas não perdiam a ocasião para criticar:
- No meu tempo não era nada disto. Havia respeito.
Esta juventude de hoje, em vez de estudar anda só nestas poucas vergonhas...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
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