"Esta coisa do extremismo e das opiniões que chocam meia internet aplica-se também a quem acha obrigatório as mulheres arrancarem todos os pêlos do corpo, estarem permanentemente de dieta, andarem desconfortáveis para parecerem atraentes, etc. ou só se aplica a feministas não divertidas?"
érica, a princesa da curraleira
Não entendo isto. Mas sou da geração em que os pêlos até constituíam um factor de interesse e tema de conversas picantes. (Quem não se lembra do "matagal", da "pintelheira" e outras referências à fascinante pilosidade feminina?)
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
22 maio 2018
Mulher e pantera (frente e verso)
Jarra em cerâmica vidrada, com uma mulher nua em cima de uma pantera, vistas de frente e… verso.
Uma peça que é um esmero, na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Uma peça que é um esmero, na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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21 maio 2018
Armas de distracção massiva
Patife
@FF_Patife no Twitter
20 maio 2018
«sem título» - bagaço amarelo
Às vezes, muitas vezes, dou por mim a convidar o meu passado para um copo. Tristezas profundas transformaram-se entretanto em sorrisos patetas e a felicidade transformou-se quase sempre em nostalgia.
Alguns dos melhores Amores que tive nunca o chegaram a ser. Foram, por assim dizer, meios amores. Não porque não pudessem ter sido algo mais, mas apenas porque não aconteceu.
Quando um meio Amor nunca chega a ser muito mais do que isso, tendemos a pensar que algo falhou, mas hoje, nesse copo de vinho que partilhei com o meu passado, dei-me conta que não.
É que um meio Amor não é Amar pela metade. Talvez seja apenas Amar mais depressa e, portanto, em menos tempo. Quando acreditamos que a durabilidade é a principal qualidade de um Amor, arriscamo-nos a tentar esticar o que não é esticável.
Não é que isto seja importante. É apenas uma forma de me explicar a mim como os meios Amores foram inteiros.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
19 maio 2018
«por todas as madrugadas» - Susana Duarte
retive, entre os dedos, as conchas devassadas
pela natureza impetuosa da língua, e as flores,
e os grãos de areia laminados pelas tuas mãos.
guardei tudo onde a água não me alcança,
e os abraços ficam por dar. é nesse lugar triste,
de faltas e de dores, que guardei as conchas,
e as flores, e os grãos de areia, e as tuas,
e as minhas mãos. as que perdeste, no lugar
misterioso onde caem os abraços e se perdem
beijos. as circunstâncias dos beijos, são as mesmas
das abelhas: correriam livres onde as flores
não polinizadas esperassem por novas auroras.
nessas auroras, faltam, todavia, as palavras.
habituar-me-ei a todas as ausências, mas nunca
às ausências das palavras, as que se desgastam
sob os dedos marinheiros que escondes na areia.
se souberes onde as perdeste, ou onde o medo
perdura por entre as conchas fundas do ser, diz
o meu nome, e abraça-o, e traz a mim a língua,
a que devora os grãos de areia que sou, e as mãos
entrelaçadas, devassadas também elas pela urgência
do abraço. nesse momento, deixa que a língua
me trespasse, e faça renascer sob o corpo-mar
das arribas. diz o meu nome. e tira-me de onde
as palavras insistem em não ser ditas, e o amor,
esse vagabundo, teima em perder os dedos estranhos
das navegações dos olhos. e fica. ousa as palavras.
ousa as palavras. e deixa que as vertentes solares
trespassem as noites todas, e incendeiem as litanias
das ondas, e tudo mude de lugar: eu, tu, e as conchas,
e os grãos de areia, e as flores polinizadas, e os mares,
e os abraços teimosamente navegados pelas ausências
das palavras que insisto em te pedir, ou em roubar
às mãos que escondes na areia, e me deste por um breve,
redondo, insistente e profundo momento de esquecimento:
todo o esquecimento é feito de palavras, tal como aquelas
que te peço, ainda, tresmalhadas das ondas, e das nuvens,
e dos solares dias anteriores ao mosto, onde és tudo
o que quero reter nos olhos, e nos recantos onde as mãos,
esquecidas de todas as convenções, e de todas as expiações,
pousaram resolutas, anímicas, totémicas, talvez nuas
de tudo o que dissemos antes e, por isso, vivas.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook
pela natureza impetuosa da língua, e as flores,
e os grãos de areia laminados pelas tuas mãos.
guardei tudo onde a água não me alcança,
e os abraços ficam por dar. é nesse lugar triste,
de faltas e de dores, que guardei as conchas,
e as flores, e os grãos de areia, e as tuas,
e as minhas mãos. as que perdeste, no lugar
misterioso onde caem os abraços e se perdem
beijos. as circunstâncias dos beijos, são as mesmas
das abelhas: correriam livres onde as flores
não polinizadas esperassem por novas auroras.
nessas auroras, faltam, todavia, as palavras.
habituar-me-ei a todas as ausências, mas nunca
às ausências das palavras, as que se desgastam
sob os dedos marinheiros que escondes na areia.
se souberes onde as perdeste, ou onde o medo
perdura por entre as conchas fundas do ser, diz
o meu nome, e abraça-o, e traz a mim a língua,
a que devora os grãos de areia que sou, e as mãos
entrelaçadas, devassadas também elas pela urgência
do abraço. nesse momento, deixa que a língua
me trespasse, e faça renascer sob o corpo-mar
das arribas. diz o meu nome. e tira-me de onde
as palavras insistem em não ser ditas, e o amor,
esse vagabundo, teima em perder os dedos estranhos
das navegações dos olhos. e fica. ousa as palavras.
ousa as palavras. e deixa que as vertentes solares
trespassem as noites todas, e incendeiem as litanias
das ondas, e tudo mude de lugar: eu, tu, e as conchas,
e os grãos de areia, e as flores polinizadas, e os mares,
e os abraços teimosamente navegados pelas ausências
das palavras que insisto em te pedir, ou em roubar
às mãos que escondes na areia, e me deste por um breve,
redondo, insistente e profundo momento de esquecimento:
todo o esquecimento é feito de palavras, tal como aquelas
que te peço, ainda, tresmalhadas das ondas, e das nuvens,
e dos solares dias anteriores ao mosto, onde és tudo
o que quero reter nos olhos, e nos recantos onde as mãos,
esquecidas de todas as convenções, e de todas as expiações,
pousaram resolutas, anímicas, totémicas, talvez nuas
de tudo o que dissemos antes e, por isso, vivas.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
«De Galomaro a Bissau (desenfianços)» - por Rui Felício
No começo, em Mafra...
Já de si, o apelido originário da ascendência estrangeira da sua Família, o tornava notado. A sua invulgar estatura de quase dois metros, os olhos salientes, o cabelo arruivado, a pele branca e sardenta e o corpo magro, longilíneo e desengonçado, completavam a estranha figura propicia ao sorriso e aos mais díspares comentários.
Falo do Parrot, que conheci em Mafra e que fez parte do meu pelotão do 1º Ciclo do COM da incorporação de Abril de 1967.
Não era fácil, porém, tirar o Parrot da sua fleumática postura de “não te rales”, por mais provocações que se lhe tentassem fazer. Ele era a calma personificada, e senhor de uma inteligência fora do comum.
Não eram portanto as piadas sem graça que alguns lhe dirigiam que o faziam reagir ou mostrar desagrado. Mostrava-se superior a essas coisas...
Era fácil perceber, que colmatava os sacrifícios da vida militar, para a qual claramente não nascera, substituindo-os por insondáveis pensamentos que lhe davam o ar de quem pairava acima dos comezinhos problemas de quase todos nós. Fez quase toda a recruta em Mafra de fato de treino e sapatilhas, porque só já muito perto do juramento de bandeira é que lhe foi conseguido fardamento adequado às suas medidas.
Enquanto não teve fardamento, estava autorizado a sair do quartel à civil, o que lhe proporcionou algumas vantagens em relação ao resto dos cerca de 800 cadetes que, como ele, ali recebiam instrução militar.
De facto, enquanto todos nós, para sairmos do quartel, tínhamos de nos sujeitar a formatura de saída e à revista, com os inerentes riscos de sermos “chumbados” nessa revista, o cadete Parrot saía calmamente à civil do quartel pela porta de armas, como se de um oficial se tratasse.
Aliás, por mais de uma vez o sentinela da porta de armas, incapaz de conhecer todos os muitos oficiais que serviam no Regimento, tomava o Parrot como mais um e saudava-o com as honras militares que supunha lhe serem devidas!
Perdi completamente o rasto do Parrot desde que saí da tropa, o que lamento...
Assim como já o havia perdido antes, quando depois da recruta ele foi fazer a especialidade não sei em que outra Escola Militar.
O Reencontro, em Bissau...
Reencontrei-o uns dois anos mais tarde em Bissau, onde ambos pernoitávamos na “Vala Comum” do Quartel General.
A “Vala Comum”, para quem não saiba, era uma espécie de caserna situada no QG, onde dormiam os oficiais milicianos que por algum motivo vinham do mato até Bissau, durante alguns dias. Das poucas vezes que consegui pretexto para vir a Bissau, esquecendo por alguns dias a monotonia e os perigos do mato, fiquei quase sempre no Grand Hotel, a minhas expensas, mas desta vez em que reencontrei o Parrot, tinha decidido ficar na “Vala Comum”.
Não lhe perguntei o que fazia em Bissau, porque era óbvio que a razão oficial para ali estar não passaria de mero pretexto, tal como o meu, para fugir por uns dias à chatice e aos perigos da guerra. E nem sequer lhe perguntei nada sobre o que tinha sido a sua vida militar desde que saiu de Mafra, porque quem conhecesse o Parrot sabia que ele não gostaria de falar disso. Preferia falar de coisas ligeiras, de preferência sem qualquer ligação à tropa.
Ao lado da “Vala Comum”, existia a piscina do Quartel General que o Parrot frequentava pelo meio da manhã, depois de acordar. Como não tinha calções de banho, enrolava uma camisa nº 3 da sua farda de trabalho, atava as mangas em volta da cintura e dirigia-se para a prancha de saltos mais alta da piscina, de onde se despenhava em desengonçado mergulho para a água da piscina.
Repetia isto duas ou três vezes e regressava à “Vala Comum”, para tomar um duche, vestir-se e sair para dar uma volta pela cidade. Acontece que as esposas dos oficiais do QG que viviam com os maridos nas instalações do quartel, como não tivessem nada que fazer, estacionavam ora no Bar de Oficiais ora na Piscina, tentando matar o tempo com conversas e mexericos. E, qual pudicas e ofendidas damas da falsa alta sociedade militar guineense, decidiram queixar-se ao Tenente Coronel que geria a Piscina, pelo comportamento, a seu ver incorrecto e imoral, do Sr. Alferes Parrot!
O motivo da queixa assentava no facto de o Parrot não só não se apresentar decentemente ataviado para frequentar a piscina, mas também e principalmente porque, ao voar da prancha de saltos para a água, permitir que a camisa nº 3 que lhe servia de fato de banho esvoaçasse ao vento, deixando exposto aos olhares das senhoras o seu sexo pendurado e desnudo.
Na verdade, o Parrot achava que não valia a pena usar cuecas por baixo da camisa nº 3!
O Tenente Coronel, contra a sua vontade, mas pressionado pelas esposas dos seus camaradas, não teve outro remédio senão mandar chamar o Parrot.
Esclareço que os oficiais colocados no QG, na sua maioria, nunca tinham estado no mato e evitavam entrar em conflito com os alferes que de lá vinham esporadicamente a Bissau, porque receavam as reacções indisciplinadas de alguns que, “apanhados do clima”, achavam que já nada tinham a perder. Por isso, o Tenente Coronel rodeou-se de todos os cuidados, mediu bem as palavras e abordou cautelosamente o Parrot, dizendo-lhe que as senhoras que frequentavam a piscina se sentiam incomodadas pelo facto dele usar a camisa nº 3 da farda de trabalho quando ia mergulhar.
Pedia-lhe por isso, para evitar problemas, que não a usasse quando quisesse ir para a piscina.
O Parrot, com o seu habitual ar desprendido acatou a sugestão do Tenente Coronel e sossegou-o, prometendo-lhe que tal não voltaria a suceder.
Parecia tudo resolvido. Mas não estava...
O Parrot, logo na manhã seguinte, voltou à piscina, com a camisa enrolada à cintura a fazer de fato de banho, subiu as escadas da prancha de saltos e mergulhou como habitualmente!
À semelhança dos dias anteriores, repetiu os saltos duas ou três vezes e regressou impávido e molhado à “Vala Comum”.
Comportamento atípico este! O Parrot era desprendido mas não era um provocador, e muito menos propositadamente indisciplinado! Posso garantir!
Inexplicável portanto o seu comportamento! O Tenente Coronel também sabia disso e não compreendia...
Por isso, chamou de novo o Parrot e pediu-lhe que se justificasse, que lhe explicasse porque quebrara a promessa do dia anterior...
O Parrot, com ar cândido e aparentando grande admiração por ter sido de novo chamado ao Tenente Coronel, explicou:
- Ó meu Coronel, acho que houve aqui uma deficiência de comunicação. Quando o Senhor ontem me disse para eu não voltar a usar a camisa nº 3, entendi que a não considerava adequada por fazer parte do fardamento de trabalho... e acatei. Compreendi que queria que, em vez dessa, eu usasse antes a camisa nº 2, da farda de saída, atendendo a que se tratava de um local onde se justifica alguma etiqueta na apresentação... e foi o que fiz!!!! - culminou o Parrot, com o ar mais celestial do mundo - A camisa que hoje usei era uma camisa nº 2 do fardamento de saída, meu Coronel!
NOTAS: O fardamento de saída, designado por farda nº 2, era o que os militares usavam quando circulavam na cidade. Portanto o adequado a qualquer situação mais protocolar.
O fardamento de trabalho, chamado farda nº 3, destinava-se a operações militares e a trabalhos de instrução dentro do quartel. Inadequado portanto para ambientes mais requintados.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Já de si, o apelido originário da ascendência estrangeira da sua Família, o tornava notado. A sua invulgar estatura de quase dois metros, os olhos salientes, o cabelo arruivado, a pele branca e sardenta e o corpo magro, longilíneo e desengonçado, completavam a estranha figura propicia ao sorriso e aos mais díspares comentários.
Falo do Parrot, que conheci em Mafra e que fez parte do meu pelotão do 1º Ciclo do COM da incorporação de Abril de 1967.
Não era fácil, porém, tirar o Parrot da sua fleumática postura de “não te rales”, por mais provocações que se lhe tentassem fazer. Ele era a calma personificada, e senhor de uma inteligência fora do comum.
Não eram portanto as piadas sem graça que alguns lhe dirigiam que o faziam reagir ou mostrar desagrado. Mostrava-se superior a essas coisas...
Era fácil perceber, que colmatava os sacrifícios da vida militar, para a qual claramente não nascera, substituindo-os por insondáveis pensamentos que lhe davam o ar de quem pairava acima dos comezinhos problemas de quase todos nós. Fez quase toda a recruta em Mafra de fato de treino e sapatilhas, porque só já muito perto do juramento de bandeira é que lhe foi conseguido fardamento adequado às suas medidas.
Enquanto não teve fardamento, estava autorizado a sair do quartel à civil, o que lhe proporcionou algumas vantagens em relação ao resto dos cerca de 800 cadetes que, como ele, ali recebiam instrução militar.
De facto, enquanto todos nós, para sairmos do quartel, tínhamos de nos sujeitar a formatura de saída e à revista, com os inerentes riscos de sermos “chumbados” nessa revista, o cadete Parrot saía calmamente à civil do quartel pela porta de armas, como se de um oficial se tratasse.
Aliás, por mais de uma vez o sentinela da porta de armas, incapaz de conhecer todos os muitos oficiais que serviam no Regimento, tomava o Parrot como mais um e saudava-o com as honras militares que supunha lhe serem devidas!
Perdi completamente o rasto do Parrot desde que saí da tropa, o que lamento...
Assim como já o havia perdido antes, quando depois da recruta ele foi fazer a especialidade não sei em que outra Escola Militar.
O Reencontro, em Bissau...
Reencontrei-o uns dois anos mais tarde em Bissau, onde ambos pernoitávamos na “Vala Comum” do Quartel General.
A “Vala Comum”, para quem não saiba, era uma espécie de caserna situada no QG, onde dormiam os oficiais milicianos que por algum motivo vinham do mato até Bissau, durante alguns dias. Das poucas vezes que consegui pretexto para vir a Bissau, esquecendo por alguns dias a monotonia e os perigos do mato, fiquei quase sempre no Grand Hotel, a minhas expensas, mas desta vez em que reencontrei o Parrot, tinha decidido ficar na “Vala Comum”.
Não lhe perguntei o que fazia em Bissau, porque era óbvio que a razão oficial para ali estar não passaria de mero pretexto, tal como o meu, para fugir por uns dias à chatice e aos perigos da guerra. E nem sequer lhe perguntei nada sobre o que tinha sido a sua vida militar desde que saiu de Mafra, porque quem conhecesse o Parrot sabia que ele não gostaria de falar disso. Preferia falar de coisas ligeiras, de preferência sem qualquer ligação à tropa.
Ao lado da “Vala Comum”, existia a piscina do Quartel General que o Parrot frequentava pelo meio da manhã, depois de acordar. Como não tinha calções de banho, enrolava uma camisa nº 3 da sua farda de trabalho, atava as mangas em volta da cintura e dirigia-se para a prancha de saltos mais alta da piscina, de onde se despenhava em desengonçado mergulho para a água da piscina.
Repetia isto duas ou três vezes e regressava à “Vala Comum”, para tomar um duche, vestir-se e sair para dar uma volta pela cidade. Acontece que as esposas dos oficiais do QG que viviam com os maridos nas instalações do quartel, como não tivessem nada que fazer, estacionavam ora no Bar de Oficiais ora na Piscina, tentando matar o tempo com conversas e mexericos. E, qual pudicas e ofendidas damas da falsa alta sociedade militar guineense, decidiram queixar-se ao Tenente Coronel que geria a Piscina, pelo comportamento, a seu ver incorrecto e imoral, do Sr. Alferes Parrot!
O motivo da queixa assentava no facto de o Parrot não só não se apresentar decentemente ataviado para frequentar a piscina, mas também e principalmente porque, ao voar da prancha de saltos para a água, permitir que a camisa nº 3 que lhe servia de fato de banho esvoaçasse ao vento, deixando exposto aos olhares das senhoras o seu sexo pendurado e desnudo.
Na verdade, o Parrot achava que não valia a pena usar cuecas por baixo da camisa nº 3!
O Tenente Coronel, contra a sua vontade, mas pressionado pelas esposas dos seus camaradas, não teve outro remédio senão mandar chamar o Parrot.
Esclareço que os oficiais colocados no QG, na sua maioria, nunca tinham estado no mato e evitavam entrar em conflito com os alferes que de lá vinham esporadicamente a Bissau, porque receavam as reacções indisciplinadas de alguns que, “apanhados do clima”, achavam que já nada tinham a perder. Por isso, o Tenente Coronel rodeou-se de todos os cuidados, mediu bem as palavras e abordou cautelosamente o Parrot, dizendo-lhe que as senhoras que frequentavam a piscina se sentiam incomodadas pelo facto dele usar a camisa nº 3 da farda de trabalho quando ia mergulhar.
Pedia-lhe por isso, para evitar problemas, que não a usasse quando quisesse ir para a piscina.
O Parrot, com o seu habitual ar desprendido acatou a sugestão do Tenente Coronel e sossegou-o, prometendo-lhe que tal não voltaria a suceder.
Parecia tudo resolvido. Mas não estava...
O Parrot, logo na manhã seguinte, voltou à piscina, com a camisa enrolada à cintura a fazer de fato de banho, subiu as escadas da prancha de saltos e mergulhou como habitualmente!
À semelhança dos dias anteriores, repetiu os saltos duas ou três vezes e regressou impávido e molhado à “Vala Comum”.
Comportamento atípico este! O Parrot era desprendido mas não era um provocador, e muito menos propositadamente indisciplinado! Posso garantir!
Inexplicável portanto o seu comportamento! O Tenente Coronel também sabia disso e não compreendia...
Por isso, chamou de novo o Parrot e pediu-lhe que se justificasse, que lhe explicasse porque quebrara a promessa do dia anterior...
O Parrot, com ar cândido e aparentando grande admiração por ter sido de novo chamado ao Tenente Coronel, explicou:
- Ó meu Coronel, acho que houve aqui uma deficiência de comunicação. Quando o Senhor ontem me disse para eu não voltar a usar a camisa nº 3, entendi que a não considerava adequada por fazer parte do fardamento de trabalho... e acatei. Compreendi que queria que, em vez dessa, eu usasse antes a camisa nº 2, da farda de saída, atendendo a que se tratava de um local onde se justifica alguma etiqueta na apresentação... e foi o que fiz!!!! - culminou o Parrot, com o ar mais celestial do mundo - A camisa que hoje usei era uma camisa nº 2 do fardamento de saída, meu Coronel!
NOTAS: O fardamento de saída, designado por farda nº 2, era o que os militares usavam quando circulavam na cidade. Portanto o adequado a qualquer situação mais protocolar.
O fardamento de trabalho, chamado farda nº 3, destinava-se a operações militares e a trabalhos de instrução dentro do quartel. Inadequado portanto para ambientes mais requintados.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Erotic paper dolls - per giocare com i piû grandi autori della rivista Blue
Revista italiana com 32 folhas da Coniglio Editore, com figuras de mulheres em poses e com peças de vestuário eróticas, para recortar e brincar.
Desenhos de Giovanna Casotto, Franco Saudelli, Massimo Giacon, Ricardo Mannelli, Roberto Baldazzini, Giuseppe Manunta, Ivan Brun, Massimo Rotundo e outros.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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Desenhos de Giovanna Casotto, Franco Saudelli, Massimo Giacon, Ricardo Mannelli, Roberto Baldazzini, Giuseppe Manunta, Ivan Brun, Massimo Rotundo e outros.
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> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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18 maio 2018
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