22 maio 2018

«não mais» - Susana Duarte

não mais cantarei o adeus que impuseste,
antes os abraços de todos os encontros.

evitarei as ruas por onde, antes, caminhei
lado a lado com o sonho mitigado pela breve
presença das tuas mãos. não mais cantarei
o adeus que impuseste, ou as noites breves,
corrompidas pelo amanhecer das partidas.

cantarei, antes, as rosas semeadas nos dedos
e as auroras desfolhadas por onde mãos
ténues de luz se passeiam agora. não mais
iluminarei velas antigas, de framboesa e ténue
luz, antes a solar claridade do beijo rubro
que o passado me devolveu. cantarei braços
fortes e abraços eternos, carícias longas
e longos invernos semeados nos abraços
que, agora, nos damos. cantarei o passado
reencontrado. e as manhãs de agora.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook

Velhos - e peludos - tempos

"Esta coisa do extremismo e das opiniões que chocam meia internet aplica-se também a quem acha obrigatório as mulheres arrancarem todos os pêlos do corpo, estarem permanentemente de dieta, andarem desconfortáveis para parecerem atraentes, etc. ou só se aplica a feministas não divertidas?"
érica, a princesa da curraleira

Não entendo isto. Mas sou da geração em que os pêlos até constituíam um factor de interesse e tema de conversas picantes. (Quem não se lembra do "matagal", da "pintelheira" e outras referências à fascinante pilosidade feminina?)

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Mulher e pantera (frente e verso)

Jarra em cerâmica vidrada, com uma mulher nua em cima de uma pantera, vistas de frente e… verso.
Uma peça que é um esmero, na minha colecção.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

21 maio 2018

Thomy - vinagre balsâmico - «União»

Armas de distracção massiva

Chamem-lhes o que quiserem: mamas, tetas, par de chuchas, marmelos, holofotes, air-bags, faróis da frente, pára-choques, prateleiras, bombocas, que o resultado será sempre o mesmo. O meu olhar vai acompanhá-las até as retinas ficarem eretas e aqui o Pacheco ficar tão robusto como um tronco de mogno. Não me culpem. Faz parte da natureza humana. Onde quer que ande um par de chuchas, haverá sempre um corrupio de homens prontos para o devassar com o olhar. Uns fazem pela calada. E esses são os piores. Há uns que chegam a criticar os homens que têm a honestidade de olhar com lânguido despudor sobre todo e qualquer declivado decote, os sonsos. Não compreendo a inibição, mas dou uma ajudinha à vossa consciência: As mamas foram criadas com o principal propósito de serem admiradas e a maioria das mulheres usa decotes, roupa e lingerie, pensadas somente para deixar todo e qualquer globo ocular a andar à roda. Eu cá fico logo com a cabeça a andar à foda. Mas isso é porque tenho uma sensibilidade de gnu, coisa própria de quem gosta muito de ir ao cu. Isto tudo a propósito do grandioso par de tetas que tive o engenho de profanar ao apalpão esta semana. Estava já de saída do Chiado, entretido comigo mesmo, quando as vejo passar, todas generosas e a clamar por atenção. A mafarrica que as passeava só a vi uns bons dez minutos depois, tal o efeito de fixação mamaçal. Ficámos fixados, olhos-nos-bicos e bicos-nos-olhos e aquilo só podia acabar em festa mamária. Assim foi. As mamas saracotearam na minha direcção – quase que posso jurar que as vi a bater palminhas – e tive de invocar toda a arte recreativa para manusear aquelas mamocas. Até deu aqui para o meu Pacheco fazer saltos de trampolim e bater castanholas com as ditas. Gostar de mamas grandes é fácil. O desafio está em saber o que fazer com elas. É assim um pouco como o amor. Ah, e cu. Mas isso abordo noutro dia. Por falar em bordas, ali vão umas a dançaricar Chiado abaixo. “Anda, Pacheco!”. E para que não restem dúvidas, sim, comi a mamalhuda. Como tinha um primo de visita, levei-a para a minha cave. Encavei-a toda.

Patife
@FF_Patife no Twitter

«O delta de Pitágoras» - Dan Cretu


20 maio 2018

«sem título» - bagaço amarelo


Às vezes, muitas vezes, dou por mim a convidar o meu passado para um copo. Tristezas profundas transformaram-se entretanto em sorrisos patetas e a felicidade transformou-se quase sempre em nostalgia.
Alguns dos melhores Amores que tive nunca o chegaram a ser. Foram, por assim dizer, meios amores. Não porque não pudessem ter sido algo mais, mas apenas porque não aconteceu.
Quando um meio Amor nunca chega a ser muito mais do que isso, tendemos a pensar que algo falhou, mas hoje, nesse copo de vinho que partilhei com o meu passado, dei-me conta que não.
É que um meio Amor não é Amar pela metade. Talvez seja apenas Amar mais depressa e, portanto, em menos tempo. Quando acreditamos que a durabilidade é a principal qualidade de um Amor, arriscamo-nos a tentar esticar o que não é esticável.
Não é que isto seja importante. É apenas uma forma de me explicar a mim como os meios Amores foram inteiros.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Bonecos animados para crianças

"Eles tinham mesmo que fazer isto?!"
Dio Vayne


Sofia deita a toalha ao chão


Deves estar sempre com atenção nas aulas!

Crica para veres toda a história
Aula de mestre


1 página

19 maio 2018

«por todas as madrugadas» - Susana Duarte

retive, entre os dedos, as conchas devassadas
pela natureza impetuosa da língua, e as flores,
e os grãos de areia laminados pelas tuas mãos.

guardei tudo onde a água não me alcança,
e os abraços ficam por dar. é nesse lugar triste,
de faltas e de dores, que guardei as conchas,


e as flores, e os grãos de areia, e as tuas,
e as minhas mãos. as que perdeste, no lugar
misterioso onde caem os abraços e se perdem

beijos. as circunstâncias dos beijos, são as mesmas
das abelhas: correriam livres onde as flores
não polinizadas esperassem por novas auroras.

nessas auroras, faltam, todavia, as palavras.
habituar-me-ei a todas as ausências, mas nunca
às ausências das palavras, as que se desgastam

sob os dedos marinheiros que escondes na areia.
se souberes onde as perdeste, ou onde o medo
perdura por entre as conchas fundas do ser, diz

o meu nome, e abraça-o, e traz a mim a língua,
a que devora os grãos de areia que sou, e as mãos
entrelaçadas, devassadas também elas pela urgência

do abraço. nesse momento, deixa que a língua
me trespasse, e faça renascer sob o corpo-mar
das arribas. diz o meu nome. e tira-me de onde

as palavras insistem em não ser ditas, e o amor,
esse vagabundo, teima em perder os dedos estranhos
das navegações dos olhos. e fica. ousa as palavras.

ousa as palavras. e deixa que as vertentes solares
trespassem as noites todas, e incendeiem as litanias
das ondas, e tudo mude de lugar: eu, tu, e as conchas,

e os grãos de areia, e as flores polinizadas, e os mares,
e os abraços teimosamente navegados pelas ausências
das palavras que insisto em te pedir, ou em roubar

às mãos que escondes na areia, e me deste por um breve,
redondo, insistente e profundo momento de esquecimento:
todo o esquecimento é feito de palavras, tal como aquelas

que te peço, ainda, tresmalhadas das ondas, e das nuvens,
e dos solares dias anteriores ao mosto, onde és tudo
o que quero reter nos olhos, e nos recantos onde as mãos,

esquecidas de todas as convenções, e de todas as expiações,
pousaram resolutas, anímicas, totémicas, talvez nuas
de tudo o que dissemos antes e, por isso, vivas.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook