05 julho 2018

«Otimista e pessimista» - Adão Iturrusgarai


Erotismo levado a peito

Conjunto La Perla Black Label de soutien com padrão de gravuras eróticas e cueca de renda preta.
Junta-se à «sexão» têxtil da minha colecção.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

03 julho 2018

«saúda-me» - Susana Duarte

saúda-me a tristeza, a partir das janelas de onde, antes, brilharam estrelas de vida, ante a visão de ti e das tuas carícias. saúda-me, e eu deixo. saúda-me a saudade, e eu deixo. saúda-me a vida que tive dentro, quando contigo sonhava. e eu deixo. saúdas-me tu, no abraço demorado que me deste e, todavia, me prometes. e eu deixo. saúda-me a tristeza, mas não te deixo partir. saúda-me a vida antes de mim própria. e eu deixo. saúdda-me o brilho dos teus olhos. e eu deixo. neles vivo. neles morro. e eu deixo que a vida me preencha de vida. e eu deixo que a vida me preencha de morte. e eu deixo. mas deixo sobretudo que o sonho não morra. deixo que me vivas. deixo que me habites cada movimento das pálpebras. deixo que me sonhes. deixo que tenhas saudades de mim. mesmo quando a tristeza me habita. mesmo quando a saudade me desespera. habitas-me. não sei ser sem ti.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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#SecXIX


É curioso constatar que nesta altura nem a política ou o futebol conseguem suscitar tantos rancores e reacções iradas como o feminismo.

Sharkinho
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Três «Kul-Kul»

Três estatuetas em madeira de 50 cm de altura, de um demónio com o falo destacável para bater no tronco (com sulco vaginal), servindo de instrumento para envio de sinais.
Provenientes da zona rural da ilha de Bali (Indonésia). Idênticos a um outro «Kul-Kul», a que se juntam na minha colecção.









A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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02 julho 2018

Agent Provocateur - «Hotel au Provocateur»

Quem anda à vulva, molha-se

Esta estava sentada sozinha num restaurante a jantar, o que é praticamente o mesmo do que convidar-me a sentar. Estava entretida com o seus pensamentos enquanto comia uma broa de milho. Claro que por mim, sentava-me de pronto enquanto dizia em tom todo sedutor: “És podre de broa”. E depois ela achava graça e levava-me para casa. Claro que sei que isto só tem potencial de sucesso dentro do meu imaginário, por isso sentei-me suavemente e optei pela abordagem certa, correta e digna, dirigindo-lhe um elogio singelo mas pleno de significado, soltando assim en passant: “Sabes que és broa comó milho?” Pela primeira reação da mafarrica, agora penso que devia ter optado pela primeira abordagem. Mas entretanto já estava sentado, e antes que ela me mandasse embora, desatei a falar. Poucos minutos depois já estava enredada pela teia da minha conversa, que certamente lhe causa uma ligeira pocinha na cuequinha. Assim já quase a permitir um slide & splash à boca da cona. Mas depois detenho-me a pensar no Roland Barthes e no mito moderno da sedução, onde o caçador é que é seduzido, capturado e encantado pela imagem da presa, que capta a sua atenção. Há uma enorme equivalência entre o amor e a guerra, e nos dois trata-se de conquistar, de seduzir, de capturar. Cada vez que um sujeito cai de amores, retoma um pouco o tempo arcaico em que os homens deviam raptar a mulher (sempre passiva). Do modelo primitivo subsiste um vestígio público: aquele que foi seduzido é sempre "efeminado". Mas no mito atual, dá-se o contrário. O sedutor nada quer, nada faz; é imóvel e o caçador é que é o verdadeiro sujeito do rapto. Por esta altura já estou mais interessado em jogar a uma espécie de Quem é Quem deste jogo da sedução do que ir-lhe à pachacha. É que não aceito sentir-me uma presa desta porca da Brandoa. Uma coisa é conquistar o caminho para a pachacha de uma badalhoca dos subúrbios. É quase como que um desafio, ainda que bastante fácil. Outra é um gajo permitir-se ser caçado por uma. E o Patife não é fácil de sacar. Por isso aticei-lhe aqui o meu pilão de caça até a deixar sem dúvidas de quem tinha sido capturada, e deixei-a tão, mas tão excitada, que aquilo resultou numa avalanche orgástica de eleição. Mas que enxurrada de meita de gaja. Enfim… é a vida de caçador: Quem anda à vulva, molha-se.

Patife
@FF_Patife no Twitter

«Frade e freira apanhados» - Abelard


01 julho 2018

«só para eu poder entrar» - bagaço amarelo


Fiquei parado alguns segundos na porta de entrada do edifício. A mulher que acabara de passar por mim, de alguma forma fora-me familiar. Foi como se a conhecesse há muito tempo de vista, apesar dos seus olhos claros e o tom de pele primaveril deixarem perceber que era inglesa e, por isso, o mais provável era nunca nos termos visto antes.
Ela olhou-me durante dois segundos, mas depois escondeu os olhos no chão enquanto segurava a porta para eu poder entrar. Obrigado, disse-lhe. Acontece-me frequentemente ter a sensação que conheço pessoas de vista mas que, depois quando penso melhor, o mais provável é nunca me ter cruzado com elas.
Nunca encontrei uma explicação para tal nem, em abono da verdade, me preocupei com isso, mas uma vez uma amiga disse-me que acredita que isso acontece por transferências de energia entre as pessoas. Não percebi bem o que ela queria dizer, mas lembro-me que concordei só porque não me apeteceu discutir um assunto que me fugia do controle.
A verdade é que estava pela primeira vez na minha vida naquela zona de Manchester e, como tal, essa sensação de conhecer alguém de vista não podia ser muito mais do que uma criação do meu cérebro, mais provavelmente do meu subconsciente.
Só estava ali para comprar uma miniatura automóvel em segunda mão que vira num anúncio de internet. Como tinha a vontade de conhecer uma cidade que, mesmo assim, ainda hoje me é estranha, dispus-me durante as trocas de emails com o vendedor a ir pessoalmente a casa dele comprá-la.
O edifício era velho por fora e novo por dentro, como se fosse um homem de muita idade com uma enorme vontade de viver mais uns anos. As rugas podem chegar, mas por dentro nunca ninguém sabe o nosso verdadeiro estado. Pelo menos foi esse o meu pensamento, que também surgiu porque alguém me disse que eu era como uma criança, assim que soube que eu ia fazer uma deslocação de 70 quilómetros para comprar um brinquedo.
Quando finalmente entrei no elevador, carreguei três ou quatro vezes seguidas no quinto andar, como se assim pudesse subir mais depressa. Mas não pude. Nunca se pode. Os elevadores andam sempre à mesma velocidade e não obedecem à nossa vontade. É uma boa lição, esta que os elevadores nos dão. Se nos queremos manter joviais por dentro, há que não ter pressa de viver.
Um homem com uma barriga desproporcional e uma t-shirt suja, provavelmente da minha idade, abriu a porta do apartamento C. Perguntou-me se eu estava pelo hot wheel ou pelo Transformer. Hot Wheel, respondi. Dei-lhe cinco libras e ele passou-me para a mão uma miniatura que examinei minuciosamente só para fingir que percebia alguma coisa do assunto. Okay, disse-lhe, e virei costas.
Outra lição que os elevadores nos costumam dar é a da lei das probabilidades poder estar contra nós. Assim que me preparava para abrir a porta alguém o chamou nos rés do chão e perdi a boleia. Não tive outro remédio senão esperar que ele subisse de novo. Desta vez só carreguei uma vez para o chamar.
O vendedor ainda estava à porta a olhar para mim. Não nos conhecemos de algum lugar? Perguntou. Não, sou português. Foi o que lhe respondi enquanto tentei perceber se ele me era familiar a mim. Não era.
Passeei uma tarde inteira pela cidade, sem pressa de chegar a lado nenhum nem vontade de ter chegado. Falei de futebol com um desconhecido num pub de esquina enquanto bebi duas pints de Guiness. Depois passei o resto da tarde a trocar impressões com os edifícios que me iam observando de soslaio enquanto caminhava no meu segredo.
Dou-me conta de que não sou ninguém enquanto me perco nos outros. Os outros, aqueles com quem me cruzo agora como se já alguma vez me tivesse cruzado no passado para poder acreditar que, talvez num futuro distante, me torne a cruzar da mesma forma e, por pura sorte, uma mulher bonita segure numa porta durante dois segundos só para eu poder entrar.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»