03 outubro 2018

«O Falo (tema dedicado a São Rosas)» - Mário Lima

Passava longas noites acordada. Algo tinha mexido com o seu espírito, com o seu estado de alma. Não sabia a razão porque acordava com pensamentos lúbricos, como se algo lhe faltasse naquela relação a dois que mantinha com homem que a seu lado dormia. O sonho era sempre com algo grande, algo que a penetrasse, que a rasgasse, não como antecâmara da morte, mas sim como o prazer da vida.
Na praia olhava para os outros homens. Mirava os casais e a atrapalhação de alguns machos quando o seu corpo roçava nem que fosse ao de leve, com aquelas formas estonteantes que se encostavam ao seu corpo. Elas ou se apercebiam do facto e olhando sorriam como brincando com a sua masculinidade ou, na maior parte das vezes, nem disso se apercebiam.
As ondas iam e vinham. Ora grandes, ora pequenas. O seu olhar deambulava por aquelas falésias perigosas onde as pessoas sem terem noção disso, ali procuravam sombra. Quando um dia cair um pedregulho em cima, terão a sombra completa.
O corpo a seu lado, dormitava. Levantou-se, olhou para o mar. Algures a Atlântida tinha-se afundado mas, no seu interior, as Amazonas continuavam a fazer dessa Atlântida o seu paraíso. A chefe guerreira, procurava homens para a satisfazer durante o tempo que lhe durasse o desejo do libido, e quando deles se cansava, seria mais um a fazer parte de um silo incrustado na parede, onde, empalhados, outros homens ali jaziam.
Sentia-se uma delas, guerreira e rebelde. Só num dos casos era bom não o ser, não se estava a ver com um seio direito mutilado para melhor uso do arco e da lança. Que Ártemis lhe perdoasse, mas isso nunca seria capaz de o fazer.
Os seus passos dirigiam-se abstratos da Praia dos 3 Castelos em direção à praia do Alemão. Ia São Rosas absorta nos seus pensamentos quando, olhando para uma falésia, viu o seu sonho ali bem vincado. Um grande falo estava em frente dos seus olhos. Por ali tinha passado numa deambulação anterior e essa imagem tinha-lhe ficado gravado inconscientemente no seu cérebro. Nunca tinha visto uma coisa assim e nunca iria ver. Coisas da natureza que dão imagens destas, que cada um interpreta à sua maneira ou não interpreta de maneira nenhuma.
Contemplou mais uma vez o seu "sonho" e, devagarinho como se não quisesse desfazer-se dele, voltou para trás. Deitou-se ao lado do homem que ainda dormitava e, colocando-lhe o braço por cima, agradeceu o facto de ele ter algo mais pequenino mas, que no fundo, fazia parte da sua felicidade.
Os olhos fecharam-se e nada mais veio perturbar o seu espírito.

Mário Lima


Postalinho narcisista

"Uma das muitas lojas de recuerdos da Baixa de Coimbra.
Mas... será que estou a ver bem?! Ao lado da porta..."


"... aquela ali..."


"... sou eu!"
São Rosas

02 outubro 2018

Os homens são todos iguais



HenriCartoon

«geometrias» - Susana Duarte

somos em todos os lugares
onde fomos geometrias
dizentes,
simetrias
de corpos adjacentes,
nascentes de tudo
e sementes de nada

somos, em todos os lugares
onde fomos chão,
compostura,
expiação,
procura absurda dos olhos
grandes
que os seios
ocultam.

somos, em todos os lugares,
interditos
entre-ditos
entre dentes

flores rasas de cada manhã-
rasas como os voos longos
das asas que não me dás.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook

Boicote ao boicote!

Por norma, as pessoas que menos praticam o sexo são as que pior falam da coisa. Isto a propósito de já andar fartinho de quem sistematicamente tenta boicotar para todos tudo aquilo que não consegue obter para si.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Os sete pecados capitais

Travessa em faiança de Ribero & Ca - Vallauris, pintada com os sete pecados mortais representados por situações eróticas.
Uma grande peça de arte popular humorística na minha colecção.














A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

01 outubro 2018

Postalinho de Praga - 11

"Sex Machines Museum (museu das máquinas do sexo), em Praga.
Como acontece com outros museus do erotismo, tem muitas peças que eu gostaria de ter... mas a colecção de arte erótica «a funda São» também tem muitas peças que este museu não tem.
Mais máquinas, acessórios,..."
São Rosas








Postalinho das pedras malandrecas

"Estava numa exposição em Lagos no Forte Ponta da Bandeira.
Não sei quem é o autor."
Mário Lima


Aat Veldhoen - «Upside down» (litografia 33 x 45 cm)


Via mon ami Bernard Perroud

30 setembro 2018

«O que se passa na tua cabeça?» - campanha de prevenção do cancro da mama

Can Can do Ciúme

A imagem pode conter: 4 pessoas, pessoas a sorrir, pessoas sentadas

Ó minhas senhoras, por favor, poupem-me aos vossos ciúmes ou ao vosso desejo de me controlar.

Lá porque eu apareço a gostar de publicações do(s) homem(ns) que querem apanhar eu só estou a gostar mesmo da publicação dele(s).

Qualquer homem de quem eu queira algo mais do que aquilo que aqui publica, sabe-o. E não é de certeza pelos laiques que aqui lhe faça que saberá isso.

Por favor, não me peçam amizade só para ver o que eu faço e se o vosso Príncipe desejado coloca ou não laiques no meu mural.

Considerando eu os ciúmes algo extremamente primitivo e de que não gasto desde os meus 14 anos é algo que obviamente não vou querer aprofundar nos outros.

Allons enfants de la Patrie!

Espera pela conta...

Crica para veres toda a história
Restos do dia


2 páginas

(crica em «next page» para continuares)

29 setembro 2018

«lembrei-me de ti» - Susana Duarte

lembrei-me de ti,

na sala limpa de nuvens e de palavras
[sobraram pensamentos
onde impera a imagem,
a do teu sorriso,
a das tuas mãos que criam]

as mãos que as notas de um violoncelo

quiseram alinhar entre os dedos
curvos
da minha mão.

lembrei-me de ti,
e não era a hora dos malditos,
ou a das quimeras.

era a hora vigésima quinta,
ou a das trepadeiras
e dos sonhos por inteiro.

lembrei-me de ti - visão que se impõe
onde as palavras sussurram o corpo-
profundo e interior, o corpo-
e o desfazem por dentro.

lembrei-me de ti
(o que fará a escrita na pele?)

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook