19 julho 2020

«estendes uma ponte» - Susana Duarte

(...)

estendes uma ponte onde a noite
cai serena no tempo
-fantasma-


estrela de pontas ocultas
no fio de um gume
esticado na soturna
e silenciosa

escuridão da árvore
onde crescem hibiscos velhos e

laranjas dormem

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Asfixia boa


Ivan Alifan

O fundo Baú - 78

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»
Em 5 de Agosto, publicámos um texto a ferver da Encandescente:

A mão

O corpo dela estendido na cama. Olhava-o.
Ele sentou-se:
- Toca-te para eu ver como gostas que te toque. Toca-te como eu te toco.

Ela fechou os olhos. Uma mão atrás da cabeça, com a outra tocou os lábios entreabriu-os,humedeceu os dedos.
Tocou o queixo, desceu pelo pescoço percorreu o trilho que se forma até aos seios.
Voltou atrás.

Respirava profundamente, o peito movia-se ao ritmo da respiração.
A mão rodeou o peito, circulou-o, apertou-o como ele sempre fazia, até doer um pouco, não muito, só um pouco.

Ouvia o silêncio atento, a respiração.
Sentia os olhos que seguiam a mão. Mostrou-lhe como tinha aprendido bem.

As costas formavam agora um arco, a mão bem aberta enquanto acariciava a barriga os dedos tocando onde começam os pêlos púbicos.
O barulho do pé deslizando no lençol.
Uma perna estendida a outra meio levantada.
A mão percorrendo a perna por fora. Parou no joelho. Voltou atrás. Apertou os músculos no interior das pernas, parou na coxa.

Ele respirou exigindo:
- Mais!
Aflorou o sexo, não o tocou, passou para a outra perna repetiu os gestos, o percurso, o caminho, o retorno.

Parou. A mão aberta sobre o sexo.
Olhou-o.
Ele inclinou-se beijou-lhe a mão, lambeu-lhe os dedos.
Comprimiu a mão com a dele.

Não a olhou. Disse:
- Mostra-me como me amas quando não estou.

Encandescente

18 julho 2020

Postalinho do Espesso

"Esta receita do suplemento do Espesso..."


"... tem uns lingueirões muito... sugestivos!"
Nelson S.

Educação sexual e moral da juventude

Ensaio de A. César Anjo, em edição da A.A.C., Coimbra, 1ª edição, 48 páginas, 1951.
Texto de uma conferência pronunciada em 4 de Maio de 1951 no Salão Nobre da Associação Académica de Coimbra.
Um documento histórico da minha terra adoptiva. Tinha que integrar a minha colecção.







A colecção de arte erótica «a funda São»...

... que já foi tema de reportagem no Jornal da Uma da TVI, em vários jornais e revistas, tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook. Podes também pesquisar por tópicos e palavras-chave todo o cadastro da colecção disponível online:

17 julho 2020

Nós por cá...

Crica para veres toda a história
Fio de juta


1 página

«O quam suavis, o espírito e o beijo» - Paulo Mendes Pinto

“Beije-me ele com os beijos da sua boca: Porque teu amor é melhor do que o vinho”, Cântico dos Cânticos (Bíblia).

Há muito, muito tempo, beijar era um acto que se dividia em várias dimensões. Tudo podemos sistematizar e organizar julgando que assim criamos conhecimento. Podemos ir aos latinos: os romanos tinham 3 tipos de beijos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes.

No beijo ao anel dos bispos ainda temos uma herança do mundo romano. Contudo, é o suavium que aqui nos interessa, a mesma raiz linguística que nos remete para o belo texto religioso musicado para coros por muitos dos mais magistrais mestres em composição.

Livro «Cântico dos Cânticos»
Tradução do hebraico e introdução de
José Tolentino Mendonça,
1997, Cotovia Editores
na colecção de
arte erótica «a funda São»
Ao contrário da mundivivência latina, hierarquizada e quase por castas, o beijo nos lábios, na boca, remete-nos para o campo da partilha, e não da hierarquia. No beijo todos são iguais. No beijar, as duas bocas são a imagem da igualdade na dádiva.

E o que são dois amantes? Recordo um amigo que há uns meses dizia numa conferencia que a base da palavra francesa para conhecimento era exactamente a ideia de «nascer com…». “Connaître” = “con”+”naître”. No fundo, só conhecemos aqueles com quem nos damos de tal forma que tornamos a nascer. Se o êxtase sexual pode ser solitário, o beijo dificilmente é masturbatório. Há sempre um outro no beijar. É sempre com…

Há beijos que ficam na memória. A intensidade, a doçura, tudo neles nos deixa recordações inesquecíveis. Os lábios, a pele, os jeitos de entrega e de partilha. Sim, recordo a imagem do texto gnóstico em que o beijo de Jesus a Maria Madalena era… de amante ou de transmissão de sabedoria?…

Mais que igualdade, o beijo é, de facto, conhecimento – e agora não o cartesiano, não hierarquizador, mas interior, do ser irrepetível que cada um expressa no beijo. É do campo da Verdade, o in vino veritas, ou inebriamento desse mesmo néctar como o Cântico dos Cânticos nos indica.

O beijo possibilita, numa catadupa de sentimentos, acesso ao íntimo, ao recôndito e tantas vezes escondido ou esquecido. O beijo marca. Um beijo deixa marca como a que ficara no ombro – “toquei–te no ombro e a marca ficou lá”, dizia Sérgio Godinho; um beijo, numa esplanada junto a uma praia, mudou a minha vida. Tomei e deixe-me tomar nessa Estrela do Mar, que já não é do poeta, do Jorge Palma, mas somos nós!

No limite, na troca de um beijo intenso há um renascer com a parceira, há um baptismo vivido, uma imersão, na intensidade do Eu e do Tu que se misturam.

Sim, o Beijo é um conhecimento que é entrega, porque partilha. É o «Com» que dá sentido. Um sentido recíproco que torna todos os momentos verdadeiramente únicos, irrepetíveis e de constante re-nascimento.

Renascer, crescer, viver. Tudo se conjuga com beijar.

Paulo Mendes Pinto

Glossário do Cu 2020

A Maria Árvore desafiou a malta do Twitter a listar termos usados para designar o cu. Recolheu-os nesta lista. O desafio que ela e eu vos fazemos é que enviem as vossas sugestões para novas entradas, por e-mail ou nos comentários do blog ou da página «a funda São» no Facebook.
O objectivo será incluir este Glossário do Cu, assim como o Mapa da Vagina e o Mapa do Pénis, na futura terceira edição do DiciOrdinário ilusTarado (entretanto, ainda existem exemplares disponíveis da segunda edição, que podes encomendar aqui).


O cu ou rabo tem tanta importância nas nossas vidas que foram criados inúmeros sinónimos para o referirmos, quer para elogiar, quer para denegrir, a ponto de se gostarmos muito de alguma coisa termos a expressão dar o cu e cinco tostões para definir esse estado de alma. São esses que agora ficam aqui registados.

Alcofa, ananás, anilha, argola, ás de copas

Béfe, Béfo, Benfica vai jogar com o Benfica B, bilha, BOB, bojo, bolha, bolo, bueiro, bufa, bojão, bumbum (Brasil), bunda (Brasil), buraco, butt (Algarve)

Cadeira (crioulo de Cabo Verde), Cagueiro (Alentejo), cano de escape, casco, Casinho do Sr. Castanho, ceira, coiso, cu

Ilhó

Marmita, melancia

Nalgas, nalguedo

Olho, orelho

Pá, pacote, padaria, pandeireta, pandeiro, panela, peida, peidola, pipoca

Queijo, quiosque

Rabada, rabadilha, rabinho, rabiote, rego, regueifa, rosca

‘scadêra (crioulo de Cabo Verde), Sim-senhor

Tal Canal (O), Tambor, tranca, traseiro, treguino, tutu

[Um enorme agradecimento a todas e todos utilizadores do Twitter que contribuiram com a sua sabedoria para que este post pudesse ser feito: À Flor da Pele, Álvaro Góis, Beats & Bytes, Bravo, BrunoRS, Carlos Varela, Cheers For Fears, D. Vasco Talvez o V, Eduardo Santos, fabri, GKofferraum, groove harder, João, João Espinho, José Duarte, Mauro Rebelo, Miguel Pereira, Nanda, Nuno Duarte, NV, paulo branco, Puto Gal, Quiza, R.Pereira8, Rui Santos, rui teixeira, Ruy Division, the47_man ]

16 julho 2020

«Os teus lábios» - Áurea Justo

Não há beijos como os teus
Nem lábios, nem esse sentimento.
Apenas posso compará-los aos de um deus
Quando me beija nalgum momento.

O teu sorriso malicioso,
Queda-se preso na sensualidade
De um movimento delicioso,
De uma eterna fidelidade.

Quanto vale a alma de um homem?
Acredito que o seu preço está inscrito,
Nas memórias dolorosas que ainda dormem
Nas profundezas do que não foi dito.

Possessivo. Eterno. Apaixonado.
Um beijo de fazer arder a alma,
Lábios carnudos e de sentimento bravo
Lábios que beijarei com calma.

Lábios palpitantes,
Olhar de paixão!
Desejos à flor da pele dos amantes,
Aromas de rosmaninho e pimentão.

Juntos numa sensual fantasia,
Mesclas de carne afogueada
Numa ânsia masculina e macia,
Duma promessa não quebrada.

In A Cor Do Amor

Áurea Justo
no Facebook

Casal num mar de rosas

Óleo sobre tela de Angélica Mugeiro, 80x60cm, Caria, 2000.
Oferta da autora para a colecção.






A colecção de arte erótica «a funda São»...

... que já foi tema de reportagem no Jornal da Uma da TVI, em vários jornais e revistas, tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

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