Nada há de mais jubiloso que o desabrochar do amanhecer
Por detrás da cortina enternecida e pendente da neblina.
Nada há de mais sublime que uma tarde esvoaçante de amor
Rejuvenescido e cristalizado no silêncio enigmático do olhar.
Já o entardecer amadurece na superfície morna da pele
E nas simetrias suculentas e rubras de cada beijo partilhado.
Ao anoitecer já os dedos cansados perdem a luminosidade
Na carícia estagnada e leve na planície do teu rosto.
Há sombras subtis do meu olhar caramelizadas e frias
Sobre as águas que brotam do brilho dos teus olhos.
Depois só o orvalho da palavra emerge do sentir
E mil sóis mil sons mil flores nos envolvem e nos exaltam.
«O silêncio e o gume da palavra», 2022
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