11 fevereiro 2024

Carnaval à portuguesa - Jorge Castro

E vivó Carnaval! 
Cá fica uma brincadeira carnavalesca, em forma de poema, que fiz, já há uns anitos, mas que me parece não ter perdido muita actualidade: 

Carnaval à portuguesa 

Lucinda veio a terreiro 
trouxe um corpete ligeiro - saia curta - perna ao léu 
no treme-treme da dança 
treme o seio - treme a esperança 
treme quanto Deus lhe deu 
e no mar de lantejoulas entrevê o seu Honório 
exibindo as ceroulas do avô que já morreu
 - que em acabando a folia hão-de tratar do casório 
 tal qual ele lhe prometeu – 

e a turba já se atordoa c’o trio eléctrico à toa 
num espavento de som 
que vindo lá dos brasis espanta os nossos civis 
que aquilo sim é que é bom 

Lucinda agita este corso
 seio à mostra mostra o dorso - dá à pernoca com alma 
haja calma – haja calma 
grita o agente aflito agarrando um expedito 
que corria no asfalto p‘ra tomar Lucinda a salto 
 que pernoca assim mostrada perturba a rapaziada 
no desvendar do mistério 
deixem lá que é Carnaval ninguém leva nada a mal 
nem nada é caso sério 

Lucinda toda ela vibra mostrando bem de que fibra
é o corpetinho de lã 
e no cume do collant onde a saia acaba a racha
por lá se perde e se acha a rendinha da cueca 
que desponta em cada passo queimando qual alforreca 
um olhar sem embaraço 

pretinha assim rendilhada no contraforte da meia 
meia-volta volta e meia deixa a malta entusiasmada 
quais brasis nem qual Veneza 
assim sim à portuguesa 
uma coxa bem mostrada 

e as plumas do pavão em frente ao seu coração 
vibram mais porque afinal 
 em tempos de Carnaval no tempo amargo de crise 
o que o corpete desvenda é dádiva – não está à venda 
dá de si o que ela entenda 
enche um olhar que precise. 

Postalinho aos molhos

"Olá, São Rosas
Com a erva azeda, chegam aos molhos."
Sofia Coppula






10 fevereiro 2024

Obras completas - lírica

Compilação de poesia de Judith Teixeira.
Martim de Gouveia e Sousa (Edições Esgotadas), Lisboa, 2ª edição, 2019, 248 páginas.
Nesta obra encontram-se reunidos, os poemas de “Decadência”, na sua 6ª edição, “Castelo de Sombras”, na sua 4ª edição e “Núa”, 3ª edição, bem como um conjunto dos seus  Poemas dispersos, de traduções e versões. Natural de Viseu, Judith Teixeira nasceu em 1880 e morreu em 1959. Apesar de ter começado a escrever na adolescência, o seu primeiro livro “Decadência” saiu em fevereiro de 1923, tendo sido apreendido pelo Governo Civil de Lisboa. Em junho do mesmo ano, Judith publicou “Castelo de Sombras” e, a seguir, em dezembro, resolveu editar novamente “Decadência”. Editou e dirigiu a revista “Europa” e publicou o livro “Nua”. Marcelo Caetano escreveu, no jornal “Ordem Nova”, que tinham aparecido nas livrarias uns livros obscenos, apelidando Judith de desavergonhada. Depois de enxovalhada publicamente, ridicularizada, apelidada de lésbica e caricaturada em revistas, defendeu-se e contra atacou na conferência “De Mim”, cujo texto se apressou a editar. Sete meses depois, publicou “Satânia”, enfrentando tudo e todos. Em 1928, publicou o “Poemeto das Sombras” na revista “Terras de Portugal” e, depois disso, totalmente esmagada pela moral vigente, esta poetisa vanguardista viu-se sentenciada de “morte artística” pela mão de José Régio.
Mais um livro de poesia erótica na minha coleção.


09 fevereiro 2024

«FOOD? I DO!» - o avental que impõe respeito


O Antonino tem perfeita consciência de que o alvo do avental "FOOD? I DO!", usado por uma mulher, é sempre o homem.

Quem quiser encomendar o avental, pode fazê-lo aquiA loja-Te!

Avental preto em algodão e poliéster (150 g/m²), com alça superior ajustável e com 2 bolsos frontais. A impressão a duas cores é uma frase em inglês que já está a fazer muito furor entre os amantes da língua portuguesa… essa grande badalhoca!

08 fevereiro 2024

Jane - Um aventura inesperada

O título é mesmo assim e não "uma aventura...". Revista «O Tico» - colecção de banda desenhada para adultos, Ano I, nº 9. Suplemento do «Jornal do Cuto», 1975.
Mais uma revista de BD na minha coleção.




07 fevereiro 2024

A 3ª edição do DiciOrdinário já tem as primeiras encomendas

Esta 3ª edição tem 168 páginas (mais 40 do que as edições anteriores), com muitas novas entradas, novos desenhos do Mestre Raim, a oferta de glossários... e o regresso do saudoso buraco a atravessar o livro!

Esta é uma edição de autora, que podes encomendar aqui, com um dedicatória personalizada.
Compra rápido pois, tal como as duas anteriores edições, pode esgotar muito rapidamente.

A tua, só tua, eroticamente tua
São Rosas

04 fevereiro 2024

Postalinho de Moura

"Olá, São Rosas
Antigamente, as ruas de Moura tinham mais pau."
Maria Árvore
Foto de Manuel Almeida



03 fevereiro 2024

As canções de António Botto

Livro de poesia de António Botto - com um estudo crítico de Fernando Pessoa.
Coleção «Poesia» fundada por Luís de Montalvor, Ática, Lisboa, 15ª edição, 1975, 356 páginas.
As Canções, publicadas em 1922 pela fugaz editora de Fernando Pessoa - Olisipo -, chegaram mesmo a ser apreendidas, o que em muito contribuiu para a classificação de António Botto como poeta maldito. 
Mais um livro de poesia e ensaio crítico na minha coleção.