Tinha a Fama veloz passado os mares,
Levando a nova a diferentes Lares,
Que morto fora em tantos de tal ano
O Venerável Chefe Franciscano.
Chama-se a votos toda a Fradaria,
Para aclamar em plena Confraria
Um digno sucessor viripotente,
Capaz de governar fradesca gente.
Em Toledo, em Capítulo chamados,
São os robustos frades deputados;
O Capítulo enfim já começava,
Quando vermelho Frade assim falava:
«Vós, dignos pedestais da Fradaria,
Que fazeis dominar a Momeria,
Que tendes por herdade, e sois os donos
Do direito feudal dos Cus e Conos;
Vós, que vindes aqui ao Candidato
Com as vãs pretensões de ser Prelado,
Não vos fieis debalde nos talentos,
Que isso seria dar razões aos ventos.
Quem quiser aspirar a ser Prelado
Não deve por talentos ser julgado.
Seja ele embora da mais sábia raça,
Por São Francisco mesmo não há graça
Se não apresentar grande Caralho
Perde agora o seu tempo e o seu trabalho.
Quem melhor o tiver será Prelado
E seja este da escolha o ponto dado.
Dêmos, pois, a nós outros novo lustre
Escolhendo o Caralho mais ilustre.
Preparai-vos, ó Padres, neste instante,
A mostrar-nos o cetro fornicante.
Dos Marsapos brutais a reverência;
Vejamos quem terá a pr’eminência.»
Então mostrando o seu lhes diz choroso:
«Vede o sinal funesto, mas famoso;
Ainda que cortada meia pica
P’ra ser Geral, ah, vede o que me fica!
Ela é boa, meus Padres, segundo acho,
Seu aspeto bisonho é bem de macho.»
De zelo transportado, um Frade santo
Chega pertinho a ver prodígio tanto.
Depois de examinado o tal corisco,
Duas vezes jurou por São Francisco
Frei Tapa-Cu
que o Velho mal julgava,
Com um ar de desprezo assim falava:
«Eu juro pela braga Franciscana
Que o velho Santarrão aqui se engana.
Frei Tassalho,
segundo o rito usado,
Não tem Porra capaz de ser Prelado.»
Com a dextra a sotaina levantando,
Na esquerda a Porra enorme sopesando,
Bem digna de fazer, em todo o estado,
Feliz quem possuísse um tal bocado,
Grosso e vermelho, duro qual o corno:
«Eis», diz ele, «um Caralho feito ao torno;
Não aquele que mostra o frei Tassalho.
Bem pode sem bazófia meu Caralho
Doze vezes fazer o Cono em borra,
Sem que nas seis se desencaixe a Porra.»
A Fradaria riu-se do argumento,
Quais palavras que leva o rijo vento;
O Frade desespera da risada
E bate com tal força uma pancada
Com a ponta da Porra no sobrado,
Que o Concílio ficou todo assombrado.
«Admiram-te a Porra altipotente»,
Diz o Frei Tapa-Cu,
o Presidente:
«Susta um pouco esse nobre entusiasmo,
Qu’essa Porra brutal nos faz um pasmo.
Um Caralho tão grande e tão grosseiro
Qual raio faz tremer todo o Mosteiro.
A sua vez será de ser medido
E se for o maior será pref’rido.
Padre Examinador,
comece a roda.
Com ordem seguirá a chusma toda.
Sejam todos medidos na grandeza,
Na forma, na figura e na beleza,
Não escapando nada no tal Nabo
Que não seja anotado até ao rabo.
Que cada qual enfim mostre o que pode,
E o prémio seja dado a quem mais fode.»
Findou o tal exame de pancada,
Ficando a resol’ção ‘inda empatada
Frei Fura-Cono
e Frei Escalda-Rabo
Dividem entre si o maior Nabo.
Na Porra igual valor mostram os Frades,
Nos Colhões mesma força e qualidades.
«Fica o caso em Concílio reservado
A qual dos dois s’elegerá Prelado.
Para tirar os Frades da incerteza,
Exp’rimente cada um sua presteza.
Tragam aqui Rapaz e Rapariga,
Para em tudo cumprir a regra antiga.
Veja-se qual dos dois destes Marsapos
Porá o Cono e Cu em mil farrapos.
Qual dos dois na fodenga é mais mestraço
Ou na frase fradesca, mais Cachaço.»
Findou enfim a regular Visita.
Eis vem Rapaz, e Moça bem bonita,
Bela qual fresca rosa em primavera,
Onde Amor com prazer ali impera.
Os Frades só de vê-la se arreitaram,
Os Marsapos as bragas arrombaram.
Dá sinal o Geral
a Fura-Cono,
Que salta sobre a Moça como um mono.
Foi dito e feito em cima de um estrado,
Que fora para o efeito preparado.
A burrical linguiça lhe pespega,
Obtendo à força quanto Amor lhe nega
Na vítima que jaz ali prostrada,
Pronta a sofrer a horrenda Caralhada.
E qual o Vencedor que a palma ganha
Em langonha e prazer a Porra banha.
Doze fodas lhe dá o Frade logo,
Sem que uma só vez errasse fogo.
O Caralho sacando do Besbelho,
Mostra a Moça loiríssimo Pentelho,
Nevadas Bimbas, que o Coninho esconde,
Crica beiçuda que o pudor confonde.
O Caralho do Frade, erguendo a testa,
Pede nova fodenga e nova festa.
Com luxúria escumando livremente
Entra no Cono estreito de repente.
Mostra em segundo ataque o tal Fradinho
Que Marsapo arreitado abre caminho.
Não podendo passar além do rabo,
O Cono borra com licor do Nabo.
Tem Fura-Cono,
ilustre Candidado,
Todos os votos para ser Prelado.
Segue de Tapa-Cu
a sua vez,
Qu’em uma só pancada fode dez.
Com três golpes de cu mostrou o Frade
Do São Francisco a rara qualidade.
Ficou a Moça desmaiada em pranto,
Que tal pode da Porra o furor tanto!
Trocam-se em ais os choros da Donzela,
Qu’o foder eletriza a Moça bela.
O Frade fodilhão, qual trovoada,
Dos diques genitais abre a enxurrada.
Avante, sem parar, no Como ardente,
Doze vezes soltou a grossa enchente.
Findadas, doze, cuida a Fradaria
Que a proeza do Frade acabaria.
Eis que, voltando da Moçoila a facha,
Vermelha Porra pelo Cu lhe encaixa.
Duas fodas lhe dá quando, acabando,
O Caralho do Cu saca pingando.
Em seu favor os votos tem o Frade
Da potente fodaz Comunidade.
Eis quando se lhe opõe o Frei Tassalho,
Com dentes no saial, mão no Caralho.
E com voz de trovão assim falava
Ao Concílio fodaz, que já votava:
«Para a escolha em questão eu tenho parte,
E a pretendo impugnar, juro por Marte!
Não é tão graúdo, Padres, meu Caralho,
Mas para fornicar, eis Frei Tassalho.
A prova é esta: dou-lhes sota e ás,
Começando a foder este rapaz.»
Do noviço as calcetas abaixando,
Vai o Cu do rapaz patenteando
E, sem cuspir em cima, encaixa a Porra;
No rego culatral dá suja borra.
As mãos bate a sórdida Quadrilha,
Cuidando ser milagre, ou maravilha.
O Frade, sem perder razão ou tino,
Fura sem dó o vaso masculino,
Dizendo foderá ali um ano
Sem que jamais do Cu tirasse o cano.
Fodeu o Santarrão no tal traseiro
Por seu próprio gosto um dia inteiro.
Os votos recolheu o Presidente.
Foi Frei Tassalho
eleito plenamente
Quando um Frade
taful, barrando a estrada,
Saída nega a toda a canalhada,
Dizendo que nenhum Geral seria
Sem primeiro mostrar que foderia
Quarenta vezes, tanto em Cu e Cono,
Em honra do convento e do Patrono.
Protestando apelar deste Concílio
Por um erro maior que o do sigílio:
«Pretendo dar as provas do argumento
Fodendo d’alto a baixo este convento.
Inda pois que o Capítulo murmura,
Hei de fodê-lo através da fechadura!»
Com o pé atrás e com a Porra alçada
Os Frades vai pilhar nesta cilada.
A Confraria assenta que convinha
Se apresentasse o Cu a quanto vinha.
Tantos que saem, quantos vão fodidos.
Nem mesmo os Velharões são excluídos.
O Frade por detrás a todos fode,
Fazendo dos seus Cus barbas de bode.
E a todos fornicou com força tal
Que não podem negar-lhe o ser Geral.
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Poesias eróticas escolhidas, 1818
Incluído na «Antologia do homoerotismo na poesia
portuguesa», pp. 174 a 181