16 outubro 2007


Zanguei-me contigo: nem sempre uma mulher gosta de gentilezas e palavras de amor. Eu, que sou muitas mulheres, como já sabias mesmo antes de me conheceres, gosto que chegues a casa e me fodas, sem sequer me dizeres olá, sem sequer quereres saber como foi o meu dia, sem que me contes do teu.
Gosto que me arranques do que quer que esteja a fazer e me mostres nessa foda repentina toda a urgência que te gerou a minha falta, que te venhas mesmo antes de eu começar a dar por isso, que esfregues por mim toda o teu esperma quente.

Gosto-te.

rosa, pura rosa

Aquaglide

Daqui













Outras Coisas

Gotinhas de Mel



A mulher para o marido:
- Querido, tens que dizer ao nosso filho que não pode casar com aquela estúpida.
- Ora essa! A mim também ninguém me avisou!

(enviado por Padrinho para o grupo de mensagens da funda São - já te inscreveste?)

15 outubro 2007


Bom início de semana


Foto: Ulrich Grolla

A Excursão.

Por Falcão

...ainda está para vir o primeiro, filha da grande puta, que me faça o ninho atrás da orelha!...

Ena, cum trezentos e cinquenta caralhos que me fodam e refodam! Intão num é que me fizeram ir mais uma vez na excursão que o Prior da freguesia organiza todos os anos?
Eu já num andava com vontade de ir, mas a minha patroa que quase me apanhava, aqui há atrasado, a comer o pito à filha do Toino, essa cachopa que é boa cumo o milho, e que tem uma tojeira do caralho entre as pernas – só pintelho cumo um homem do Norte gosta – a minha patroa, cumo ia dizendo, abriu-me os olhos e prontes: lá me vi duas semanas depois dentro da caminheta a caminho de Fátima.
E é do caralho cumo o padre ia à frente no meio do corredor quase ao lado do condutor a pregar e pregar e pregar. E foda-se que a cunversa dele incaixava em mim cumo se fosse um gorro, cum filha da puta!
Que éramos pecadores, e o caralho, mais a cunversa de cobiçar a mulher alheia, e do casamento e assim. Dizia que muitos pecam e em vez de se arrepender, confessar-se e fazer a penitência, voltam a cada nesga de oportunidade ao mesmo, sem mostrar qualquer intenção de se redimir! E o tromba de lousana, olhava para mim, cumo se soubesse de alguma coisa, e falava do Diabo e dos fogos do inferno mais o caralho, que inté me sentia já todo a arder, foda-se!
Num sei se ele sabe de alguma coisa, cum filha da puta que a cachopa decerto num havia de ir dizer-lhe nada, ou se anda à pesca a ver se algum cai, que isto dos padres tem que se lhe diga!
Bem! mas adiante. Parámos na Mealhada, já cum uma fome do caralho, para o tradicional leitão à moda da Bairrada que é o melhor do mundo e onde me estava a vingar dos amargos de boca num pingo de tinto espumante lá do sítio e que liga muito bem com o estaladiço do bacorrinho assado, quando vejo o padre aproximar-se de mim cum um bocado de broa com carne em cima e um copo na outra mão. Sorriu, disse qualquer coisa sobre o leitão e depois no tom de voz baixo e pousado que eles sabem fazer, que é para isso que estudam tantos anos no Seminário, saiu-se cum esta:
- Falcão, meu filho.... Não tendes nada que pese na vossa alma que me quereis contar em confissão – esse sagrado sacramento da confidência -, para vosso alívio e paz , vossa salvação e garante da vida eterna na Glória do Senhor?-
Bem cum caralho, que ia gelando, foda-se, mas sem perder a calma disse que não, que era um homem de vida recatada, bebia os meus verdascos com os amigos lá na terra mas prontes, num tinha assim pecados que ao dormir me tirassem do sono... E aí ele ao aproximar-se mais de mim disse muito baixinho que uma destas tardes, quase noite, ao passar ao largo no extremo da freguesia, tinha-lhe parecido ver uma jovem a sair à pressa das traseiras da minha casa.
Caralho! Então foi isso. Foda-se que ele viu a filha do Toino sair numa das vezes e agora anda-me a fazer o ninho, foda-se, cem mil caralhos grossos cumó caralho, me fodam e refodam, cum filha da puta que agora num me larga, caralho! Caralho! Caralho! Se eu fiquei fodido!!!...
Num lhe dei resposta e só sei que emborquei umas duas garrafas a seguir quando o padre se afastou.
Já num sei cumo acabei o dia. Andei azedo o resto do tempo, quase nem me lembro de nada nem do resto da viaje, nem da procissão nem das promessas nem da virgem nem da nota que a minha patroa me pediu para a esmola, nem de outra coisa que não fosse o dormir no regresso e o acordar a pensar cumo me havia de safar desta embrulhada. Foda-se que eu sou Manuel Falcão, o rei das bouças, e ainda está para vir o primeiro, filha da grande puta, padre ou não padre, que me faça o ninho atrás da orelha!
E a ideia veio logo no dia seguinte quande, cum uma desculpa de ir ver umas coisas para a Comissão Fabriqueira (de que eu sou o presidente) disse à minha patroa que tinha de ir ao Porto.
E num queiram saber a cara de fodido e refodido que o padre fez quando uns dias depois, pelas seis da manhã, antes da primeira missa, deu cumigo e com o sacristão a olhar para ele pela porta da sacristia a tresandar a perfume de puta, enquanto ele espetava os olhos incrédulos para os paramentos cheios de marcas de batón e para as cuecas fininhas de lingerie negra, rendilhada e de atilhos, caídas no chão...

FALCÃO.

CISTERNA da Gotinha

Os pénis animalescos de alguns seres vivos.

Creme Amaciador

Daqui






















Outras Coisas

terapia do abraço


Alexandre Affonso - nadaver.com

14 outubro 2007

Gustavo


A inundação começou com o seu sorriso de olhos cúmplices, avolumou-se com os gostos comuns por letras e imagens e as suas histórias cheias de descobertas nas rotinas citadinas a impregnar a minha alma de mata-borrão e foi às apalpadelas na cheia que me pareceu natural como a minha sede que após diversas tentativas de localização ele me sentasse na rocha do aparador da entrada e então ao mesmo nível, fizesse canoagem nos meus rápidos vaginais que nunca fui moça de ficar quieta.

Mas adiante que além das diárias mãos dadas também recordo os primeiros raios de sol a enfeitarem o quarto como serpentinas em cada manhã que me arrebitavam para a festa de lhe beijar cada milímetro desde as ramelas ao Everest privativo. E os finais da tarde na banheira onde largávamos as canseiras do dia para emergirmos na comunicação dos corpos, no morse de tocar os pontos de cada vértebra do pescoço e coluna em escala descendente fazendo a electricidade estática que torna urgente entrar no sistema. E a moleza do final da digestão do jantar que nos aninhava no sofá numa sôfrega sobremesa de sucção mútua que me encavalitava nas suas ancas, mãos esborrachadas nas suas nádegas, num trote seguro até ao galope final emitido em onomatopeias.

Nem me incomodava a tampa da sanita sempre levantada, um pormenor de somenos perante a sua perfeição a bailar a casa de aspirador na mão e gostava que tivesse durado o resto dos dias da minha vida.

O Brinde

Ela deu uma sonora gargalhada demente e ele arrependeu-se imediatamente de ter concordado com o “joguinho”.
– E agora como te sentes? – perguntou a mulher, num tom contido, mas friamente ameaçador.
Assustado, ele lembrou-se dos legumes que ela comera em vez das batatas fritas, da conversa de ter acabado a meia-maratona, de ir ao ginásio todas as manhãs antes de ir trabalhar, de três vezes por semana praticar natação à hora de almoço e de ir todos os dias para o trabalho a pé. “Seis quilómetros”, dissera-lhe como se isso fosse uma coisa boa. Aflito, tentou sorrir, como se estivesse à vontade.
– Bem… – Teve de tossir para compor a voz. – Sinto-me bem – declarou, tentando parecer sereno. – Estou à espera…
Ela repetiu a gargalhada e acabou de se despir. Olhava-o e sorria, mas com um sorriso nada amigável. Um sorriso malévolo, aterrorizante.
Ele respondia ao sorriso, enquanto, disfarçadamente, forçava as algemas que o prendiam à cama.
– São de brincar? – perguntou, quase em pânico, quando lhe viu o corpo esculpido, as carnes secas, os abdominais perfeitos e as pernas e braços sem ponta de gordura.
Sem fechar o sorriso, ela levantou os braços e apanhou o cabelo num rabo-de-cavalo, obrigando-o a admirar a perfeição dos seios, redondos e duros.
– São para brincar – respondeu ela, reparando nos nervosos movimentos nervosos das mãos dele –, não são de brincar – concluiu, com um temível brilho no olhar.
– Estás a falar de quê? – perguntou ele, já esquecido da sua pergunta ou das algemas, magnetizado como estava pelos seios maravilhosamente esculpidos que se espetavam apetecivelmente na sua direcção.
A sobrancelha esquerda dela baixou, sinalizando a desconfiança que a pergunta dele lhe causara. Olhou para as mãos dele, agora imóveis, e fixou-lhe o olhar, que continuava cravado no seu peito. A sobrancelha direita solidarizou-se com a esquerda e, ambas, carregadas como uma tempestade tropical, quase que se uniram, obscurecendo-lhe o olhar e o rosto:
– São de brincar?! – murmurou ela, olhando os seus seios, e lançou-lhe com raiva: – O que é que estás a insinuar?!
– De quê?! – cacarejou ele. – De quê?!
Apavorado, o homem perdeu o controlo do rosto e, sincronizadamente, os seus lábios e pálpebras efectuaram movimentos semelhantes e, como numa repartição pública, os superiores afastaram-se dos inferiores, como se estes tivessem tinha. E ele deitado, nu, de mãos algemadas e olhar perdido, estabeleceu uma nova definição para o ar de parvo masculino – o que não é fácil, convenhamos. De boca e olhos escaqueirados, estáticos, expectantes, em pânico, olhava-a num silêncio sepulcral. Por sorte, o indicador direito quis juntar-se ao nariz, num habitual tique nervoso de desunhada coçagem, e, num súbito clarão, disparou:
– Eu estava a falar das algemas. Das algemas. São de brincar? As algemas, as algemas são de brincar?
– Ah – suspirou ela, friamente, como faria um contrariado carrasco na Florida com uma súbita, mas temporária, quebra de energia. – Por momentos, pensei que estavas a… – Calou-se, preferindo não verbalizar tão iníquo pensamento.
– As algemas estão a apertar-me – queixou-se ele, conseguindo emitir em tom de brincadeira para não dar parte de fraco.
– Hmmmm… – por uma vez ela fez um sorriso normal. – Faz parte do jogo, querido, faz parte do jogo – disse, encolhendo os ombros enquanto se dirigia ao fundo da cama. Parou e observou-o com atenção.
Mexeu-lhe nos pés com desdém e, com ar enjoado, inquiriu:
– Não cuidas muito bem dos teus pés, pois não?
Ele ergueu as sobrancelhas espantado, sem perceber o alcance da pergunta.
Ela fez um esgar de desprezo e desconforto.
Ele tentava, com muito esforço, disfarçar os seus verdadeiros sentimentos e mostrar-se tranquilo.
– Eras tu que dizias que os homens gostam de estar nas mãos das mulheres, não eras?
Ele mostrou os dentes, mas não conseguiu sorrir.
– E agora? – ela repetiu ao milímetro a gargalhada demente de quando acabara de fechar as algemas. – Ainda pensas o mesmo?
Ele ergueu o pescoço e acenou com a cabeça positivamente.
Ela sorriu, esperou que ele se sentisse confiante para abrir um sorriso tímido em resposta e, com estudada brusquidão, fechou o sorriso e sussurrou:
– “God, I love you”
Reconhecendo a frase e o filme, ele ficou lívido, deixou de sentir o corpo e sentiu-se diluir no colchão.
Olharam ambos para os pés dele.
Ela riu, ele não.

John Kacere

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