28 janeiro 2008


Bom início de semana


Foto: Jan Mlcoch

A Santíssima Trindade

por Charlie

Devagarinho, quase sem fazer ruído, abriu as persianas da janela do quarto. A luz intensa do dia já bem desperto encheu o espaço e na cama um olhar estremunhado olhou sem ainda ver enquanto, por entre bocejos, a pergunta dominical soou:
- Que horas são?...-
Uma sensação de rotina amargou-a apenas no instante de engolir. Sorriu para ele e respondeu-lhe com um “bom dia amor”. Depois voltou a sorrir-lhe e disse:
- Levanta-te um pouco, ajeita-te, senta-te na cama que tenho uma surpresa.- Rodou o corpo e pegou no tabuleiro do pequeno almoço que tinha ficado fora do alcance visual do marido. Um enorme sorriso ligou-os enquanto ele já bem desperto aceitou o tabuleiro que pousou sobre o cobertor que lhe cobria as pernas. Olhou com satisfação como ele sorveu o chá quase a escaldar e apaladou os sentidos com a torrada quente barrada com manteiga. Apesar dos anos, da rotina e dos desencantos da vida, amava aquele homem, sentia-se bem com ele, da sua forma doce de ser, da sua dedicação e companhia.

Saiu dizendo-lhe ainda que iria demorar-se . Depois da missa teria de tratar duns assuntos e viria já tarde. Que ficasse deitado a descansar, disse à laia de despedida.
Chegou e ajoelhou-se encetando uma oração que interrompeu quase de imediato com o surgimento do padre. Mirou-a e instintivamente dirigiu-se ao confessionário. Sempre que ela estava na igreja ele já sabia ao que vinha.
Em voz baixa, ajoelhada sobre a almofada disse de si . Não de forma directa, mas em metáforas e rodeios que só ela entendia. Ela sabia que uma mulher deve ter no mínimo três homens na vida. Um a quem amasse, outro com quem gostasse de foder e finalmente, ou talvez principalmente, o que lhe pagasse as contas. Mas entre isso que era o seu lema de vida e a sensação de pecado entranhada na pele, como maldição perpetuada pela educação, só poderia haver o ajuste de contas entre ela e Deus.
Esperou que o padre a sentenciasse e absolvesse, ministro do altíssimo, mas homem. Olhou para ele. Que relação passaria a ter com ela se lhe dissesse tudo em palavras directas? Que olhares lhe deitaria e que outras frases sairiam da sua boca de prelado? Fosse como fosse, jamais foderia com ele, jamais toleraria sequer a aproximação de toque de mãos nas mãos, tão típicas das abordagens dos eclesiásticos. As mãos, essa espécie de sonda com que os corpos se descobrem mutuamente precedidos da nudez do olhar; o princípio da entrega...

Saiu pegando no telemóvel. Um modelo topo de gama oferecido pelo patrão, assim como a mala e a joía que adornava o decote. Rapidamente voltou-se fazendo o sinal da cruz.
- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo... - A Santíssima Trindade, o mistério e dogma incompreensível de como sendo três era um só... Tal como os desígnios profundos que a moviam em relação aos homens que lhe preenchiam a vida. Haveria algures mulheres com a sorte de terem um homem com as três valências, mas isso seriam as bafejadas pela sorte dos que acertam num primeiro prémio que nunca sai a ninguém e vai acumulando jackpots sucessivos.
Suspirou, e marcou o número.
- Sim, querido... sim, vou estar contigo...
Sorriu mordendo o lábio inferior.
Gostava mesmo de foder com ele...

Charlie

Pachareca de Viagem






















Coisas [via]

27 janeiro 2008

Ceva


Há doze anos atrás ele era um pau de virar de tripas de tal forma que às primeiras nem sabia bem se era o fémur que se deslocara se era o pénis em funções e até tinha medo de o abraçar não fosse ser apunhalada pelo esterno para além de nem tentar cruzar as pernas nas suas ancas pelo temor de provocar uma chuva de ossos por mim adentro.

Agora o uisquito do final do jantar acumula-se-lhe em dobritas no fundo da barriga para rematar as cervejas pós-laborais e pressiona as pernas de encontro ao sofá como argamassa de tal forma que a bicicleta sem rodas está arrumada na cave e com bolas de praia e canas de pesca por cima para ninguém ter a veleidade de a deslocar.

A minha avó costumava comprar um bácoro e engordá-lo quase um ano inteiro para a matança de Natal e vendo que ele enfileira nessa tradição hesito entre lhe meter uma maçã na boca ou aceitá-lo como animal de estimação.

Kit Profissional Carmen Electra





















Coisas [via]

crica para visitares a página John & John de d!o

26 janeiro 2008

Ora, ide-vos foder! Cum milhão de caralhos!

Por: Manuel Falcão

Ora então, fodam-se que é cumo quem diz que eu ande fodido e vos mando foder a todos.
Quande um home ande fodido, ande fodido!
Foda-se! Cum filha da puta!
Isto já num é o que era, cum milhão de caralhos que me refodam!
Aqui há atrasado, cumo vós sabeis, a filha do Toino, que tinha uma pintelheira boa cumo o caralho e fode cumo a real puta que a pariu, foi ao Porto, rapou o pito, e desde há uns tempos que a cachopa me anda esquiva. Já num quer vir ao meu barraco, beber um caneco de verdasco, e provar da morcela e do salpicão. Agora até ande a vestir-se com uns trapos desses da cidade, deu umas tiras de cor ao cabelo mais o caralho! Inté parece estrangeira cum filha da puta!Coisas à moderna, foda-se!
Sontredia, já na semana que finou e numa roda de copos cum os vizinhos, fiquei a saber que a cachopa ande de cunversa cum o filho do não sei quantos, lá da outra freguesia, acho que era emigrante, cum filha da grande puta, que dei por mim a remoer cum uns ciumes do caralho e fui-me embora, foda-se que num auguentei!
Eu que sou o Falcão o rei das bouças, num fodo um pito há umas semanas e tenho um tesão, cum filha da puta, que é do caralho, lá tive que ir ao Porto, a uns sítios onde num ia há muito e de que me lembrava de outros tempos.
Bem, de manhã ainda estávamos deitados, dei uma desculpa à patroa e disse-lhe que ia para tratar dum assunto da Junta. Lá fui ao Porto e meti as botas ao caminho pelas ruas que conheci bem quande fiz lá fiz uma parte dos tempos de tropa.
Há coisas do caralho! Num sei o que me deu, que isto dum home que ande fodido e cheio de tesão pode esperar-se tudo! Dei por mim a tocar à campainha duma porta que me lembrava. Veio uma senhora abrir e eu perguntei logo pela Amélia.
-Amélia?! Quais Amélia?! O que deseja o senhor? -
Bem! Eu que sou o Falcão o rei das bouças, num perco tempo cum cunversas, e vou direito ao assunto, disse logo:
-O que quero? Foda-se, sou o Falcão, e venho ao pito, caralho!-
Ai é que foi do caralho! Veio de lá um calmeirão, que sem dizer nem um ai, avança cum penso em cheio no olho, que eu até vi estrelas. Depois fecharam-me a porta na cara.
- Aqui não mora Amélia nenhuma. Isto é uma casa de família. Desapareça seu nojento filha da puta! Quer pito, vá ao pito da real puta que o há de parir- foi o que ouvi.
Bem que lhe dei uns bons murros na porta, mas foda-se que eles devem ter visto que com o Falcão num se brinca e cortaram-se.
Prontes! Vim de volta para a minha parvalheira, e agora tenho que arranjar uma história do caralho e explicar à minha patroa cumo arranjei um olho negro e inchado.
Foda-se! Que num me chegava num ver pito há semanas! Agora, depois de falar cum a patroa, é ficar em casa e fugir do falatório da freguesia nos próximos dias.
Foda-se que num pino nada, tou de olho inchado, e eu ande todo fodido e refodido, cum um milhão e meio de caralhos! Num me fodam mais, caralho, quando não ainda vos fodo! Foda-se!

Falcão, rei das bouças!

Um anúncio surpreendente


A evolução do homem


(para visualizares é preciso que faças parte do grupo de mensagens da funda São,
já que este e outros ficheiros estão disponíveis para membros e membranas
na página de ficheiros do grupo)

Sonho de corno


(enviado por MN)

MALLEUS - Rock Posters

Galeria




















Coisas [via]

25 janeiro 2008

Sexóloga muçulmana


"...recebi pacientes homossexuais que foram tratados..."

A Informática e o Mundo do Trabalho - por Didas

"Antes de haver computadores ao pontapé nos locais de trabalho (até a Polícia Judiciária da Guiné já tem três pentiums), as fotocopiadoras eram as grandes responsáveis pelos momentos de relaxe da classe trabalhadora. Era aí que se faziam montagens toscas, se reproduziam anedotas porcas, receitas de bolos de chocolate e pontos de crochet para as telefonistas. Fora isso, o pessoal divertia-se em manobras de engate real, a pregar partidas uns aos outros, a micar as pernas das colegas, a mostrar inocentemente as pernas aos colegas e a pisgar-se na hora de serviço para ir aos saldos ou beber umas bejecas.

Agora tudo mudou e a tradição já não é o que era. Quando entramos num gabinete há sempre alguém a olhar para um monitor com o mesmo ar feliz duma criança que acabou de entrar na disneylândia com tudo à discrição. É giro na mesma, mas é uma coisa mais self-service. A partilha, quando há, é numa «folder». Os computadores permitem um trabalho mais célere, é certo. Mas também permitem uma tão grande diversidade de entretenimento que ninguém o faz. É a lei das compensações.

Só eu sei o que vi hoje por acidente no computador dum colega. E esse segredo, hei-de levá-lo para a cremação, que eu não quero ser enterrada. Eu e os gajos da informática, claro, que também devem estar fartinhos de saber."

Didas
blog Farinha Amparo, a padaria da família

Bom fim de semana


Foto: John Stoddart